Vasco

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sábado, 27 de janeiro de 2018

O VENENO DO ESCORPIÃO - O DIA EM QUE CAFÉ DEU NO PÉ E RÁPIDO SUBIU A SERRA

O Brasil é o país com a maior população católico do planeta. O que não impediu ao protestante João Fernandes de Campos Café Filho de governa-lo, entre 24 de agosto de 1954 a 8 de novembro de 1955, substituindo o “suicidante” Getúlio Vargas, do qual era vice.
 Único presidente da república nascido no Rio Grande do Norte, onde o café jamais foi  produto agrícola de cultivo tradicional, Café Filho foi “despresidenteado” da Presidência da República, durante um rebu em que a UDN-União Democrática Nacional e uma ala do Exército “desnormalizavam”, politicamene, o país.
Durante a bagunça, Café jamais amadureceu uma postura política. Manteve-se indiferente à balbúrdia institucional e “convidou” o general e ministro da Guerra, Henrique Lott, a dar um sossego nos plantadoes de golpe – e garantir a posse do Juscelino Kubitschek, que derrotara o candidato oficial, Juarez Távora.
O presidente Café Filho foi capa de revista
nos Estados Unidos 
 Caldo entornado, Café desceu pelo coador e esfriou no bule. Problema de saúde, segundo ele, o obrigara a dar um a de garçon e a entregar o governo ao presidente da Câmara, deputado Carlos Luz, que pouco iluminou a cena sucessória. Logo ali na esquina estava, de novo, o general Lott enchendo o saco. Apagou Luz e acendeu Nereu Ramos, vice-presidente do Senado, na presidência da República.
Fogo fervendo, Café queria voltar a esquentar a sua cadeira. Não deu. Aprovaram um estado de sítio sem chances de brotar Café e o seu impedimento, confirmado pelo Supremo Tribunal Federal-STF.
 Assim, Juscelino – votado, diplomado, empossado e enfaixado, em em 31 de janeiro de 1956 – deixava para trás um terrível período de ameaças, medos, apreensões e perplexidades e  recebia o cargo presidencial de Nereu Ramos.
 Naquele dia, Café deu no pé. Há 71 dias recolhido ao seu apartamento, no Edifício Mamoré, na altura do Posto 6, em Copacabana, no Rio de Janeiro, ele apareceu em público, bem disposto, não parecendo que passara por uma “sapitucas”. E se mandou, para Petrópolis, acompanhado pelos amigos Munhoz da Rocha e Monteiro de Castro. Iria mornar em um repouso serrano.
 Momentos antes, o potiguar havia assisito, pela TV, a posse do JK, no Palácio Tiradentes. Ao dar  no pé, Café foi transportado para fora de casa usando sapatos marron e branco, sem  combinar com o bule e a xícara usados no desjejum. A gravata, porém, era preta, da cor de café. Já o terno branco, de linho, tinha a cor de leite, deixando-o café com leite – leite que era o principal produto da terra do JK, sucedido (em 1961),  por Jânio Quadros, candidato de São Paulo, a terra do café – do cafezinho de boteco, é claro!                 

                            

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