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sábado, 2 de junho de 2018

76-O VENENO DO ESCORPIÃO-SALAZAR, O PICARETA DOS PICARETAS PORTUGUESES

                    NEM O CÉU ESCAPAVA DE SUAS PICARETAGENS
 Em Brasília não há “índios”, só “caciques”. Mas, se a levarmos para uma viagem pelo túnel do tempo, ela não será diferente da maioria das paradas onde a história da elite rolou pelo mesmo raio-luz. Picaretas não faltam, principalmente  nesses tempos recentes, ou pós-modernos.
 Nenhum dos “artistas” que passaram por Brasília, Roma, Grécia, Egito, "Oropa" ou Bahia foi tão cara-de-pau quanto o português Antônio de Oliveira Salazar. Se bem que a culpa nem foi tanto dele, mas dos militares que o tiraram do seu sossegado emprego, de professor de Finanças Públicas, da Universidade de Coimbra, e levaram-no ao poder.     
 Salazar, sujeito que não tinha namorada, noiva e nem mulher – ôpa, não era, não! -, arrumou as burras pátrias e não perdeu a chance que os burros militares lhe deram de tornar-se ditador. Foram quatro décadas de sacanagens contra o povo, a começar pelo presidente da república portuguesa, que ele o engoliu, ao tornar-se presidente do conselho de ministros.
Reprodução de capa de livro
 O máximo do máximo da “cara-de-pausismo” salazarista foi durante a Segunda Guerra Mundial, quando ele tentava enrolar aliados e alemães, dizendo-se neutro e jogando com os dois lados. Também, plantou junto ao povo que Portugal nada sofria com a guerra devido a sua sábia condução de política externa, o que valeu-lhe muitas missas de ação de graça.
 Nesse ponto de mexer com a fé do povo, uma das crianças para as quais Nossa Senhora (Maria, para os católicos) havia aparecido, a futura freira Lúcia pecou. Disse ao cardeal Cerejeira, colega de universidade do ditador e avalista católico da ditadura junto ao Papa Pio 12, que a Virgem Santa Mãe de Jesus lhe insinuara, durante uma de suas orações, que Salazar havia sido escolhido por Deus para conduzir Portugal à paz e à prosperidade.
Enquanto Lúcia delirava, ou o Estado Novo delirava em seu nome, Salazar temia que o ditador espanhol Francisco Franco, simpatizante do nazismo, se juntasse à patota de Adolfo Hitler, levasse Portugal para a guerra e, de quebra, o tomasse para a sua glória. Mesmo asssim, ele não saía de cima do muro. Jurava lealdade aos aliados e vendia volfrâmio aos alemães, matéria essencial à fabricação de metade dos armamentos que Hitler mandava para a guerra.
 Durante o período guerreiro, Portugal e colônias dependiam e recebiam, sem interrupções, dos Estados Unidos, trigo, carvão e petróleo. Um bom motivo para aquele país e a Inglaterra pressionarem-no a entregar-lhe uma base área nos Açores, a fim de atacarem submarinos alemães no Atlântico Norte., E, também,e cessar a entraga do volfrâmio a Hitler.
 Salazar enrolava e foi preciso ser avisado de que sofreria  embargo de fornecimento das compras nos Estados Unidos e que os liados iriam ocupar, à força, a base militar pretendida. Enfim, ele cedeu e deixou os alemães sem volfrâmio. Em 5 de junho de 1944. Um grande golpe de sorte, que fez o povo português, com cabeça feita pelo Estado Novo, considera-lo mais e mais ainda um gênio do estadismo. Salazar poderia mudar de nome e passar a chamar-se “Salasorte”. No dia seguinte, os aliados desembarcaram na Normandia e encaminharam, a partir daquele “Dia D”, a vitória sobre o nazismo.    
Em 13 de maio de 1982, a Irmã Lúcia esteve com o Papa João Paulo II, como mostra
 esta foto reproduzida de  www.pt.aleteia.org - Agradecimento
Se Getúlio Vargas saiu deste mundo em um agosto, este foi o mesmo mês em que o líder Salazar começou a sair. Levou uma queda de uma cadeira, deixando os médicos divergindo se sofrera um  hematoma intracraniano, ou trombose cerebral.
 Em setembro do mesmo 1968 foi afastado do governo, substituído por Marcello Caetano. Até seu fim de linha, em 1970, de tão picareta que tornara-se, recebia visitas fazendo de conta que ainda era o que já não era – que picaretagem!    
   


    

      
 


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