Vasco

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domingo, 7 de junho de 2020

O DOMINGO É UMA MULHER BONITA. GIOVENTÙ, LA GIOCONDA BRAZZUCA

Gioventù reproduzida de cartão postal
 Apontada como uma das obras primas da pintura brasileira, Gioventù já foi citada, por estudiosos das artes plásticas, como sendo a Gioconda brasileira. Inclusive, há quem encontre possíveis pontos de contato entre as duas obras, como  paisagem em profundidade - renque de árvores - dilargando o espaço pictorial e colorido suave e etéreo.
Para quem vê a tela assim, diz que a Gioventù se despe de sensualismo e lembra figuras do pré-rafaelismo. Um outro ponto de contato citado pelos analistas é o ar de mistério saído do enigmático dedinho no queixo da garotinha e do levíssimo esboço de sorriso.
 Chegou-se a aventar que Eliseu Visconti quisesse mesmo levar o espectador à lembrança de La Gioconda. Isso, pelo fato de ele ter nascido na Itália e estar aperfeiçoando a sua arte na França, onde lhe seria difícil fugir da referências tipo uma jovem diante de um fundo paisagístico. Tanto que batizada sua tela por título em italiano, iniciado pela sílaba gio.
La Gioconda, de Leonardo da Vince,
 reproduzida, também, de postal
 Gioventù foi concluída, em 1898, quando Eliseu Visconti usava bolsa de estudos obtida, em 1892, por concurso da Escola Nacional de Belas Artes.  Foi a público, pela primeira vez,  em 1899, durante exposição do Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Paris, com o título de Melancolie. Em 1900, mereceu a medalha de prata na Exposição Universal da mesma Paris.
No Brasil, a primeira mostra individual de Gioventù foi, em 1901, quando Visconti trocou-lhe de nome. Em março de 1902, ele vendeu a tela para  Silva Vieitas e, em 1941, um sujeito noticiado por E.G. Fontes fez doação ao Museu Nacional de Belas Artes,  no Rio de Janeiro, onde se encontra,  na Galeria de Arte Brasileira do Século 19. Figura por lá como pintura simbolista das brasileiras mais intrigantes, em óleo sobre tela, medindo 65 x 49 cm.
  Eliseu d´Angelo Visconti  é um dos principais artistas da transição para a pinturas moderna.Na Paris das belle époque, ele esteve aberto às influências do impressionismo, da art-noveau, do pontilhismo e do simbolismo, estilos que traduziam o grande passo das artes plásticas para a modernidade.
Reprodução de www.eliseuvisconti.com.br
Nascido, em 1866, na italiana Giffoni Vale Viana, província de Salerno, na região da Campânia, ele veio para o Brasil, em 1873, com a irmã Marianella, e foi morar na fazenda do Barão de Guararema (Luís de Sousa Breves) em Além Paraíba-RJ.  Ganhou afeição da esposa do fazendeiro e ela o enviou para estudar no Rio de Janeiro.
 Primeiramente, Visconti estudou música, mas não era a dele.  Em 1882, entrou para o Liceu de Artes e Ofícios. Em 1885, sem abandona-lo, matriculou-se na Academia Imperial de Bela Artes, onde seus professores foram grandes nomes da época, como  Zeferino da Costas, Rodolfo Amoedo,  José Maria de Medeiros, Henrique Bernardelli e e Victor Meirelles.
Em 1890, Eliseu Visconti aderiu aos moderninhos - professores e alunos que se rebelaram contra as normas de ensino da casa - e abandonou a Academia de Belas Artes,  para participar da fundação do Ateliê Livre. Após reformas governamentais, já no período republicano, a Academia tornou-se Escola Nacional de Belas Artes e ele voltou pra lá. Viveu até 15 de outubro de 1944.

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