Vasco

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

HISTÓRIAS DO KIKE - SÓ DENI VIU O QUE MAIS DE 133 MIL NÃO VIRAM NO MARACA

Repórter sempre em cima do lance, este reproduzido de https://denimenezes.com


 

Era a tarde do domingo 13 de junho de 1976. O Maracanã recebia 133.444 pagantes e Vasco da Gama x Flamengo decidia, em jogo extra, o turno do Campeonato Carioca, valendo a Taça Guanabara. As duas torcidas ainda faziam aquela costumeira feste de início de jogo, quando, aos 6 minutos, o árbitro gaúcho Agomar Martins marcou pênalti a favor dos vascaínos. Espantagem geral! Principalmente, para os speakers radiofônicos, que não haviam visto nada de anormal no último lance. Não se entendia como o Agomar, que estava pelo meio do gramado, em frente ao túnel de entrada/saída dos árbitros, poderia ter visto a infração.

 Mas alguém mais vira: o repórter Deni Menezes, da Rádio Nacional-RJ, que vira Agomar Martins vendo pelo chamado rabo de olho. Deni estava colocado em um ponto atrás da baliza rubro-negra onde não havia mais nenhum outro colega. Bem em frente ao local do crime. Na cabine da Rádio Nacional, o locutor Jorge Curi abria o berrão. Então, Deni Menezes, em cima do lance, o interrompeu, garantindo: “Foi pênalti, sim, Curi! Eu vi. O zagueiro (rubro-negro) Rondinelli acertou o Roberto Dinamite, dentro da área, com uma cotovelada, enquanto a bola estava parada”. Como era hábito da época o torcedor assistir ao jogo ouvindo-o pelo seu radinho à pilha, quem ouvia a Nacional fez mais festa, ainda, tendo o testemunho verdadeiro do repórter amazonense (de nascimento).          

Bola na marca do cal, Roberto Dinamite foi lá e encaçapou: Vasco da Gama 1 x 0. De sua parte, a torcida flamenguista não parava de gritar “ladrão, ladrão” para o baixinho – 1m60cm de altura – Agomar Martins, o menor (fisicamente) árbitro do futebol brasileiro – nas horas vagas, cantor de boleros, bolerões em que alguém, sempre, chorava um chifre levado de uma ingrata. E garantia que, se gravasse um disco, subiria ao topo das paradas de sucesso. Ainda bem que não gravou.     

Voltemos ao palco verdejante do Maraca. O Almirante virou a primeira etapa com a vantagem “penaltizada” no placar. Aos 22 do segundo tempo, Geraldo Assoviador  empatou e levou a decisão para as cobranças de “tiros livres diretos”, como fazia questão de falar o melhor árbitro brazuca, Armando Rosa Nunes Castanheira Marques. Rolou, então, a “sessão desempate”, que chegou aos 3 x 3. Por ali, o goleio vascaíno Mazzaropi defendeu cobrança por Zico. O Vasco passou a frente (4 x 3), Mazzaropi defendeu mais uma batida, por Geraldo, e o lateral-esquerdo Luís Augusto escreveu placar final Vasco 5 x  4 Flamengo.

O treinador Paulo Emílio Frossard, mais do que emocionado, abraçou: Mazzaropi, Gaúcho, Abel, Renê e Marco Antônio; Zé Mario, Zanatta (Luis Augusto) e Luís Carlos “Tatu” Lemos; Luis Fumanchu, Dé Aranha (Jair Pereira) e Roberto Dinamite. O Flamengo, treinado por Carlos Froner, teve: Cantarelli; Toninho Baiano, Rondinelli, Jaime (Dequinha) e Júnior; Tadeu, Geraldo e Zico; Caio (Edu Antunes), Luizinho Lemos e

Zé Roberto.

 DETALHE: Agomar Martins, além de craque no rabo de olho e na cantoria de bolerões – durante festinhas de amigos e quando churrascarias o convidavam a subir ao palco - tinha em seu currículo mais um grande feito: em 6 de abril de 1969, apitara Internacional 2 x 1 Benfica-POR, inaugurando o estádio Beira-Rio, do clube colorado da capital gaúcha. Mas o que ele considerava mesmo a sua maior brabeza gauchesca era ter expulso Pelé do gamado do Parque Antártica (o demolido estádio paulistano do Palmeiras), durante Santos 3 x 1 Grêmio Porto-Alegrense, pelo Campeonato Brasileiro, em 27 de novembro de 1968. Já no caso da apitagem de jogo cruzmaltino, Agomar levou o Vasco da Gama ao seu primeiro título encaminhado no rabo de olho – único e ineditíssimo!

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