Os dirigentes da Associação Comercial de Brasília (do Brasília Esporte Clube) não tinham tempo para cuidar do seuu clube (time). Então, contrataram o servidor público aposentado Almir Azevedo Vieira para fazer tudo o que eles não podiam, sendo supervisor. Gordo, barrigudo e já tendo passado por dois enfartos, o sujeito viu, logo, a possibilidade de ter mais um problema coronário, sabedor de que teria de se virar para pagar, mensalmente, uma folha salarial de Cr$ 1,8 milhão de inflacionados cruzeiros – os empesários não estavam mais a fim de meter a mão no bolso para sustentar o time. Mesmo assim, o Almir topou, pois não suportava mais ficar em casa, sentindo saudade dos tempos em que fora supervisor do Clube de Regatas Guaraá e da Sociedade Esportiva do Gama.
Pede daqui, implora dali, o incansável Almir Vieira quase nunca conseguia patrocínios para fechar a folha salarial, principalmente porque ainda não havia representação política no Distrito Fedral e ninguém era candidato a nada. O jeito era ele chorar pra Oscar Perné do Carmo, Lidenberg Azize Curi, José de Melo, Manoel Ângelo Gadioli, enfim, os patrões que o haviam contratado, complementarem a grana que ele corria atrás.
Era noite de
uma segunda-feira, imediatamente após o encerramento das fases classificatórias
do Candangão, quando os quatro finalistas
- Brasília, Guará, Tiradentes e Taguatinga - se reuiram em assembleia, na sede da FMF, na
Avenida W-3 Sul, para discutirem a tabela
da fase decisiva. Foi quando o surpreendente Almir Vieira alegou que o seu clube (time),
se fosse um dos dois finalistas, jogaria as duas partidas pelo empate, alegando
que regulamento, do qual ninguém se
lembrava mais, previa a inclusão no quadrangular final do melhor colocado nas arrecadações, E, como o Brasilia havia ganho dois turnos e o
Guará um, Almir sustentou que o seu clube, o campeão por rendas, levaria mais
um ponto para as finais.
Leva, não leva, é, não é, vale, não vale, foi um
rebu. O regulamenteo não seria claro, sustentavam os rivais do Brasília. Que
rolo! A assembleia virou um inferno. Enfim, nos dias 24 de 28 d novembro, com
os dois jogos no Estádio Antônio Ottoni, a casa do Guará, rolaram empates,
respectivamente, por 1 x 1 e 0 x 0, ficando o Brasília campeão, pelo
regulamento interpretado por Almir Vieira. O Guará prometeu recorrer ao tapetão para o título do Brasília não
ser confirmado, mas a FMF deu uma de Pilatos e lavou as mãos. E, até hoje, o seu Tribunal de Justiça Desportva está
esperando pelo recurso do Lobo da Colina.
“Não tenho culpa se os outros não leram o regulamento”, disse o muito vivo
Almir Vieira, ecapado do terceiro infarto.
Em 29 jogos, o Brasília ficou campeão candango,
pela quinta vez, em sete disputas, vencendo 11 partidas, empatando 12 e caindo
em seis. Marcou 28 e levou 19 gols, dirigido por Erci Rosa, que havia sido
atleta durante a conquista do primeiro título candango em 1976.
Publicado pelo Jornal de Brasília de 23.02.2025 e trazido para a pelo Túnel do Tempo
https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/historias-da-bola/1982-regulamento-complicado/
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