Assim que trocou a capixaba Cachoeiro do Itapemirim,
pelo Rio de Janeiro, nos inícios da animada década-1950, Roberto Carlos caiu no
rock´n´roll, levado pelo seu conterrâneo Carlos Imperial, que esquentava os
brotos cariocas por meio de programas musicais de rádio e de TV.
Por aquele tempo,
Erasmo Esteves liderava a banda “The Sputniks”, contando com Edson Trindade, Arlênio
Lívio, Zé “China” Roberto e Sebastião “Tim” Maia, que indicou Roberto, colega
de um curso de datilografia, para cantor.
Roberto e Tim,
no entanto, desentenderam-se, a banda acabou e Erasmo formou “The Snakes”, com
Trindade, Arlênio e China. Convidou Roberto, mas este ficou pouco, pois
Imperial o tirou para o seu conjunto,
“Os Terríveis”, com Carlos Lira (depois, bossa-novista) cantor .
Pela fase de
“Os Terríveis”, Roberto cantava sucessos
de Elvis Presley. Em seguida, acompanhou Lira rumo à Bossa Nova, quando
Imperial arrumou-lhe duas músicas dele para gravar, em 1960. Foi um completo
chute pra fora imitar João Gilberto para o selo Polydor.
Imperial, porém, não desistiu. Em 1961, emplacou
Roberto na gravadora Colúmbia, pela qual o amigo gravou mas um insucesso de sua
autoria, “Brotinho sem juízo”, e o LP, “Louco por você”, finalizado em 3 de
julho do mesmo 61, repleto de baladas e de
boleros, acompanhado pela orquestra do maestro Astor. Que horror! Mais uma bola
fora.
Antes de
Roberto visitar rock´n´roll, bossa nova, baladas e boleros, o primeiro rock gravado por brasileiros saíra em outubro de
1955, com a Nora Ney dos bolerões alarmantes cantando “Ronda das Horas”, a
versão de” Rock around the clock”, o sucessasso de Bill Halley que colocou o
mundo pra sacudir o esqueleto, Com uma
semana na praça, segundo a “Revista do Rádio”, já liderava as paradas de
sucesso.
Renato Barros criou os solos para Roberto Carlos gravar Splish Splash |
A partir de Nora, o rock passou a ser parte efervecente
momentos da juventude brasuca, com cantores e conjuntos nascendo e emplacando -
menos Roberto Carlos. Mas veio, então, a manhã de 18 de julho de 1963, quando Roberto
entrou no estúdio da gravadora Colúmbia, à espera do conjunto Renato e Seus
Blue Caps, que o acompanharia na gravação de versão de um sucesso
norte-americano de Bob Darin - “Splish,
Splash” - escrita por por Erasmo Carlos, que nada sabia do idioma inglês e
escrevera o que a música lhe dizia.
Dias antes, o
líder dos Blues Caps, Renato Barros, imaginara um tipo de solo para dar à versão
muito mais embalo do que o andamento original. Roberto ouviu e adorou. Mas, como,
até então, ele não emplacava, não tinha nenhum moral na gravadora, ficou de
molho, aguardando o maestro Astor gravar primeiro. E, depois, Rossini Pinto,
que seria acompanhado, também, por Renato e Seus Blue Caps.
Roberto segurou
legal o chá de cadeira num corredor. Pouco antes, havia bebido um café de
pobre, num boteco da Rua Visconde do Rio Branco, perto da Praça Tiradentes. Finalmente, chegado o momento de gravar, os solos
da guitarra de fabricação caseira de Renato Barros mexeram com quem estava por
perto. Ninguém jamais ouvira aquilo na músia popular brasileira. E Roberto nem imaginava o que
estaria por vir. Antes de a gravação chegar às lojas de disco, tocava pelo dia
inteiro dentro do estúdio da Colúmbia. Renato e Seus Blue Caps fizeram,
finalmente, Roberto Carlos decolar.
“Com a música
estourando na praça, a gente saía da gravadora, pelo meio-dia, pra enrolar a
barriga. O Roberto era tão pão-duro que só comia banana frita”, sacaneia
Renato.
Renasto e Seus
Blue Caps não fo responsável somente pela decolagem de Roberto Carlos. Erasmo e
Wanderléa, que formariam, com o primeiro, o trio de maiores ídolos da Jovem
Guarda, também entraram em sua conta.
Erasmo, em pé, ao centro, foi "crooner" de Renato e Seus Blue Caps, antes da carreira solo |
No entanto, ao gravar “Terror dos Namorados” e “Jacaré”, indicou que não iria muito longe na casa, pois não fez sucesso. Haveria, porém, um outubro de 1964 em sua vida. Erasmo, que havia sido cantor de Renato e Seus Blue Capas, foi a estúdio, com os velhos companheiros, e gravou “Minha Fama de Mau”. Pronto! Finalmente, aconteceu.
De sua parte, Wanderléa era aposta da CBS para ocupar
a vaga de rainha da música jovem, aberta por Cely Campelo, que trocara o
sucesso pelo casamento, em 1962.
Inicialmente, ela gravou com a orquestra do maestro Astor e não conquistou o público jovem. Isso só foi acontecer em novembro de 1964, quando gravou “Quero você”, o seu primeiro grande sucesso, acompanhada por Renato e Seus Blue Caps, com gravações nos dias 8 e 9 de setembro.
Inicialmente, ela gravou com a orquestra do maestro Astor e não conquistou o público jovem. Isso só foi acontecer em novembro de 1964, quando gravou “Quero você”, o seu primeiro grande sucesso, acompanhada por Renato e Seus Blue Caps, com gravações nos dias 8 e 9 de setembro.
No disco,
Wanderléa fez sucesso, também, com “Exército do Surf” e “Meu Bem Lollipop” –
estava aberto o caminho para ele se tornar a “Ternurinha”, apelido puxado pelo
sucesso “Ternura”.
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