Vasco

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sábado, 6 de janeiro de 2018

O VENENO DO ESCORPIÃO - NOS TEMPOS DOS CABELUDOS DA ONDA DO IÊ-IÊ-IÊ

Em 1966, o ritmo “yea-yeah-yeah, que recebeu acentuação tônica no Brasil – iê-iê- íê – andava a todo o vapor. Os conservadores execravam os jovens cabeludos e quem falasse de “música jovem”, alegando que a música não tinha idade – claro que tinha, como a matemática, a medicina, a poesia, etc, que, um dia, nasceram.
 Outros afirmavam que Roberto Carlos não tinha estampa para disputar o Festival de San Remo, na Itália – foi lá e venceu a tradicional  disputa musical, cantando, em italiano, “Canzone per te”, de Sergio Endrigo.

Este foi o disco de maior sucesso nos tempos do iê-iê-iê
Com a grana que o sucesso alavancado pela música do italiano lhe rendeu, Roberto comprou uma fazenda, no KM-276 da Rodovia BR-29, com área de 31 mi hectares e pista paras pouso de pequenos aviões, no município de Diamantina-MG. Em São Paulo, adquiriu um restaurante e 10 postos de gasolina – momento tão “barra limpa” que usou esta gíria da juventude década-1960 para batizar com ela duas das aquisições.
 Era dura a marcação dos inimigos do iê-iê-iê e dos cabeludos. Para estes, quem usasse calças justas seria desajustado social, principalmente por gostar do que chamavam de “musiquinhas fáceis, chatas e importadas da Inglaterra” – de onde nos chegou o futebol. Esqueciam-se, também, que os ingleses ajudaram Dom João VI a escapar do imperador francês Napoleão Bonaparte, para o Brasil acontecer.
 As críticas zuniam e os cabeludos iamem frente. Por aquele mesmo 1966, Roberto Carlos foi levado para a literatura de cordel, pelos cantores, violeiros e poetas das feiras populares do Nordeste. Virou personagem de dois livrinhos – “Carta de Satanás a Roberto Carlos” e “A moça que mordeu o travesseiro pensando que era Roberto Carlos” foram os títulos.
No primeiro livrinho, Satanás andava uma fera com cara, por mandar tanta gente para seu pedaço, onde não cabia mais ninguém. Tudo por conta do megassucesso “Quero que vá tudo pro inferno”.  No segundo, a moça levava a sua paixão ao extremo, transformando o que devereia ser um beijo em mordida – depois, teve, tmbém, a resposta de Roberto à carta de Satanás.
 Enquanto a marcação aos cabeludos ficava só por palavras, dava pra segurar. Mas houve quem exagerasse e quisesse trucida-los. A músicas “Querem acabar comigo”, gravada por Roberto, foi inspirada em um tiroteio que ele travou com uns caras, em São Paulo – Roberto sempre foi bom de briga, segundo Erasmo.

Roberto, Wanderléa e Erasmo na foto da capa do livro
Por falar no “Temendão”, este sofreu muito, também, com a fúria dos que execravam os cabeludos. Pelos inicios de 1967, ele foi cantar no Clube Recreativo, em Sorocaba. À chegada e durante o show, uma rapaziada lhe xingava.
Quando Erasmo saía do clube, para ir embora, a coissa continuou. Então, Erasmo saiu na prorada com os caras. Foi para em uma delegacia de polícia. E saiu de Sorocaba escoltado por carro da PM.
 Por volta das quatro da madrugada, ao chegar em um local chamado Brigadeiro Tobias, os mesmos caras surgiram na estrada e dispararam cinco tiros que acetaram a parte dianteira do seu carro.
 Erasmo atribuiu ter saído vivo daquela a Santo Antônio. Na véspera, uma sexta-fdiras 13, o avião que o levava do Rio de Janeiro a São Paulo passou um tempão sobrevoando a cidade, até que arumassem a pista para um pouco com um pneu furado.
  O tempo dos cabeludos passou e Roberto Carlos é, hoje, um sujeito considerado chato. Já até mandou um seu advogado entrar na Justiça contra quem escreveu uma tese de mestrado sobre as roupas dos tempos da Jovem Guarda, termo criado por Vladimir Ulyanov e que, no Brasil, foi registrado pelo publicitário Carlito Maia, para nomimar um programa musical de TV – hora de a literatura de cordel manda-lo praquela musiquinha que encheu o saco de Satanás.                        

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