Ela era casada com um cara que compunha hinos
para a Igreja Pentescotal, do bairro carioca de São Cristóvão. Com o cara,
aprendeu o compasso e a rima. Quando o marido foi chamado "Lá Pra Cima", ela
passou a compor músicas românticas, mesmo com toda a sua deficiência gramatical, pois não tivera tempo para estudar. Compôs até um hino homenageando a recém
inaugurada Brasília, e o enviou para o chefe do governo nacional.
Helena e os filhos, em reprodução da revista "Manchete" |
Chamava-se Maria Helena dos Santos Oliveira,
nasceu na mineira Conselheiro Lafaiete, em
7 de janeiro de 1922 e usava os segundo e o terceiro nomes na assinatura do que compunha. A sua história vale, no mínimo, um seriado televisivo.
Viúva, criou seis filhos e vivia com uma
pequena pensão deixada pelo marido – Cr$ 13 mil e 500 cruzeiros. Para não
deixar faltar o rango das crianças, costurava para quem pudesse. Como a barra
estava mais do que pesada, ela teve a ideia de ir as rádios e TV cariocas,
oferecer sambas e outros gêneros aos artistas que pudesse abordar. Mas não
emocionou cantores como Altemar Dutra, Orlando Silva e Carlos Galhardo, entre
outros.
Um dia, quando estava na Rádio Globo-RJ, antes de
começar o programa de Luis de Carvalho, ela abordou Roberto Carlos e conseguiu
cantar para ele “Na lua não há”. O cara gostou muitíssimo, prometeu grava-la, mas avisando que seria preciso melhorar a letra.
Reprodução de www.musicariabrasileira |
Tempinho depois, olhando para os filhos famintos e com a sua barriga também roncando, ela foi avisada, por uma vizinha, de que estavam lhe procurando por rádios e jornais.
“Pede-se à Dona Helena dos Santos,
moradora do Horto Florestal, o obséquio de comparecer, coma máxima urgência, à
Rádio Gloobo, para tratar de assunto do seu interesse. Procurar Luís de
Carvalho” – era o recado.
Em outubro de 1963, Roberto Carlos lançou o
seu segundo LP (longa duração), gravado um mês antes. “Na Lua não há”, com
Roberto acompanhado por The Angels, foi a quinta faixa do Lado A e um dos três maiores
sucessos, ao lado de “Splish Splash” (com acompanhamento de Renato e Seus Blue
Caps) e “Parei na contra mão”, acompanhado, também, por The Angels.
Pouco depois do lançamento do disco, em
novembro, com “Na Lua não há” muito tocada e cantada, Helena levou um tremendo
susto. Ela estava em seu paupérrimo apartamento, com caixotes de madeira sendo
cadeiras, quando bateram em sua porta. Era Roberto Carlos, levando o disco
autografado com dedicatória.
Em abril de 1964, Helena mandou celebrar missa
pelo aniversário do “Brasa”, na igrejinha do seu bairro. E não foi que o cara apareceu para
rezar junto com ela? Queria agradecer pelo disco bombando, sendo ponto de partida para ele
tornar-se o grande ídolo da juventude brasileira que curtia os embalos
musicais da época.
"Na Lua não há" está neste disco de 1963 |
Filha de
Francisco dos Santos e de Maria Amália dos Santos, ela perdeu a mãe ainda
criança.
Até os 11, Helena viveu com uma madrasta. Aos 12, foi para o Rio de Janeiro, com uma irmã e o cunhado, e, adolescente, trabalhou em fábrica de tecidos, loja de confecções e, também, foi empregada doméstica.
Aos 17, casou-se com Lauro Moreira, que partiu deixando-a com um filho na barriga. Razão pela qual ela teve de lavar roupa para as madames de Copacabana e trabalhar como costureira.
Com a ajuda do "Rei", os direitos autorais por seu time (11) de sucessos canados pelo capixaba, ela comprou um apartamento e viveu até 23 de outubro de 2005, quando já havia contado 82 viradas do calendário - mulher que foi à guerra e merecia uma gerra, como Helena de Tróia.
Até os 11, Helena viveu com uma madrasta. Aos 12, foi para o Rio de Janeiro, com uma irmã e o cunhado, e, adolescente, trabalhou em fábrica de tecidos, loja de confecções e, também, foi empregada doméstica.
Aos 17, casou-se com Lauro Moreira, que partiu deixando-a com um filho na barriga. Razão pela qual ela teve de lavar roupa para as madames de Copacabana e trabalhar como costureira.
Com a ajuda do "Rei", os direitos autorais por seu time (11) de sucessos canados pelo capixaba, ela comprou um apartamento e viveu até 23 de outubro de 2005, quando já havia contado 82 viradas do calendário - mulher que foi à guerra e merecia uma gerra, como Helena de Tróia.
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