O servidor público
brasileiro é muito criticado, considerado um vagabundo, por conta de antigo
costume (que ainda existe) do empreguismos promovido por políticos “benfeitores”
dos seus cabos eleitorais.
Em Brasília, por exemplo, quem entrar em um
ministério fica embasbacado com a quantidade de pessoas que “trabalham” na
casa. Falta até cadeira e mesa para a rapaziada fazer que trabalha.
Os governos
do PT-Partido dos Trabalhadores chegarem a ter 29 pastas ministeriais, para
acomodar a sua patota. Criou até Ministério da Mulher – porquê não teve,
também, o do transexual; do bissexual; do homem; do adolescente, etc?
Ao contrário de Lins, houve um outro intelectual
servidor público, o poeta Carlos Drummond de Andrade. Chefe de gabinete do
ministro da Educação, Gustavo Capanema, por 10 temporadas, raramente deixou de
pisar o pé no batente da “repartição” (como falavam).
Aliás, era uma incoerência ver Drummond servir
ao governo do presidente Getúlio Vargas, sendo um simpatizante de ideologias
esquerdistas.
Quando cobrado pelos críticos, ele respondia não se considerar um
homem da ditadura Vargas, por entender que assim não poderia ser visto quem só
cuidava de preparar discursos para o Gustavo, documentos e outras burocracias. Além do mais, e só a
muito custo fora convencido, pelo seu velho amigo Capanema, para ser o seu
chefe de gabinete, por sinal, o mais influente do Estado Novo.
Graciliano Ramos reproduzido de www.todoestudo |
Como servidor público, Carlos Drummond de
Andrade - viveu entre 1902 a 1987 - não deixou, também, de praticar o
“tradicional jeitinho brasileiro”, dando
uma “forcinha” aos amigos.
Arrumou emprego para o escritor paraibano Graciliano
Ramos, autor da belíssima “Vidas Secas”, e para um outro intelectual nordestino João Cabral de Melo Neto, autor de
“Morte e Vida Severina”.
Drummond, também, entre outros “jeitinhos”, arrumou
verba, a pedido do escritor baiano Jorge Amado, para um hospital em Sergipe;
transferência para um primo do escritor gaúcho Érico Veríssimo e grana para
pagar professores que trabalhavam para o maestro Heitor Villa-Lobos – até pouco,
do ponto de vista dos “jeitinhos” desses tempos pós-modernos.
Zé, reproduzido do Museu José Lins do Rego-João Pessoa-PB |
Dos 85 invernos, verões, outonos e primaveras
do grande poeta, 58 foram passadas dentro de prédios públicos. Quando punha os
pés fora da “repartição”, usava o pouco do tempo livre da burocracia estatal
para torcer pelo glorioso Club de Regatas Vasco da Gama. Foi o que escreveu no
livro “Quando é Dia de Futebol” – pode
até não ter servido tanto ao serviço público nacional, mas a torcida vascaína
não tem do que reclamar do seu engrosso às suas hostes.
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