O brasileiro gosta muito de falar que foi o primeiro
e é o maior do mundo nisso e naquilo. Diz, por exemplo, que o primeiro
sequestro de um vião comercial rolou por aqui. Mas não foi bem assim.
Pela época da chamada “guerra fria”, entre os
blocos ideológicos liderados pelos Estados Unidos e a então União Soviética, haviam
tentativas de fuga do regime comunista que envolvia vários países do leste
eorupeu. Pouco se sabia sobre o que rolava por dentro da apelidada “Cortina de
Ferro”, principalmente, se o fato desagradasse ao regime. Mas soube-se que, em
1953, o piloto Mira Slovak, de empresa aérea da Tchecoeslováquia, desviou um
avião DC-3, em rota doméstica, levando 25 passageiros para Frankfurt, na então Alemanha
Ocidental, onde pediu asilo político. Logo, seis temporadas antes do que os
brasileiros dizem terem feito primeiro. Vejamos este rolo:
O
governo do presidente Juscelino Kubitscheck aproximava-se do final, quando cinco oficiais da Aeronáutica, liderados pelo
major Haroldo Coimbra Veloso, partiu para a derrubada do regime. Pensava em
bombardear os palácios Laranjeiras e do Catete, no Rio de Janeiro, e invadir as
bases de Santarém e Jacareacanga, no Pará. O incidente começou em 2 de dezembro de 1959,
quando o major Éber Teixeira Pinto rendeu os pilotos e dominou um quadrimotor comercial
da Panair do Brasil, com 38 passageiros e oito tripulantes, na rota Rio de
Janeiro-Belém-PA.
Naquele
momento, o avião voava sob o céu e as nuvens de Barreiras, na Bahia. O sequestrador
ordenou seguir para Aragarças, em Goiás, obrigando o modelo Constellation a pousar
na região do Rio Araguaia, onde Veloso e mais quatro colegas o esperavam, com
dois aviões C-47 da FAB e que seriam usados na ação.
Enquanto
os passageiros eram levados para o Grande Hotel, da Fundação Brasil Central,
Veloso e a sua patota ficaram à espera de reforços de Belo Horizonte, do Rio de
Janeiro e de São Paulo, que não chegaram, pois Carlos Lacerda, estrela da
UDN-União Democrática Nacional, ultra-inimiga do JK, e o brigadeiro Eduardo Gomes, maior mito da Aeronáutica,
denunciaram a tentativa de golpe ao ministro da Guerra, o marechal Henrique
Baptista Duffles Teixeira Lott, que acabou com a história em apenas 36 horas.
Pois bem! Nos Estados
Unidos, até 1961, nenhum
avião havia sido sequestrado. Até o “lunático” (segundo o FBI) eletricista
Antulio Ortiz, com uma faca de cozinha,
ameaçar matar todos os passageiros, caso não fosse levado para Havana,
em Cuba. Com a arma apontada para a sua jugular – que jeito! -, o piloto o obedeceu e, entre aquele 1961 e
1972, 159 aviões foram desviados de suas rotas - tempos em que os aeroportos
não tinham detetores de metal.
Fotos reproduzidas de www.aragarças.go.gov.br e de www.olhar direto.com.br |
Assim,
depois de tudo oque você leu, anote em seu caderninho que o sequestro aére sob
o céu de Barreira, embora tendo sido o primeiro do Brasil e do mundo não
comunista, não ajudou a moda a pegar
rápido, pois só chegou aos “Iztêtis“ duas tempordas depois. Confere?
Nenhum comentário:
Postar um comentário