Em
1966, o ritmo “yea-yeah-yeah, que recebeu acentuação tônica no Brasil –
iê-iê- íê – andava a todo o vapor. Os conservadores execravam os jovens
cabeludos e quem falasse de “música jovem”, alegando que a música não tinha
idade – claro que tinha, como a matemática, a medicina, a poesia, etc, que, um
dia, nasceram.
Outros afirmavam que Roberto Carlos não tinha
estampa para disputar o Festival de San Remo, na Itália – foi lá e venceu a
tradicional disputa musical, cantando,
em italiano, “Canzone per te”, de Sergio Endrigo.
Com
a grana que o sucesso alavancado pela música do italiano lhe rendeu, Roberto
comprou uma fazenda, no KM-276 da Rodovia BR-29, com área de 31 mi hectares e
pista paras pouso de pequenos aviões, no município de Diamantina-MG. Em São
Paulo, adquiriu um restaurante e 10 postos de gasolina – momento tão “barra
limpa” que usou esta gíria da juventude década-1960 para batizar com ela duas
das aquisições.
Este foi o disco de maior sucesso nos tempos do iê-iê-iê |
Era dura a marcação dos inimigos do iê-iê-iê e
dos cabeludos. Para estes, quem usasse calças justas seria desajustado social,
principalmente por gostar do que chamavam de “musiquinhas fáceis, chatas e
importadas da Inglaterra” – de onde nos chegou o futebol. Esqueciam-se, também,
que os ingleses ajudaram Dom João VI a escapar do imperador francês Napoleão
Bonaparte, para o Brasil acontecer.
As críticas zuniam e os cabeludos iamem
frente. Por aquele mesmo 1966, Roberto Carlos foi levado para a literatura de
cordel, pelos cantores, violeiros e poetas das feiras populares do Nordeste.
Virou personagem de dois livrinhos – “Carta de Satanás a Roberto Carlos” e “A
moça que mordeu o travesseiro pensando que era Roberto Carlos” foram os
títulos.
No
primeiro livrinho, Satanás andava uma fera com cara, por mandar tanta gente
para seu pedaço, onde não cabia mais ninguém. Tudo por conta do megassucesso
“Quero que vá tudo pro inferno”. No
segundo, a moça levava a sua paixão ao extremo, transformando o que devereia
ser um beijo em mordida – depois, teve, tmbém, a resposta de Roberto à carta de
Satanás.
Enquanto a marcação aos cabeludos ficava só
por palavras, dava pra segurar. Mas houve quem exagerasse e quisesse
trucida-los. A músicas “Querem acabar comigo”, gravada por Roberto, foi
inspirada em um tiroteio que ele travou com uns caras, em São Paulo – Roberto
sempre foi bom de briga, segundo Erasmo.
Por
falar no “Temendão”, este sofreu muito, também, com a fúria dos que execravam
os cabeludos. Pelos inicios de 1967, ele foi cantar no Clube Recreativo, em
Sorocaba. À chegada e durante o show, uma rapaziada lhe xingava.
Quando Erasmo saía do clube, para ir embora, a coissa continuou. Então, Erasmo saiu na prorada com os caras. Foi para em uma delegacia de polícia. E saiu de Sorocaba escoltado por carro da PM.
Por volta das quatro da madrugada, ao chegar em um local chamado Brigadeiro Tobias, os mesmos caras surgiram na estrada e dispararam cinco tiros que acetaram a parte dianteira do seu carro.
Roberto, Wanderléa e Erasmo na foto da capa do livro |
Quando Erasmo saía do clube, para ir embora, a coissa continuou. Então, Erasmo saiu na prorada com os caras. Foi para em uma delegacia de polícia. E saiu de Sorocaba escoltado por carro da PM.
Por volta das quatro da madrugada, ao chegar em um local chamado Brigadeiro Tobias, os mesmos caras surgiram na estrada e dispararam cinco tiros que acetaram a parte dianteira do seu carro.
Erasmo atribuiu ter saído vivo daquela a Santo
Antônio. Na véspera, uma sexta-fdiras 13, o avião que o levava do Rio de
Janeiro a São Paulo passou um tempão sobrevoando a cidade, até que arumassem a
pista para um pouco com um pneu furado.
O tempo dos cabeludos passou e Roberto Carlos
é, hoje, um sujeito considerado chato. Já até mandou um seu advogado entrar na
Justiça contra quem escreveu uma tese de mestrado sobre as roupas dos tempos da
Jovem Guarda, termo criado por Vladimir Ulyanov e que, no Brasil, foi registrado
pelo publicitário Carlito Maia, para nomimar um programa musical de TV – hora
de a literatura de cordel manda-lo praquela musiquinha que encheu o saco de
Satanás.
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