Vasco

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quinta-feira, 28 de junho de 2018

14 - NO MUNDO DA COPA - MARCO ZERO


O futebol tem como ponto de partida o chute primitivo, em diversos objetos. Há 2.500 anos antes de Cristo (AC), por exemplo, os chineses já usavam uma esfera de couro, para golpear. Havia quem mandava a pancada na cabeça cortada dos vencidos em combates, num ritual de guerra. Na Grécia (foto), um século AC, a bola era de bexiga de boi, cheia de areia. Outros a faziam com tecidos.
  De forma moderna, o futebol surgiu por intermédio de estudantes ingleses, no século 19, com cada colégio tendo as suas regras - convite certo para brigas e discussões. Para evitá-las, em 26 de outubro de 1863, os jovens futeboleiros londrinos reuniram-se na taberna Freemason´s, para definir uma lei única. Mas terminaram desentendo-se. Resultado: um grupo criou uma liga, para o rugby,e o outro a primeira entidade regularizadora da modalidade, a Football Association, que distribuiu a sua cartilha, pelas escolas da capital inglesa. Em 1904, surgiu a Federação Internacional de Futebol Associado, a FIFA, que coordena a entidade, mundialmente.
No Brasil, segundo os pesquisadores, o futebol foi jogado, inicialmente, por marinheiros estrangeiros e convidados brasileiros, em praias de Pernambuco e de Santos-SP, e por estudantes, nas escolas católicas e laicas, de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Mas coube ao paulista Charles Miller (foto) – filho de imigrantes ingleses que passara 10 anos estudando na Europa – organizá-lo, em 1894. Na volta, ele trouxe duas bolas de couro, um livro de regras e uniformes para os times.
Em abril do mesmo 1894, realizou-se aquela que é considerada a primeira partida do futebol brasileiro, com a equipe de Charles Miller – fez dois gols –, o São Paulo Railway, vencendo o Gás Company, por 4 x 2, no bairro do Brás, na várzea do Carmo, em frente ao gasômetro da capital paulista.
No Rio de Janeiro, poucos conheciam a nova modalidade esportiva, com exceção de ingleses que praticavam o críquete, chegado um século antes. Foi outro sujeito que, também, estudara na Europa - Oscar Cox -, de onde regressara, em 1897, quem o integrou aos cariocas (foto), levando quatro anos para conseguir reunir 10 rapazes que pudessem formar, com ele, um time. Assim, o primeiro jogo de futebol no Rio de Janeiro só ocorreu em 1º de agosto de 1901, com a turma de Cox encarando os ingleses do Rio Cricket Clube, em Niterói. Arrancaram o empate, por 1 x 1.
Naqueles primórdios da bola rolando por aqui – a primeira, de couro cru, segundo a maioria dos pesquisadores, foi feita pelo padre Manuel Gonzales, para os seus alunos, no Colégio Vicente de Paula, em Petrópolis-RJ -, só os ricos podiam jogar o futebol, pois o material de prática era caro e importado.
CLUBES MAIS ANTIGOS – Em 13 de maio de 1888, entre um gole e outro, numa mesa de um bar da paulistana Rua São Bento, engenheiros ingleses, da São Paulo Railway - entre eles, William Snape, William Speer, William Rule, Charles Walker, Percy Lupton e Peter Miller - e alguns comerciantes da terra, criaram a primeira entidade social-desportiva da cidade, o São Paulo Athletic Club, inicialmente, dedicado ao críquete e que, depois, manteve o futebol, até 1912, tendo conquistado os títulos paulistas de 1902/3/4 – atualmente, Clube Atlético São Paulo, disputando só competições amadoras. A glória da maior antiguidade, portanto, é do SPAC (foto), como era chamado.
Das agremiações em atividade, a mais antiga é o gaúcho Sport Club Rio Grande, nascido em 19 de julho de 1900. Torcedores do Botafogo Futebol e Regatas (01.07.1894); do Clube de Regatas Flamengo (17.11.1895); do Clube de Regatas Vasco da Gama (21.08.1898); do Esporte Clube Vitória-BA (13.05.1899) e da Associação Atlética Ponte Preta, de Campinas-SP (11.08.1900) alegam que os seus clubes são mais velhos. Tudo bem! Só que eles não surgiram dedicados ao futebol. Isso pintou depois.
 Também, naqueles primórdios, foram criados clubes, como o Rio Cricket Athletic Association-RJ (1897); Associação Athlética Mackenzie College-SP(1898); Esporte Clube Internacional-SP e Esporte Clube Germânia-SP(1899); Clube Atlético Paulistano-SP e Savóia de Voltorantim-SP (1900); Paisandu Cricket Clube-RJ; Fluminense Futebol Clube-RJ (foto) e Clube Atlético Internacional-SP (1902); Esporte Clube Americano-SP, Foot-ball and Athletic Club-RJ e Esporte Clube Baiano-BA (1903). Foi a partir dessa semente que o Brasil conquistou cinco Copas do Mundo.
RUMO AO PENTA - Em 1930, desorganização; em 34, melhoramos, um pouco; em 38, mostramos o talento do lateral Domingos da Guia e do goleador Leônidas da Silva; em 50, levamos um tombo monumental, após construirmos um templo para o futebol, o Maracanã, onde os uruguaios, com um time que quase não viria disputar o Mundial, levaram a taça que o velhinho Jules Rimet se preparava para nos entregar; em 54, demos um novo vexame, com gente saindo no tapa com quem era melhor em campo, e cartolas exigindo amor à bandeira nacional. Assim foram os nossos cinco primeiros Mundiais.
Para a Copa de 30, no Uruguai, os paulistas brigaram com a CBD, por não incluir nenhum dos seus homens na comissão técnica e, em represália, negaram os atletas das suas equipes à seleção. Em 34, os nossos atletas não sabiam que empatar um jogo seria bom para os dois times, e se matavam, em campo, desnecessariamente. Naquela Copa, até o divino Domingos deu pontapé em adversário, dentro da área. Não lhe avisaram que era pênalti.
 Em 50, o treinador Flávio Costa invocou-se com o bico mole da chuteira do lateral Nilton Santos, que não jogou nenhuma partida, porque causa daquilo. Nilton, a Enciclopédia, foi eleito o melhor lateral-esquerdo do século 20. Ainda bem que as nossas pisadas na bola terminaram em 1958, quando foi planejado um trabalho para dar no que deu: Brasil, o melhor do mundo – bisou feito, em 1962 (foto).
O COMEÇO DA COPA - Em 8 de maio de 1902, o comerciante holandês Carl Wilhelm Hirschmann escreveu uma proposta de união das entidades comandantes do futebol em cada país. Na França, o presidente da Union des Societés Françaises de Sports Athletiques, Roberto Guérin, gostou do que lera e correu atrás. Dois anos 13 dias depois, reunidos em Paris, os dirigentes futebolísticos de Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Suécia e Suíça fundaram a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA). Era plano da entidade realizar um campeonato mundial entre seleções nacionais. Só que nenhum país topava promovê-lo, alegando deficiências nos seus meios de transportes e ainda a pouca receptividade do futebol.
Estava escrito, porém, que, em 1919, o presidente da entidade francesa (desde 1910), Jules Rimet (foto), estaria na presidência da FIFA e conseguiria mostrar aos cartolas, após as Olimpíadas de Paris-1924, que o torneio de futebol – com 25 equipes de vários continentes – deixara um bom lucro para os anfitriões.
Pelos próximos três anos, Rimet dedicou-se a viajar, pela Europa, vendendo o seu sonho de uma Copa do Mundo. Apresentou, oficialmente, a proposta, no congresso que a FIFA realizou, em 1927, em Helsinque, na Finlândia, e o aprovou, após as Olimpíadas de Amsterdan, na Holanda, um ano depois. O sonho virava realidade, de quatro em quatro anos. Équando o atleta brasileiro exibe todo o seu talento, pelos gramados do mundo, e o torcedor faz a festa, repleta de muita criatividade, principalmente quando se tem caneco na mala. Vamos conferir esta história, abaixo.

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