O sucesso na emissora da Praça Mauá fez o locutor Waldir Amaral, da Rádio Globo, convidá-lo para a sua equipe. E foi por lá que Washington ganhou o apelido famoso, como me contou: “Eu era repórter e havia chegado à rádio (Globo) um microfone sem fio igual aos usados pelos astronautas da Apollo 11, em 1969, quando desceram na Lua. O Celso Garcia o apelidou por “Apolinho” e o Waldir Amaral o repetia quando eu ia atrás de um lance. Aí, os "geraldinos e arquibaldos" (turma da geral e da arquibancada) passaram a me chamar por ‘Apolinho”, os colegas radialistas, também, e pegou.
O próximo passo do "Apolinho", após ser global por bom tempo, foi passar 25 temporadas na Rádio Tupi, onde fez duplas com os narradores Luiz Penido e, novamente, o “Garotinho”, em 2015. Além de comentaristas de jogos, fez os programas "Show do Apolinho", com informações do esporte e, ainda, de trânsito, transportes e outras notícias que entretiam ouvintes na pele do personagem Robetão. Havia comunicadores da casa que não dispensavam a sua participação em seus programas, como Clóvis Monteiro e a turma do "Giro Esportivo”.
Washington Rodrigues foi, também,, um criador de bordões. O “chocolate", por exemplo, para goleadas, foi coisa dele, quando rolou Vasco da Gama 4 x 0 Internacional-RS, em 25 de janeiro e 1981, no Maracanã, que recebia 33.832 pagantes que ouviam a sua gracinha pelos radinhos a pilha colados nos ouvidos quando Roberto Dinamite (2) e César (2) machucaram o time gaúcho.
“Briga de cahorro grande” foi uma outra invenção dele que divertia a galera em dia de clássicos. Além de repórter, comentarista e comunicador de programa de rádio, Washington chegou a estar como treinador do time do Flamengo. Convidado pelo presidenet Kleber Leite, que fora repóter da Rádio Ttupi, ele comandou o time rubro-negro por 26 jogos, com 11 vitórias, oito empates e sete escorregadas - aproveitamento de 52,56% -, levando-o a vice-campeão da Supercopa da Taça Libertadores da América, da qual só participavam os campeões continentais.
Como treinador, Washington tinha uma filosofia: deveria ter mais habilidade para lidar com os atletas do que lidar com táticas. Por isso pedia ao seu auxiliar-técnico Arthur Bernardes para trabalhar mais o jogo da bola enquanto ele administrava mais o jogo das almas. Conseguiu encerrar briga de egos entre Romário e Edmundo, fazer crescer o futebol de Sávio e a rapaziada entender o significado da paixão do torcedor pelo Flamengo. Nesse ponto, pedia ao time pra olhar nas arquibancada e geral ao entrar em campo.
Em 1998, Kleber Leite voltou a convocar o “Apolinho” para ocupar mais um cargo, o de diretor de futebol. Ficou nele até o final da temporada. Neste 2024, mais precisamente em 25 de maio, ele viveu o seu último lance. Internado no Hospital Samaritano, com grave problema de saúde, pediu uma TV para acompanhar Flamengo x Bolivar, pela Taça Libertadores. Assistiu até o terceiro gol, no primeiro tempo. Pouco depois, respirou pela última vez. Foi assistir ao quarto gol lá no Céu, no entender de seu colega Deni Menezes e dos arquibaldos e geraldinos, como ele chamava os torcedores que recebiam o seul sinal.
TEXTO FOI PUBLICADO PELO JORNAL DE BRASÍLIA DE 01.09.2024 E TRAZIDO PARA CÁ VIA TÚNEL DO TEMPO. CONFIRA LINK ABAIXO:
https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/historias-da-bola/o-sinal-do-apolinho/
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