No 17 de junho de 1962, a Seleção Brasileira sagrava-se bicampeã mundial de futebol, no Chile. História lembrada ao Jornal de Brasília por um dos heróis daquela conquista, o lateral esquerdo Nílton Santos, que residia na capital do país. Contou ele e Kike reproduz:
- O bi começou a ser ganho naquela lance em que eu fiz o pênalti conta a Espanha, na primeira fase do Mundial. Dei um passo pra cima da linha e o árbitro, que estava distante, assinalou falta fora da área. Os espanhóis venciam, por 1 x 0 e, se abrissem dois gols de vantagem....” - nem imaginava o que poderia rolar.
Para o “Enciclopédia”, no entanto, a sua jogada de mestre mesmo fora ter bons ouvidos, bem ligados, dentro do vestiário, antes do jogo, quando trocava de roupa:
- Escutei o Didi (o meia botafoguense Valdir Pereira) dizer: ‘Vou mostrar àquele filho da puta(referindo-se ao atacante Di Stefano, ao qual acusava de tê-lo boicotado, no Real Madrid) que eu sei jogar bola. Imediatamente, o repreendi, propondo-lhe deixar de fricotes, pois não adiantaria ele jogar bonito e o nosso time perder. Assim, sempre que ele errava um passe eu o xingava e ele me pedia calma. Por sorte, o Didi pensou melhor e eu mexi com os seus brios”.
O selecionado brasileiro da Copa do Mundo-1962 era, praticamente, o mesmo que ganhara o título do Mundial da Suécia. Nilton Santos revelou ter-lhe marcado muito a forma como os companheiros se entreolhavam, durante a apresentação para os treinamentos:
Foto de matéria publicada pelo 'Jornal de Brasilia' de 17.06.2002 |
A estreia canarinha no Chile foi com 2 x 0 México, muito nervosa, durante os 10 primeiros minutos, segundo Nilton Santos.
- O Zagalo não era um goleador, mas marcou o gol (o primeiro) na hora certa” – Pelé fez o segundo.
Nílton garantiu que a retranca da então Tchecoeslováquia - 0 x 0 do segundo jogo – fora a causa do empate:
- Eles não passavam do meio do campo. Nos faltava espaços para trabalhar”.
A terceira partida seria contra a Espanha e Pelé saíra de campo lesionado diante dos mexicanos. Segundo Nílton Santos, quando o médico Hílton Gosling avisou que Amarildo seria o substituto do “Rei”, ele sentiu-se na obrigação de preparar o espírito do colega botafoguense:
- Lembrei-lhe de que ele fora convocado para jogar o que jogava para o Botafogo. Nada mais – Amarildo marcou os dois gols de Brasil 2 x 1.
No terceiro compromisso, o adversário foi a Inglaterra e os canarinhos mandaram 3 x 1, com Garrincha “anormalizando” e marcando gol em cabeçada e cobrando falta. Houve um fato extra-jogo que Nílton contava ter-lhe provocado muitos risos:
Entrou um cachorro no gramado do estádio (Sausalito, emViña Del Mar) e o Garrincha decidiu caça-lo. Depois do jogo, eu disse-lhe: compadre! Você acabou com eles, e ele respondeu: ‘Cachorrinho danado, compadre. Que trabalho me deu’. Eu falava dos ingleses e ele do cachorro. Era assim, o Mané”.
Na semifinal – Brasil 4 x 2 Chile -, Garrincha foi expulso de campo, por chutar o traseiro de um adversário. Mas os cartolas brasileiros deram um jeito para ele jogar a final e ajudar o Brasil a ser bi, com 3 x 1 Tchecoeslováquia, no Estádio Nacional de Santiago – há 56 temporadas
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