O
Brasil é o país com a maior população católico do planeta. O que não impediu ao
protestante João Fernandes de Campos Café Filho de governa-lo, entre 24 de
agosto de 1954 a 8 de novembro de 1955, substituindo o “suicidante” Getúlio
Vargas, do qual era vice.
Único presidente da república nascido no Rio
Grande do Norte, onde o café jamais foi
produto agrícola de cultivo tradicional, Café Filho foi
“despresidenteado” da Presidência da República, durante um rebu em que a
UDN-União Democrática Nacional e uma ala do Exército “desnormalizavam”, politicamene,
o país.
Durante
a bagunça, Café jamais amadureceu uma postura política. Manteve-se indiferente à
balbúrdia institucional e “convidou” o general e ministro da Guerra, Henrique
Lott, a dar um sossego nos plantadoes de golpe – e garantir a posse do Juscelino
Kubitschek, que derrotara o candidato oficial, Juarez Távora.
O presidente Café Filho foi capa de revista nos Estados Unidos |
Caldo entornado, Café desceu pelo coador e
esfriou no bule. Problema de saúde, segundo ele, o obrigara a dar um a de
garçon e a entregar o governo ao presidente da Câmara, deputado Carlos Luz, que
pouco iluminou a cena sucessória. Logo ali na esquina estava, de novo, o
general Lott enchendo o saco. Apagou Luz e acendeu Nereu Ramos, vice-presidente
do Senado, na presidência da República.
Fogo
fervendo, Café queria voltar a esquentar a sua cadeira. Não deu. Aprovaram um
estado de sítio sem chances de brotar Café e o seu impedimento, confirmado pelo
Supremo Tribunal Federal-STF.
Assim, Juscelino – votado, diplomado, empossado e
enfaixado, em em 31 de janeiro de 1956 – deixava para trás um terrível período
de ameaças, medos, apreensões e perplexidades e recebia o cargo presidencial de Nereu Ramos.
Naquele dia, Café deu no pé. Há 71 dias
recolhido ao seu apartamento, no Edifício Mamoré, na altura do Posto 6, em
Copacabana, no Rio de Janeiro, ele apareceu em público, bem disposto, não
parecendo que passara por uma “sapitucas”. E se mandou, para Petrópolis,
acompanhado pelos amigos Munhoz da Rocha e Monteiro de Castro. Iria mornar em
um repouso serrano.
Momentos antes, o potiguar havia assisito,
pela TV, a posse do JK, no Palácio Tiradentes. Ao dar no pé, Café foi transportado para fora de casa
usando sapatos marron e branco, sem
combinar com o bule e a xícara usados no desjejum. A gravata, porém, era
preta, da cor de café. Já o terno branco, de linho, tinha a cor de leite, deixando-o
café com leite – leite que era o principal produto da terra do JK, sucedido (em
1961), por Jânio Quadros, candidato de
São Paulo, a terra do café – do cafezinho de boteco, é claro!
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