Vasco

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sábado, 27 de junho de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO – O CARA QUE FEZ ROTEIRO DE TV E DEU NÓ NO TIO SÃO

Embarcou em asa dura e escafedeu-se, usando o aparelho fotografado por www.inforchannel.com.br e documento  migué.
     O Chefe de Reportagem convocou o carinha à sua sala, e nem o cumprimentou quando ele adentrou ao recinto. Foi, logo, estirando-lhe um relatório e pedindo urgência na pauta. Em pé, sem ser convidado a sentar-se e, sem perder tempo, ele leu:
- Pele clara; cabelos, barba e bigode pretos esbranquiçados; altura de 1m79cm; sapatos 41; óculos com lentes brancas e aros pretos; olhos negros e uso frequente de paletó e gravata – fez um sinal de positivo para o Chefe e foi saindo.
 Ao atravessar a porta do birô do Chefe, o carinha balbuciou para os botões do seu casaco:
- Deveria ter me entregue uma passagem para o Japão. Sujeitos assim, sinceramente, encontro, de montão, em Tóquio, Nagoia, Isikawa, Wakayama e na vaca que foi pro brejo.
Reprodução de capa de DVD vendido
por  www.saraiva.com.br
 Antes de entrar no elevador, ele foi chamado pela secretária do Chefe e voltou ao birô do homem, para ouvir:
- Este sujeito, está de olho em cargo em uma grande instituição financeira internacional. Provoque a sua deportação da Terra do Tio São, imediatamente.  
- Motivo, Chefe!
- Ele era dirigente de Estado, em seu país, e vem sendo investigado pela mais alta corte de lá, por racismo e fake news. Temendo ser considerado culpado e preso, contou com a ajuda do seu Chefão, pra fugir pra fora. Durante a noite da sexta-feira passada, ele embarcou rumo à Terra do Tio São, com o seu documento diplomático sem validade, devido a sua saída do cargo já ter sido publicada pelo jornal oficial do seu país. Logo, cometeu crime de responsabilidade.  A partir daqui, converse com o nosso assessor jurídico.
Antes de procurar a fonte indicada pelo Chefe, o repórter consultou jornais dos dias anteriores e leu que o governo da Terra do Tio São havia proibido, pelo final de maio,  a entrada de brazuqueiros no pedaço, devido ao pandemônio da pandemia do coronavírus nos Iztêitiz Brazal. A medida, porém, não se aplicava a diplomatas. O cara analisou a questão, calmamente, e entendeu que o presidente brazuqueiro poderia ter obstruído a Justiça, montando esquema para o seu homem fugir e evitar ser alvo de mandado judicial.
- Puta que pariu! – exclamou o carinha, entendendo estar diante de uma utilização indevida de mandato, para evitar submissão à Justiça, em caso de confirmação de tentativa de fuga.  
Lido de tudo o que precisava, ele foi procurar a assessoria jurídica e ouviu:
David McCallum e Robert Vaughn  na versão televisiva do
 Agente da UNCLE, reproduzidos da divulgação MGM Television
- Pode configurar, também, improbidade administrativa e estelionato. O sujeito usou das prerrogativas de um cargo que, de fato, já não mais o ocupava. Burlou a lei da Terra do Tio São e induziu a autoridade aeroportuária a erro sobre imigração internacional. A partir de quando ele divulgou vídeos, pelas redes sociais, comunicando a sua saída do cargo, já estava exonerado. Portanto, a burla à lei tio-sãonense de imigração é caso de nulidade e, com ele sendo um cidadão comum, pode ser deportado.
 Mais adiante, em seus esclarecimentos, o assessor jurídico disse ao carinha que o ex-dirigente do governo brazuqueiro cometeu, também, crime de falsa identidade, previsto no Código Penal, ao passar por diplomata, iludindo alguém sobre a sua identidade, para obter vantagem.
 Com todas as informações no bolso do seu paletó, o repórter parou, pensou e exclamou, para a manga do seu paletó:
- Até parece uma daqueles seriados do Agente da UNCLE (Rede de Comandos Unidos de Lei e Aplicação, na tradução), da TV da década-1960. E eu não tenho nada a ver com o Napoleon Solo e nem com o Illya Kuryakin.
Kapranóiz: qualquer realidade com a coincidência é mera semelhança.   

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