O jornalista Paulo Rodrigues, irmão de Nélson Rodrigues, escreveu em
“Manchete Esportiva” que o “retrato do craque é o que o público exige nos
jornais e revistas”. Verdade, embora nem todo atleta possa ser chamado de craque.
Estes, só mesmo os excepcionais.
Miguel não foi excepcional, mas um goleiro muito importante em determinado
momento da vida vascaína. Ele via Ita voando, como uma fera, sobre a
sua sombra e sentia ser preciso reagir, rápido. Jogara menos do que o
concorrente, em 1960, e pouco mais, em 1961. No entanto, em 1962, o dono da
jaqueta 1 passou a ser Humberto Torgado. Pelo jeito, teria que procurar novos
rumos. E ele foi para a Colômbia.
Depois que a Seleção
Brasileira conquistou o bicampeonato mundial de futebol, no Chile-1962, a
preferência dos colombianos por argentinos mudou. Eles passaram a contratar
atletas e treinadores brasileiros, em grande escala. Queria assimilar a bola
canarinha. E foi por ali que Miguel saiu da briga pela titularidade no arco da
Colina.
Em reprodução do site www.paixaovascao.com.br, Miguel,o goleiro SS-58, é o segundo em pé, da esquerda para a direita |
Convidado pelo treinador
brasileiro Gaudêncio Tiago de Melo, o goleiro cruzmaltino foi negociado,
juntamente com o ponta-esquerda Tiriça, custando o pacote US$ 3 mil 500
dólares, o que equivalente a Cr$ 3 milhões de cruzeiros – Miguel foi ganhando
US$ 1.500 dólares de luvas e mesmo número no ordenado, mas em pesos
colombianos.
Com o que juntaria do contrato colombiano,
Miguel esperava fazer a sua independência financeira, para voltar ao Vasco e
jogar, como amador, sem nada receber. Seria a sua forma de retribuir o que o
clube fizera por ele, que recebera uma carta de agradecimento, pelos serviços
prestados durante oito anos na Colina.
Miguel chegou a São Januário,
em 1956, para jogar pelo time juvenil. Dois anos depois, ainda soldado do Corpo
de Fuzileiros Navais, já estava no time titular ‘SuperSuperCampeãoCarioca-1958”.
Quando saiu, ainda levou o título de bicampeão estadual dos aspirantes.
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