Ricardo Cruz, o idealizador |
O goleador Ademir Menezes, do Vasco da Gama, por exemplo, teria mais votos do que o presidente Getúlio Vargas, em uma eventual eleição disputada pelos dois.
Por causa da força do rádio, feitos de
heróis anônimos não abalavam multidões. Caso de cinco cinco
homens que partiram do Rio Portengi, em Natal-RN, com destino ao Rio de
Janeiro, navegando durante quatro meses, por uma iole - barco estreito e leve
-, no braço e na raça.
Foi uma tremenda aventura, de 2.000 mil milhas
náuticas, desenfreada por Ricardo Severiano da Cruz, de 63 de idade e mentor da
aventura; Luiz Enéas dos Santos (52); Antônio de Souza Duarte (51); Oscar
Simões Filho (4) e Walter Fernandes (27).
O dia era o 30 de março, quando eles partiram, levando na bagagem só uma inacreditável coragem. Após um
mês remando por mares nada amistosos, uma onda enfurecido quis atrapalhar, pela divisa de Sergipe com a Bahia. Um vagalhão malvado destruiu quase que toda a iole.
Como os cinco homens eram bons nadadores e
remavam sempre juntos, conseguiram fugir dos tubarões e chegar a uma praia. O
problema, no entanto, não os fez desistir. Regreassaram a Natal e construíram um
outro barco idêntico.
Despedida dos amigos no Rio Potengi, em Natal-RN |
Não foi fácil, porém, concluir o percurso. A turma contou à revista semanária carioca “O Cruzeiro” ter chegado a passar 32
horas no mar sem água doce para beber e nenhum alimento. Normalmente,
remavam 10 horas consecutivas, diariamente, e nunca pernoitavam sobre as
águas, pernoitando em portos e praias desabitadas. De uma dessas, caminharam por 42
quilômetros para comprar cigarro e alimentos, normalmente sanduíches, o que não poderia ser em grande quantidade, mesmo deixando-os subalimentados.
Pena que eles não tiveram recepção de heróis
no Rio de Janeiro. Bem que mereciam, mas a tremenda façanha não fora noticiada
pelo rádio.
A solidariedade brasileira ajudando a tirar 180 quilos do mar |
Foi
a primeira experiência no gênero e os
sete sete mil quilômetros remados por ele, entre a costa africana e a baiana
Salvador - carregava 275 litros de água potável, alimentos desidratados, poucos
remédios e equipamentos -, rendeu o livro “Cem dias entre céu e mar”, que
permaneceu 31 semanas na lista dos livros mais vendidos. Ao contrário dos
potiguares, tornou-se herói nacional,
pois a comunicação midiática de sua época já
caçava feitos espetaculares.
OBS: como se observa, as fotos contendo anotações são de álbuns de recordação dos participantes da aventura. Além da revista O Cruzeiro, uma outra carioca, a Careta, noticiou o fato, ambas com rica ilustração de imagens.
OBS: como se observa, as fotos contendo anotações são de álbuns de recordação dos participantes da aventura. Além da revista O Cruzeiro, uma outra carioca, a Careta, noticiou o fato, ambas com rica ilustração de imagens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário