Vasco

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sábado, 16 de junho de 2018

78 - O VENENO DO ESCORPIÃO - PEGARAM EMBALOS COM RENATO E SEUS BLUE CAPS

   AS JOVENS TARDES DE DOMINGO DOS TEMPOS DO IÊ-IÊ-IÊ                           
   Assim que trocou a capixaba Cachoeiro do Itapemirim, pelo Rio de Janeiro, nos inícios da animada década-1950, Roberto Carlos caiu no rock´n´roll, levado pelo seu conterrâneo Carlos Imperial, que esquentava os brotos cariocas por meio de programas musicais de rádio e de TV. 
Por aquele tempo, Erasmo Esteves liderava a banda “The Sputniks”, contando com Edson Trindade, Arlênio Lívio, Zé “China” Roberto e Sebastião “Tim” Maia, que indicou Roberto, colega de um curso de datilografia, para cantor.
 Roberto e Tim, no entanto, desentenderam-se, a banda acabou e Erasmo formou “The Snakes”, com Trindade, Arlênio e China. Convidou Roberto, mas este ficou pouco, pois Imperial o tirou  para o seu conjunto, “Os Terríveis”, com Carlos Lira (depois, bossa-novista) cantor .
 Pela fase de “Os Terríveis”, Roberto cantava sucessos  de Elvis Presley. Em seguida, acompanhou Lira rumo à Bossa Nova, quando Imperial arrumou-lhe duas músicas dele para gravar, em 1960. Foi um completo chute pra fora imitar João Gilberto para o selo Polydor.
Imperial, porém, não desistiu. Em 1961, emplacou Roberto na gravadora Colúmbia, pela qual o amigo gravou mas um insucesso de sua autoria, “Brotinho sem juízo”, e o LP, “Louco por você”, finalizado em 3 de julho do mesmo 61,  repleto de baladas e de boleros, acompanhado pela orquestra do maestro Astor. Que horror! Mais uma bola fora.
 Antes de Roberto visitar rock´n´roll, bossa nova, baladas e boleros, o primeiro rock  gravado por brasileiros saíra em outubro de 1955, com a Nora Ney dos bolerões alarmantes cantando “Ronda das Horas”, a versão de” Rock around the clock”, o sucessasso de Bill Halley que colocou o mundo pra sacudir o esqueleto,  Com uma semana na praça, segundo a “Revista do Rádio”, já liderava as paradas de sucesso.
Renato Barros criou os solos para Roberto Carlos
 gravar Splish Splash 
A partir de Nora, o rock passou a ser parte efervecente momentos da juventude brasuca, com cantores e conjuntos nascendo e emplacando - menos Roberto Carlos. Mas veio, então, a manhã de 18 de julho de 1963, quando Roberto entrou no estúdio da gravadora Colúmbia, à espera do conjunto Renato e Seus Blue Caps, que o acompanharia na gravação de versão de um sucesso norte-americano de Bob Darin -  “Splish, Splash” - escrita por por Erasmo Carlos, que nada sabia do idioma inglês e escrevera o que a música lhe dizia.
 Dias antes, o líder dos Blues Caps, Renato Barros, imaginara um tipo de solo para dar à versão muito mais embalo do que o andamento original. Roberto ouviu e adorou. Mas, como, até então, ele não emplacava, não tinha nenhum moral na gravadora, ficou de molho, aguardando o maestro Astor gravar primeiro. E, depois, Rossini Pinto, que seria acompanhado, também, por Renato e Seus Blue Caps.
 Roberto segurou legal o chá de cadeira num corredor. Pouco antes, havia bebido um café de pobre, num boteco da Rua Visconde do Rio Branco, perto da Praça Tiradentes.  Finalmente, chegado o momento de gravar, os solos da guitarra de fabricação caseira de Renato Barros mexeram com quem estava por perto. Ninguém jamais ouvira aquilo na músia popular  brasileira. E Roberto nem imaginava o que estaria por vir. Antes de a gravação chegar às lojas de disco, tocava pelo dia inteiro dentro do estúdio da Colúmbia. Renato e Seus Blue Caps fizeram, finalmente, Roberto Carlos decolar. 
 “Com a música estourando na praça, a gente saía da gravadora, pelo meio-dia, pra enrolar a barriga. O Roberto era tão pão-duro que só comia banana frita”, sacaneia Renato.
 Renasto e Seus Blue Caps não fo responsável somente pela decolagem de Roberto Carlos. Erasmo e Wanderléa, que formariam, com o primeiro, o trio de maiores ídolos da Jovem Guarda, também entraram em sua conta.
Erasmo, em pé, ao centro, foi "crooner" de
Renato e Seus Blue Caps, antes da carreira solo
O “Tremendão” Erasmo era a grande aposta das gravadora RGE para a música jovem, mesmo tendo sido recusado pela Odeon e a RCA Victor. 
No entanto, ao gravar “Terror dos Namorados” e “Jacaré”, indicou que não iria muito longe na casa, pois não fez sucesso. Haveria, porém, um outubro de 1964 em sua vida. Erasmo, que havia sido cantor de Renato e Seus Blue Capas, foi a estúdio, com os velhos companheiros, e gravou “Minha Fama de Mau”. Pronto! Finalmente, aconteceu.
De sua parte, Wanderléa era aposta da CBS para ocupar a vaga de rainha da música jovem, aberta por Cely Campelo, que trocara o sucesso pelo casamento, em 1962. 
Inicialmente, ela gravou com a orquestra do maestro Astor e não conquistou o público jovem. Isso só foi acontecer em novembro de 1964, quando gravou “Quero você”,  o seu primeiro grande sucesso, acompanhada por Renato e Seus Blue Caps, com gravações nos dias 8 e 9 de setembro.
 No disco, Wanderléa fez sucesso, também, com “Exército do Surf” e “Meu Bem Lollipop” – estava aberto o caminho para ele se tornar a “Ternurinha”, apelido puxado pelo sucesso “Ternura”.  

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