Mané Garrincha havia se machucado em um jogo da Seleção do Outro Mundo e deveria ficara uma semana de chinelinho, no Departamento Médico. Foi, então, que ele chegou prA Nílton Santos e propôs:
-Compadre! Já que estou no repolho por aqui, vamos dar um chego lá no outro mundo, aproveitar o feriado do Dia do Trabalho?
- O outro mundo é aqui, compadre – respondeu o Enciclopédia, complementando: Já estou nele.
Mané Garrincha, então, negociou com o Chefe Lá de Cima e teve permissão para descer. Só que errou ao marcar as coordenadas do Túnel do Tempo e, em vez de desembarcar em 1962, como pretendia, aportou em Rio de Janeiro-2020. Não entendeu nada. Viu pouca gente pelas ruas, lojas fechadas, praias e bares vazios. Até pensou que tivesse em lugar parecido, mas que não fosse o Rio de Janeiro.
Desolado, caminhando pelas ruas desertas, lá pelas tantas o Torto cruzou com um cara usando máscara. Parou o sujeito e o indagou se ele era artista de cinema, se estava fazendo algum filme de bandido assaltando banco.
Garrincha reproduzido de capa de revista argentina |
- É por causa do coronavírus, uma praga terrível.
- Carona vírus! Vírus já pega carona? - o Torto entortou o interlocutor, que tentou arrumar as informações, explicando que etava rolando uma pandemia.
- Carona vírus! Vírus já pega carona? - o Torto entortou o interlocutor, que tentou arrumar as informações, explicando que etava rolando uma pandemia.
- Pandeiria! Só sambista no pedaço? E voltou a perguntar ao cara sobre a ausência de pessoas pelas ruas:
- A galera está toda de quarentena.
- Na casa do Quarentinha! Não acredito. Aquele pão duro levando gente pra sua casa? Qual é o forrobodó que está havendo por lá? – foi a sua vez de indagar e ficar sem resposta, pois o transeunte não entendeu nada - e foi embora.
Cada vez mais encucado com aquele Rio de Janeiro, Mané Garrincha foi ao Maracanã, no feriado do 1º de maio o encontrou fechado, da mesma forma que em São Januário, General Severiano, nas Laranjeiras, em Teixeira de Castro e atém mesmo em Figueira de Mello. Beirou à depressão. Procurou um boteco pra molhara a palavra e, também, nada aberto. Decepcionado com aquele Rio que ele não conhecia, decidiu, então volta pro Outro Mundo.
Mané Garrincha estava à entrada da boca do Túnel do Tempo quando ia chegando um sujeito a quem cumprimentou e avisou:
- Não perca o seu tempo, meu cháplia! O Rio não é mais aquele. Volte.
O cara ouviu e respondeu quando ele perguntou-lhe pelo seu nome:
- Sou o Rei do Império Sassândia, coroado em 629 Depois de Cristo. O meu nome é Sarbaro.
- Sabará! Malandro velho! Você acha que me engana? Só está mais branco. Na certa, disfarçado, fugindo da comadre. Veio para alguma tertúlia na Casa da Maroca, não é, seu danado? Pois siga em frente. O Rio de Janeiro está legal só pra pandeirista. E melhor do que você, nunca vi ninguém em nenhuma Escola de Samba.
Antes de pegar o caminho de volta no Túnel do Tempo, o glorioso Mané Garrincha telefonou para o repórter Deni Menezes, na Rádio Globo, dizendo que iria lhe passar um furto de reportagem: recebera convite de Eurio Miranda, lá no Outro Mundo, para reforçar o seu time do Almirante na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro de 2021. Mas ainda iria pensar e consultar o seu compadre Nílton Santos.
A galera vai aguardar a resposta pela coluna BDM - blogdodenimenezes.com - que tinha por correspondente no Outro Mundo o glorioso Sandro Moreyra, demitido por não ser tricolor.
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