Vasco

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sábado, 19 de outubro de 2019

HISTÓRIAS DO KIKE - FLAEUROPA

 Final da tarde de 12 de março de 1951: o presidente Gilberto Cardoso se reuniu, na sede da praia do Flamengo, com os dirigentes Francisco Abreu e José Alves de Morais; o treinador Flávio Costa; o cônsul da Suécia no Brasil, Per Soederberg, e o representantes dos clubes daquele país, Gunnar Goransson. E assinou contrato para os rubro-negros fazerem a sua primeira excursão à Europa. Seriam seis jogos, com a possibilidade de outros, caso a rapaziada mostrasse muito veneno em cancha.

                        REPRODUÇÃO DA REVISTA CARIOCA O CRUZEIRO

Garcia, Biguá, Pavão, Válter, Bria, Bigode, Nestor, Hermes, Adãozinho, Índio e Esquerdinha abriram caminho para flamenguistas atuarem pelo Velho Mundo 

Gilberto Cardoso, eleito presidente, em dezembro de 1950, tinha na cabeça promover uma grande reformulação no clube, que andava inimigo das glórias há seis temporadas. Pra começo de conversa, resgatou Flávio Costa, o treinador do primeiro tri estadual-1942/43/44, e só deixou três dos velhos campeões,  Biguá, Newton Canegal e Bria. Buscou o zagueiro Pavão, na Portuguesa Santista-SP; o lateral Cido, no América de Recife-PE, os atacantes Nestor (ex-Vasco e Palmeiras) e Adãozinho, no Internacional-RS, juntando-os à revelação Índio e a um defensor jovem, Dequinha, buscado, também, no América pernambucano.

 No dia 6 de maio, dois dias antes de atravessar o Atlântico, o grupo de 17 jogadores viajantes  - Garcia e Cláudio (goleiros); Biguá, Pavão, Bigode, Cid, Canegal e Beto (defensores); Bria, Dequinha e Válber (médios); Nestor, Hermes, Adãozinho, Aloísio, Índio e Esquerdinha (dianteiros) -    despediu-se da torcida, desfilando uniformizado, pela pista do estádio das Laranjeiras, antes de um Flamengo x Vasco de aspirantes, pelo Torneio Municipal. O presidente Gilberto Cardoso viajou como médico (que era) da delegação que, na Europa, encontrou-se com o massagista Johnson e o diretor Francisco Abreu, que seguiram na frente para preparar a logística do giro. 

Por ser a primeira excursão europeia do time de maior torcida no futebol carioca o Jornal dos Sports enviou junto dois correspondentes, Mário Júlio Rodrigues e Ricardo Serran, enquanto a semanária O Cruzeiro, revista de maior circulação brazuca, mandou o fotojornalista José Medeiros. Do lado radiofônico, e a Rádio Continental, patrocinada pela Bayer, contou com as narrações do speaker Oduvaldo Cozzi, retransmitidas, também, em São Paulo, pelas rádios Panamericana e Record, apoiadas pelo jornal A Gazeta Esportiva.

               REPRODUÇÃO DA REVISTA GRANDES CLUBES

Esquerdinha cumprimentado pelo rei Gustavo Adolfo, da Suécia

O primeiro Fla na Europa rolou a bola em 16 de maio, no Estádio Rasunda, em Solna (subúrbio da capital Estocolmo), enfrentando o Malmoe, o campeão sueco, que vinha de só uma queda, em 22 jogos, entre 1950/51. Flamengo 1 x 0 foi o placar, com gol marcado por Esquerdinha, aos 15 minutos do segundo tempo. No lance, Nestor foi até a bandeirinha de escanteio, com bola dominada, mas a perdeu para Erik Nilson, que a recuou para o goleiro, que escorregou, deixando-a para o batizado e registrado Wlliam Kepler Santa Rosa marcar o primeiro “gol rubro-negro europeu” – Garcia, Biguá, Pavão e Bigode; Válter e Bria; Nestor, Hermes, Adãozinho, Índio e Esquerdinha foi o time.

Nos demais jogos, os resultados foram: 20.05 - Flamengo 6 x 1 AIK-SUE; 23.05 2 X 0 Malmoe-SUE; 27.05 – 2 x 1 Combinado Norte da Suécia; 30.05 – 3 x 0 Efesborg-SUE; 02.06 – 2 x 0 Combinado Copenhague-DIN; 08.06 – 2 x 0 Halmia-SUE;  6 x 1 Nörrkoping-SUE; 13.06 - 5 x 1 Racing Paris-FRA e 17.06 - 3 x 0 Belenenses-POR. Nesses jogos, Esquerdinha (8); Hermes (8); Adãozinho (6); Índio (5); Nestor (3); Pavão e Aloísio (1) form o primeirose rubro-negros a balançarem as redes do Velho Mundo.

 O time rubro-negro voltou ao Rio de Janeiro pelo quase final da tarde de 27 de junho, descendo de avião da Scandinaviam Airlines e sendo recebido como se fora campeão mundial. A sua torcida, que começou a se galome4rar pelas ruas desde o meio-dia, fez um verdadeiro Carnaval, carregando a rapaziada por Avenida(s) Brasil, Francisco Bicalho e Presidente Vargas; Rua Uruguaiana; Largo da Carioca; Avenida Rio Branco; Praia do Russel e, finalmente, parando pela sede do clube, no bairro Flamengo. Naquele dia, o Flamengo fechou o trânsito e parou o comércio. Literalmente! 

                                                SEGUNDO FLA NA EUROPA

 Empolgado pela conquista do seu segundo tricampeonato carioca (primeiro, em 1942/43/44), o Flamengo decidiu atravessar o Atlântico e visitar o Velho Mundo (antigo apelido da Europa). Sujeito mais apaixonado pelo Flamengo do que o próprio Flamengo, o presidente (e médico) Gilberto Cardoso mandou a sua moçada arrumar as malas, e o treinador paraguaio Fleitas Solich ‘remostrar’ o veneno rubro-negro aos visitados, como já ocorrera em 1951, quando a equipe treinada por Flávio Costa disputara 10 e vencera os 10 prélios contra suecos, dinamarqueses, franceses e portugueses.

 Daquela vez, os flamenguistas começaram em cima do muro, na Itália, nos 2 x 2 Combinado de Milão, que contava com bons jogadores tirados de times suecos e húngaros. Além de não contar com os titulares Dequinha (defensor), Rubens (meia) e Índio (atacante), servindo à Seleção Brasileira, o Fla levou o primeiro gol da pugna, aos 17 minutos, marcado pelo sueco Gunnar Nordhal; empatou, por Zagallo, aos 26, e viu o anfitrião passar-lhe à frente, novamente, aos 50, por conta do húngaro István Nyers. Mas o paraguaio Benitez voltou a igualar tudo, aos 70.

 Daquela estreia, no Estádio San Siro, em Milão, ficou, também, o choro da rapaziada – Chamorro, Marinho, Pavão, Servílio, Jadir e Jordan; Joel, Duca (Paulinho), Zezinho, Benitez e Zagallo - por dois gols rubro-negros anulados pelo árbitro Giulio Campanatti.

 Pelos jogos seguintes, o Flamengo escreveu: 11.04.1954 – 1 x 1 Eintracht Frankfurt-ALE; 16.04 – 5 x 0 Kiniszi-HUN; 19.04 – 2 x 2 Rapid Wien-AUS; 21.04 – 0 x 1 Linzer Ask-AUS; 24.04 – 2 x 2 Nurembrg-ALE; 26.04 – 2 x 2 Stuttgart-ALE; 01.05 – 2 x 2 Combinado de Ludwigshafen-ALE; 02.05 – 3 x 4 Saarbrücken-ALE; 09.05 – 3 x 0 Reutlingen-ALE; 15.05 – 1 x 1 Hamburg-ALE; 16.05 – 4 x 1 Werder Bremen-ALE.    

Não vale a desculpa “cansaço”, mas o Flamengo saiu para a tal excursão após o “pesado” Torneio Rio-São Paulo, com nove “clássicos”; de 27 jogos do “atrasadinho” Campeonato Carioca-1953, iniciado em julho de 1953 e só encerrado em janeiro de 1954, além de vários amistosos.




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