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sexta-feira, 24 de abril de 2020

HISTÓRIAS DO FUTEBOL CANDANGO. REGULAMENTO COMPLICADO EM 1982

  Os dirigentes da Associação Comercial de Brasília (do Brasília Esporte Clube) não tinham tempo para cuidar do seuu clube (time). Então, contrataram o servidor público aposentado Almir Azevedo Vieira para fazer tudo o que eles não podiam, sendo supervisor. Gordo, barrigudo e já tendo passado por dois enfartos, o sujeito viu, logo, a possibilidade de ter mais um problema coronário, sabedor de que teria de se virar para pagar, mensalmente, uma folha salarial de Cr$ 1,8 milhão de inflacionados cruzeiros – os empesários não estavam mais a fim de meter a mão no bolso para sustentar o time. Mesmo assim, o Almir topou, pois não suportava mais ficar em casa, sentindo saudade dos tempos em que fora supervisor do Clube de Regatas Guaraá e da Sociedade Esportiva do Gama.

 Pede daqui, implora dali, o incansável Almir Vieira quase nunca conseguia patrocínios para fechar a folha salarial, principalmente porque ainda não havia representação política no Distrito Fedral e ninguém era candidato a nada. O jeito era ele chorar pra Oscar Perné do Carmo, Lidenberg Azize Curi, José de Melo, Manoel Ângelo Gadioli, enfim, os patrões que o haviam contratado, complementarem a grana que ele corria atrás.

Almir Vieia reproduzido do Jornal de Brasília

 Era noite de uma segunda-feira, imediatamente após o encerramento das fases classificatórias do Candangão, quando os quatro finalistas  - Brasília, Guará, Tiradentes e Taguatinga -  se reuiram em assembleia, na sede da FMF, na Avenida W-3 Sul,  para discutirem a tabela da fase decisiva. Foi quando o surpreendente Almir Vieira alegou que o seu clube (time), se fosse um dos dois finalistas, jogaria as duas partidas pelo empate, alegando que  regulamento, do qual ninguém se lembrava mais, previa a inclusão no quadrangular final do melhor colocado nas arrecadações, E, como o Brasilia havia ganho dois turnos e o Guará um, Almir sustentou que o seu clube, o campeão por rendas, levaria mais um  ponto para as finais.

Leva, não leva, é, não é, vale, não vale, foi um rebu. O regulamenteo não seria claro, sustentavam os rivais do Brasília. Que rolo! A assembleia virou um inferno. Enfim, nos dias 24 de 28 d novembro, com os dois jogos no Estádio Antônio Ottoni, a casa do Guará, rolaram empates, respectivamente, por 1 x 1 e 0 x 0, ficando o Brasília campeão, pelo regulamento interpretado por Almir Vieira. O Guará prometeu recorrer ao tapetão para o título do Brasília não ser confirmado, mas a FMF deu uma de Pilatos e lavou as mãos. E, até hoje, o seu Tribunal de Justiça Desportva está esperando pelo recurso do Lobo da Colina. “Não tenho culpa se os outros não leram o regulamento”, disse o muito vivo Almir Vieira, ecapado do terceiro infarto.   

Em 29 jogos, o Brasília ficou campeão candango, pela quinta vez, em sete disputas, vencendo 11 partidas, empatando 12 e caindo em seis. Marcou 28 e levou 19 gols, dirigido por Erci Rosa, que havia sido atleta durante a conquista do primeiro título candango em 1976. 

Publicado pelo Jornal de Brasília de 23.02.2025 e trazido para a pelo Túnel do Tempo

https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/historias-da-bola/1982-regulamento-complicado/

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