Vasco

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sábado, 6 de junho de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO – O CARA Q SE DEU BEM POR TABELA (E UMA CADEIRA)

Reprodução de canstockphoto.com
 Existe uma metáfora esportiva dizendo ter algo acontecido por tabela. Vem de lance do basquetebol, em que a bola, antes de computar o ponto marcado, toca em uma superfície quadrada que serve para fixar o aro. Há, portanto, uma intermediação nisso. E foi assim que por tabela virou locução adverbial, aplicada ao que ocorre indiretamente, com ajuda de algo, de intermediários.
Arne reproduzido de
scandinaviandesign.com
 Um dos casos em que alguém se deu muito bem por tabela aconteceu com o arquiteto dinamarquês Arne Jacobsen que, em 1955, desenhou o que numerou por cadeira 3107, que fez parte da sua coleção de móveis da Série 7, tornando-e uma das mais mais vendidas da história do design, pela simplicidade do desenho e a leveza da sua composição. 
Ultimamente, tal cadeira é fabricada com assento em madeira multilaminada, pés em alumínio fundido  e polido com alma de aço. Mede 50 cm de largura; 80, 5cm de altura; 52 cm de profundidade e 46 cm de altura até o assento.
Christine na foto de Lewis que promoveu a cadeira
 Como Jacobsen se deu bem por tabela? Pode-se atribuir isso a uma história começada, em julho de 1961, na Inglaterra. 
Rolava uma recepção de bacanas na casa do Lorde William Waldorf Astor, em Buckinghamshire, quando o Secretário de Estado da Guerra do governo britânico, John Profumo, foi apresentado a Christine Keeler, ao redor de uma piscina
Olhos na moça, Profumo encheu-se de tesão por ela, que topou a sacanagem, mesmo tendo um caso com Yevgeny Ivanov, o adido naval, em Londres, da embaixada da então União Soviética. 
Alertado por Sir Roger Hollis, o chefe do MI-5 (Military Intelligence/Section-5, a contra-espionagem britânica) de que a moça tinha vida sexual muito conturbada, Profumo deu-se conta do rolo em que estava se metendo e escreveu carta à amante, pulando fora da cama dela.
O caso foi a público após Christine se envolver com John Arthur Alexander Edgecombe e este esfaquear seu ex-namorado Aloysius Gordon e disparar tiros de revólver na porta da casa do do médico Stephen Ward, onde  ela estava. 
Reprodução de capa de livro
Era 1962 e o caso gerou processo judicial, sobrando nove meses de cadeia para a Keller,  acusada por falso testemunho, em março de 1963. Foi quando o seu envolvimento com Profumo foi publicado pela imprensa britânica.
 Diante de caso envolvendo a celebridade John Profumo, o  fotógrafo Lewis Morley clicou Christine Keeler em um ensaio sexy. Para o qual, usou a cadeira de Jacobsen e produziu imagens que não seriam nada chocantes, atualmente. 
 O ensaio, no entanto, chocou os conservadores ingleses e terminou impedindo a distribuição do filme The Keeler Affair, para o qual deveria servir de promoção. Promoveu foi  o modelo de cadeira 3107 de Arne Jacobsen.
 Em 1989, o cineasta Michael Caton-Jones reviveu o tema e, no cartaz divulgação do filme Scandal, a atriz Joanne Whalley aparece sentada  em uma chaise 3107. Só que esta não tem o corte no encosto que aparece nas fotos originais de Morley – culpa do continuista.    

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