Gioventù reproduzida de cartão postal |
Apontada como uma das obras primas da pintura brasileira, Gioventù já
foi citada, por estudiosos das artes plásticas, como sendo a Gioconda
brasileira. Inclusive, há quem encontre possíveis pontos de contato entre as
duas obras, como paisagem em
profundidade - renque de árvores - dilargando o espaço pictorial e colorido
suave e etéreo.
Para quem vê a tela
assim, diz que a Gioventù se despe de
sensualismo e lembra figuras do pré-rafaelismo. Um outro ponto de contato
citado pelos analistas é o ar de mistério saído do enigmático dedinho no queixo
da garotinha e do levíssimo esboço de sorriso.
Chegou-se a aventar que Eliseu Visconti
quisesse mesmo levar o espectador à lembrança de La Gioconda. Isso, pelo fato de ele ter nascido na Itália e estar
aperfeiçoando a sua arte na França, onde lhe seria difícil fugir da referências
tipo uma jovem diante de um fundo paisagístico. Tanto que batizada sua tela por
título em italiano, iniciado pela sílaba gio.
La Gioconda, de Leonardo da Vince, reproduzida, também, de postal |
Gioventù
foi concluída, em 1898, quando Eliseu Visconti usava bolsa de estudos obtida,
em 1892, por concurso da Escola Nacional de Belas Artes. Foi a público, pela primeira vez, em 1899, durante exposição do Salão da
Sociedade Nacional de Belas Artes, em Paris, com o título de Melancolie. Em 1900, mereceu a medalha
de prata na Exposição Universal da mesma Paris.
No Brasil, a
primeira mostra individual de Gioventù
foi, em 1901, quando Visconti trocou-lhe de nome. Em março de 1902, ele vendeu a
tela para Silva Vieitas e, em 1941, um
sujeito noticiado por E.G. Fontes fez doação ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde se encontra, na Galeria de Arte Brasileira do Século 19.
Figura por lá como pintura simbolista das brasileiras mais intrigantes, em óleo sobre tela, medindo 65 x 49 cm.
Eliseu d´Angelo Visconti é um dos principais artistas da transição para a pinturas
moderna.Na Paris das belle époque, ele esteve aberto às influências do impressionismo, da art-noveau, do pontilhismo e
do simbolismo, estilos que traduziam o grande passo das artes
plásticas para a modernidade.
Reprodução de www.eliseuvisconti.com.br |
Nascido, em 1866, na italiana Giffoni Vale Viana, província de Salerno, na região da Campânia, ele veio para o Brasil, em 1873, com
a irmã Marianella, e foi morar na fazenda do Barão de Guararema (Luís de Sousa Breves) em Além Paraíba-RJ. Ganhou afeição da esposa do fazendeiro e ela
o enviou para estudar no Rio de Janeiro.
Primeiramente, Visconti estudou música, mas
não era a dele.
Em 1882, entrou para o Liceu de Artes e Ofícios. Em 1885, sem abandona-lo, matriculou-se
na Academia Imperial de Bela Artes, onde seus professores foram grandes
nomes da época, como Zeferino da Costas, Rodolfo Amoedo, José Maria de Medeiros, Henrique Bernardelli e e Victor Meirelles.
Em 1890, Eliseu Visconti aderiu aos moderninhos - professores e alunos que se rebelaram contra as normas de ensino da
casa - e abandonou a Academia de Belas Artes, para participar da fundação do Ateliê Livre. Após reformas governamentais, já no período republicano, a Academia tornou-se Escola Nacional de Belas Artes e ele voltou pra lá. Viveu
até 15 de outubro de 1944.
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