Vasco

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sábado, 26 de agosto de 2017

O VENENO DO ESCORPIÃO - O BARREIRENSE HILDON ROCHA

 Antigamente, havia um ditado na Bahia-Oeste, dizendo: “Quem tem de ser, já nasce”. Caso do intelectual Hildon Rocha. Aos 14 de idade, atento ao rádio, acompanhava discursos de Batista Luzardo, Otávio Mangabeira, João Neves da Fontoura, Maurício Lacerda e dos candidatos presidenciais José Américo de Almeida, Armando Sales de Oliveira e Plínio Salgado.  Andava ligadíssimo.
 Corria 1937 e o garoto Hildon, que já gostava de usar cabelos compridos, como os do “beatle” John Lenon   agradava-lhe ouví-lo dizer que sorria e representava, mas, por trás da máscara de um palhaço, havia um rosto sério – não perdia oportunidade solene para discursar, passar o que gostaria de que todos ouvissem.
Aos 16, Hildon era requisitado por jornais de Barreiras, Xique-Xique e de Juazeiro, e teve sonetos publicados pela revista carioca “Fon-Fon”. Aos 19, seu conterâneo barreirense Antônio Vieira de Melo levou-o para o Rio de Janeiro e, logo, ele estava escrevendo para para “Vamos Ler”. Tempo em que fez amizade com os intelectuais que ferviam nas panelinhas literárias da capital do país, entre eles Agripino Grieco, Guilherme Figueiredo, Marques Rebelo, Josué Montello, Araújo Jorge, Heráclio Sales, João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Morais, Fernando Sabino, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e  Jorge Amado.
Hildon Rocha em foto do álbum de família de sua sobrinha Cléa Rocha 
 Encontrando-se, diariamente, com aquela rapaziada, Hildon Rocha não precisou de faculdade de Letras. Nos papos, nos cafés da moda – Amarelinho e Vermelhinho –, aprendeu tudo para escrever o seu currículo com, pelo menos, 10 livros consagrados, como Os Polêmicos, Entre Lógicas e Místicos e Antologia Poética de Castro Alves.
 Em 1946, Hildon tornou-se repórter político. Na Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados, aprendeu – também, sem precisar de faculdade –, o essencial do Direito Constitucional, convivendo com Afonso Arinos, Vieira de Melo, Plínio Barreto e Agamenon  Magalhães. Rápido, o seu talento valeu-lhe convites para ser redator de comissões e de gabinetes parlamentares.
Em 1951, Hildon passou a escrever a coluna “Homens e Obras”, no diário carioca “A Noite”, por quatro temporadas. Também, colaborou com os suplementos literários de Correio da Manhã. Diário de Notícias, Jornal do Brasil e O Estado de São Paulo.
 Ao barreirense  Hildon Rocha, o teatrólogo Nélson Rodrigues ficou devendo a liberação da peça “Perdoa-me por me traíres”. Foi dele a ideia de procurarem o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Hélder Câmara, religioso moderno, fazia um programa na Rádio Globo e, depois, ia ao botequim da equina beber um cafezinho e papear com os jornalista. Pois Don Hélder convenceu o arcebispo Dom Jaime de Barros Câmara de que a peça nada atentava contra posturas da Igreja Católica. Ao contrário, condenava o aborto. No embalo, o governador Negrão de Lima, o “dono” do Teatro Municipal, também aceitou a ideia. De quebra, a casa ficou lotada, por 10 dias. Fez tanto sucesso que, depois daquilo,  passou mais dois meses em cartaz, no Teatro Carlos Gomes.
Quanto ao texto da peça, isso é assunto para uma futura crônica. O fato que o gerou foi presenciado pelo garoto Nélson Rodrigues, na rua em que ele morava, no Rio de Janeiro.

2 comentários:

  1. Bom dia. Gostaria de saber se Hildon Rocha ainda vive. Em caso negativo, em que ano faleceu? Muito grato pela atenção, Fábio.

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  2. Já descobri, obrigado (1922-1990)

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