Documentos
tornados públicos pelo governo norte-americano revelam que o presidente e
general boliviano Hugo Banzer chegou ao poder, em 1971, não só apoiado,
politicamente, mas, também, financiado pelo pelo governo do presidente Richard
Nixon.
O informe conta que, no 8 de junho de 1971, assessores
de Nixon discutiram a proposta, da
CIA-Agência Central de Inteligência (na tradução), de liberar US$ 140 mil
dólares, para militares e políticos oposicionistas bolivianos derrubarem o
presidente José Torres.
O
golpe matou, pelos cálculos da imprensa internacional que cobriu o fato, pelo
menos, uma centena pessoas. E instaurou na Bolívia um governos mais repressivos de sua história.
Mais de 14 mil adversários foram presos, sem ordem judicial; mais de oito mil
torturados e centenas assassinados, ou “desaparecidos”.
O derrubado José Torres
andou exilado por Peru, Chile e Argentina, e terminou sequestrado
e assassinado em Buenos Aires, em 2 de junho de 1976, por agentes do
"Plano Condor" - aliança
político-militar entre - Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai,
com a CIA, pelas décadas-1970/1980. Criada para reprimir opositores das
respectivas ditaduras nos países citados acima.
Foi com o general Hugo
Banzer que o Brasil fechou um dos seus principais contratos comerciais da época
da ditadura dos seus generais-presidentes: a compra do gás natural da Bolívia,
assinado pelo também general-ditador Ernesto Geisel, que esteve no Palácio do
Planalto entre 1974 a 1979.
Geisel,
na verdade, já negociava desde quando presidia a Petrobras e o Conselho
Nacional do Petróleo, em 1972. Mas o que se negociou, até 1977, não se
concretizou, de todo. Contribuiu, no entanto, para negociações entabuladas pela
década-1980 e que provocaram, na década seguinte, o surgimento do gasoduto
Bolívia-Brasil, o “Gasbol”.
Foi na boliviana Cochabamba que Geisel assinou
o Acordo de Cooperação e Complementação Industrial, prevendo a compra
brasileira de quase 7 milhões de metros cúbicos diários de gás boliviano, por
duas décadas, além do estabelecimento de um polo industrial na Bolívia. O
acordo, no entanto, não saiu do papel. Voltou à mesa de negociações, em 1978,
com o Brasil aumentando as sus compras diárias em mais 4 milhões de metros
cúbicos, o que só veio a se concretizar pela década de 1980, com ele já fora do
poder.
Na atual agenda Brasil-Bolívia o temas hidrocarbonetos é iten
importante, não só por tratar-se de mero tema de abastecimento, mas por ser
ponto de disputa por poder na região, com a vizinha Argentina.
Brasil e Bolívia se relacionam desde a formação dos dois Estados
pós-independentes, levados, sobretudo, pelas suas grandes fronteiras
territoriais. Desde muito cedo debatem a delimitação.
Historicamente, os
bolivianos tiveram sua história marcada por constantes influências brasileiras
e argentinas, em vários temas, incluindo petróleo e gás. Marcou pontos para o
Brasil o apoio aos bolivianos, ao final Guerra do Chaco (contra o
Paraguai-1932/1935), posicionando-se contra a perda de território pelo vizinho
andino. Mas não ficou de graça. Por ali, o Brasil manifestou o desejo de
explorar o petróleo boliviano.
Vem de 1938 os negócios
Brasil-Bolívia sobre hidrocarbonetos. Época em que seus presidentes - Getúlio
Vargas e Germán Bush - assinaram tratados sobre vinculação ferroviária entre
Corumbá, em Mato Groso, e Santa Cruz de
La Sierra e o sobre saída e aproveitamento do petróleo boliviano.
O primeiro deles visava
concretizar rota Atlântico-Pacífico, conectando o território boliviano ao porto
de Santos e ao Rio Paraguai, com facilidades para a circulação de mercadorias.
Inaugurada a ferrovia, com
tecnologia e investimentos brasileiros, em 1955, os presidentes do Brasil, Café
Filho, e da Bolívia, Víctor Paz Estenssoro, decidiram-se por revisão do
tratado, em 1958 e no que ficou chamado por Acordos de Roboré, que dispensaram
o projeto de desenvolvimento integrado entre Bolívia e Brasil, presente nos
tratados de 20 temporadas passadas – com o Brasil de olho no petróleo do
vizinho, evidentemente, embora sem ditadores na jogada.
Atualmente, o que mais
provocam machetes de jornal sobre as relações Brasil-Bolívia não são temas
importantes da economia, mas baixarias tipo roubo de automóveis, narcotráfico e
contrabando de mercadorias.
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