Aos 87 de
idade, voltou ao Brasil o ex-presidente das Confederação Brasileira de Futebol-CBF,
José Maria Marin, após quase cinco temporadas de cadeia, entre Suíça e
Estados Unidos. Libertado no último 2 deste abril, ele fez a rota Nova York-Orlando-Campinas-SP, pelo voo 8707, da Azul, e desceu perto das 7h30 do dia 5, no
campineiro aeroporto de Viracopos.
Todas a imagens deste texto foram reproduzidas da revista Manchete |
Marin foi detido, em 27 de maio de 2015, em hotel suíço, de
Zurique, acusado por corrupção no chamado caso Fifagate, com processo de
apuração investigado, desde 2011, pelo FBI, espécie de polícia federal do Era suspeito por jabaculês
durante as escolhas das sedes das Copas do Mundo-2018 (Rússia) e 2022 (Katar), além de tráfico de influência marketeiros e direitos de transmissões
de jogos por TV.
Na Suíça, Marin ficou por cinco meses, e foi deportado para os
EUA, onde pagou fiança, de 15 milhões de dólares. Viveu duas temporadas em
prisão domiciliar, em seu apartamento da
Trump Tower, na Quinta Avenida, em Nova York - podia sair, duas vezes semanais,
para ir à missa. A condenação, pela juíza Pamela Chen, em 22 de agosto de
2018, foi a quatro temporadas preso, além de pagar multa de 1,2 milhão de dólares e
devolver 3,3 milhões de dólares, por “prejuízos causados”. Lhe foram imputados,
especificamente, crimes por organização criminosa, fraude bancária e lavagem de
dinheiro, durante a sua presidência da CBF, com ações relativas à Taça
Libertadores, Copa do Brasil e Copa América-2015.
Marin foi condenado, também, a
devolver 44 milhões de dólares à Confederação de Futebol da América do Norte,
Central e Caribe, mais 37 milhões dolarescos
para a Confederação Sul-Americana de Futebol e outros 4 milhões, na mesma moeda, para a Federação Internacional de Futebol Associado-FIFA.
Beneficiado por
risco à sua saúde, devido a pandemia do novo coronavírus e por já ter cumprido
80% de sua pena, ele estava preso na Pensilvânia.
Este
mesmo José Maria Marin que passou por tal vexame, entre 2015 a 20200, era badalado pela imprensa brasileira, a
partir de 1978, quando foi
eleito, indiretamente, vice-governador de São Paulo, na época dos generais-presidentes brasileiros.
Quando o governador Paulo Maluf deixou o cargo, para disputar,
contra Tancredo Neves, a presidência da República, o governo paulistano foi herdado
por Marin, durante 10 meses, entre 1982
e 1983.
Garantia ao general Figueiredo de que daria show de bola nas urnas |
Eleito
vereador, em 1963, Marin chegou à presidência da Câmara Municipal paulistana, em
1969, eleito pelo Partido de Representação Popular-PRP. Em 1966, filiou-se ao
partido da Ditadura - Aliança Renovador Nacional-ARENA -, em episódio que foi
considerado traição pelos
correligionários da agremiação fundado pelo integralista Plínio Salgado (em 1945).
Em seus
tempos de badalação pela imprensa, Marin chegou a ganhar quatro páginas da
revista semanária carioca Manchete, com a manchete
“Um craque no Governo”, imagem alusiva ao fato de ele ter sido ponta-direita do São Paulo FC-1950.
Em ôba-ôba, a revista escreveu que “... Marin, craque (nunca foi) de jogar em todas as posições, provou a
Brasília que também no jogo eleitoral é preciso contar com as bases para marcar
gols". E que o São Paulo tirara o “veloz e dono de chute forte... do seu time juvenil, para substituir Friaça, convocado para a Seleção
Brasileira que disputaria a Copa do Mundo-1950". Mais: “... certa vez, usando
malícia, jogo de cintura, flexibilidade e capacidade de improvisação, levou de
roldão o marcador Djalma Santos e entrou com bola e tudo no gol da Portuguesa
(de Desportos)”.
O Almanaque do São Paulo confirma este jogo - 22 de abril de 1950 -, amistosamente, com vitória, por 3 x 0 e um gol por Marin. No entanto, não menciona tal lance. Se aconteceu, ressalte-se que Djalma Santos ainda não era só um jogador que tentava se adaptar à lateral-direita.
Marin foi substituído em seis dos 15 jogos disputados, e entrou no segundo tempo de um outro. Marcou só dois gols. Quando Friaça saiu, a vaga que Manchete diz ter ficado com ele, na verdade, foi disputada por Alcino e Maurinho. Em 1951, ele desaparece das escalações.
O Almanaque do São Paulo confirma este jogo - 22 de abril de 1950 -, amistosamente, com vitória, por 3 x 0 e um gol por Marin. No entanto, não menciona tal lance. Se aconteceu, ressalte-se que Djalma Santos ainda não era só um jogador que tentava se adaptar à lateral-direita.
Marin foi substituído em seis dos 15 jogos disputados, e entrou no segundo tempo de um outro. Marcou só dois gols. Quando Friaça saiu, a vaga que Manchete diz ter ficado com ele, na verdade, foi disputada por Alcino e Maurinho. Em 1951, ele desaparece das escalações.
Posando como atleta para a reportagem |
Graduado em Direito, pela Universidade de São
Paulo, além de governar o seu Estado, Marin, ainda, presidiu a Federação
Paulista de Futebol, o que rendia votos ao regime militar, via cartolas ligados
ao Governo, liderados pelo almirante Heleno Nunes, presidente da então
Confederação Brasileira de Desportos-CBD e que colocava um time no Campeonato Nacional
onde a ARENA ia mal.
Entre as fotos que
ilustraram o texto de Manchete sobre Marin, por uma delas ele está ao
lado do então presidente e general João Figueiredo, afirmando que a
chapa Maluf-Marin ao Palácio dos Bandeirantes teria o apoio de 95% dos
prefeitos e projeção de eleger 37 dos 79 deputados estaduais.
Segundo Marin, o segredo de sua tabelinha com Paulo Maluf era o espírito
de colaboração, acrescentando: “Nós jogamos com fibra, tenacidade, criatividade
e lealdade”.
Lealdade, no entanto, não parecia ser um seu dote, segundo os
companheiros do PRP e do goleiro Matheus, campeão da Taça São Paulo Júnior-1012,
pelo Corinthians. Marin, então vice-presidente da CBF, embolsou a medalha que
seria do rapaz e passou a ser chamado, pela imprensa, por Zé das Medalhas
O Zé das Medalhas era homem do sistema e o sistema contava com ele. Como contou nos tempos de
ditadura militar.
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