Zagueiro que
o Vasco contratasse, pelas metades das décadas-1960, já sabia: seria para a
reserva de Brito ou de Fontana. E não deveria ser diferente com Moacir, tirado
do Villa Nova-MG. Mas, se haviam pago NCr$ 300 mil novos cruzeiros pelo seu
passe, porque investir aquela boa grana para um quarto-zagueiro não jogar?
Moacir é o quarto, em pé, da esquerda para a direita, ao lado de Renê e de Eberval, no time campeão carioca-1970 |
Moacir
disse, por suas primeiras entrevistas como vascaíno, que fora para São Januário
disputar posição e via-se em condições de atuar em qualquer clube grande do
país. Ademais, a experiência dos “xerifões” da zaga cruzmaltina lhe dava ânimo
para lutar, pois não saíra de sua terra para se acomodar no banco dos reservas.
PELO ESTADUAL-1968, Brito e Fontana foram titulares absolutos, pela maior
parte da competição. Mais para o final, zaga ficou sendo Brito e Ananias. Algumas
vezes, jogou Sérgio. E, com eles, o time do técnico Paulinho de Almeida foi
vice-campeão carioca. Próxima disputa? A Taça Guanabara. Já que Moacir confiava
tanto em seu futebol, o treinador Paulinho de Almeida deu-lhe uma missão dos
infernos para a estreia vascaína: marcar o botafoguense Jairzinho, um dos mais
perigosos atacantes brasileiros.
Era 28 de julho e 33.642 almas esperavam pelo
que Moacir iria encarar, no Maracanã, diante de Jair Ventura Filho, titular da
Seleção Brasileira. Sem falar que o Botafogo tinha um dos dois melhores times
do futebol brasileiro – naquele dia, o treinador Mário Jorge Lobo Zagallo
escalou: Cao; Moreira, Zé Carlos, Leônidas e
Valtencir; Carlos Roberto e Gérson (autor do gol); Rogério Hetmanek , Roberto
Miranda, Jairzinho e Paulo César Lima. De arrepiar!
A princípio,
como todo estreante, Moacir ficou nervoso. Mas logo se tranquilizou e mostrou,
no clássico encerrado no 1 x 1 que não era bom só de palavras. O Vasco abriu o
placar, aos 19 minutos, por intermédio de Buglê, e ele cumpriu bem o seu papel
– Pedro Paulo; Lourival (Zé Carlos,
Brito, Moacir e Eberval; Buglê, Alcir e Danilo Menezes; Nado, Nei e Raimundinho
(Silvinho), sendo aprovado para jogar ao lado de Brito. Precisava, depois,
fazer o mesmo ao lado de Fontana. E aconteceu, no 31 de julho, no mesmo local e
com mesmo placar, diante do Bangu, diante de 4.819 testemunhas.
PARA ENCERRAR a temporada-1968, o Vasco
disputou o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, ou Taça de Prata, um dos
embriões do atual Brasileirão. A dupla Brito-Fontana voltou à ativa, mas Moacir
entrou em alguns jogos, as vezes como substituto, ou saindo jogando. Por aquela
época, o time começava a contar, também, com Fernando Silva (ver matéria, em
10.08.2017), mais um aspirante a vaga de “xerife”.
Nascido em
Ouro Preto-MG, em 24 de março de 1944, Moacir Eustáquio Antunes tinha 11 irmãos
e dizia ao xará seu pai e à mãe Maria de Lourdes Silveira Antunes que não seria
só jogador de futebol. Iria tão longe nos estudos quanto o irmão engenheiro.
Passou pelo Colégio Agrotécnico (interno, por cindo anos) a Escola Preparatória de Cadetes da
Aeronáutica, ambos em Barbacena-MG. Com estudos equivalente ao atual segundo
grau, não foi adiante. O futebol era o seu futuro, história que rolava desde
que o presidente do Olimpic conseguira autorização do colégio para ele treinar
à noite, entre os juvenis.
Em 1963, aos 19 anos de idade, Moacir já
estava no Villa Nova, de Nova Lima, que lhe pagava a mixuruca quantia de NCr$
40 novos cruzeiros, para tomar conta de sua zaga. Para chegar à Colina, teve de
abrir mão dos 15% sobre o valor do passe (previstos por lei), o exigido,
também, de Eberval e Raimundinho, que
foram juntos com ele para a Colina.
COM BOA ESTATURA (1m77cm) para os zagueiros
brasileiros da época, Moacir usava a filosofia de que “jogador de defesa não pode ayuar
macio”. Coincidia com o pensamento de Brito e de Fontana, dos quais foi bom
substituto durante a conquista do título vascaíno de campeão carioca-1970, o
final do jejum, de 12 temporadas sem faixas do Estadual – dirigido por Elba de
Pádua Lima o Tim, a equipe-base era: Andrada; Fidélis, Moacir, Renê e Eberval;
Alcir e Buglê; Luiz Carlos Lemos (Jaílson), Valfrido, Silva e Gilson Nunes. Em 1971, Moacir brigou por vaga com Miguel e Joel Santana. Em 1972, já
não aparecia mais nas escalações vascaínas.
Mandei este texto pelo facebook para uma de sua filhas
ResponderExcluirMoacir Eustaquio Antunes, para nós, apenas Moacir, ótimo ser humano, correto, amigo dos amigos, quase fui seu cunhado.
ResponderExcluirJa faleceu, e guardo muitas lembranças boas deste cara fantástico