Foto reproduzida da
revista "10
Imagine o empréstimo de um
grande ídolo de sua torcida, como o goleiro Jefferson. Impossível, não é mesmo?
Há 83 anos, isso acontecia. Exemplo? Em 1931, a “Turma da Colina” atravessou o Atlântico,
na primeira visita de um time carioca ao “Velho Mundo”, e levou, por empréstimo, o primeiro ídolo de
massa botafoguense, o centroavante Carvalho Leite. Nome do filme? “Leite no
vinho português”
Como rolou? Por terem
sido campeões estaduais, em 1929, os jogadores cruzmaltinos ganharam a promessa
de jogarem do outro lado do mundo, onde, de clube brasileiro, só o extinto
Paulistano já estivera. Palavra foi cumprida, o Vasco pensou em formar uma mais
do que terrível dupla “matadora”, reunindo Russinho e Carvalho Leite. E o
Botafogo concordou.
Em 12 jogos – oito
vitórias, um empate e três escorregadas –, Carvalho Leite compareceu às redes
por sete vezes, em oito partidas, com a escalação-base do técnico Harry Welfare
sendo: Jaguaré, Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Bahianinho, Nilo,
Carvalho Leite, Russinho e Máro Matos. Então! Como Russinho mandou 12 bolas no
filó, a reunião da “dupla fatal” fora mais do que acertadao, pois eles
totalizaram 19 dos 45 tentos do giro.
Anote as “matanças” do
“matador” alvinegro pelos cruzmaltinos: 28.06.1931 – Vasco 1 x 2 Barcelona-ESP
(1 gol); 29.06 – Vasco 2 x 1 Barcelona (1); 19.07 – Vasco 3 x 1 Porto-POR (1);
24.07 – Vasco 6 x 2 Ovarense-POR (1); 26.07 – Vasco 1 x 2 Porto-POR (1); 30.07
– Vasco 1 x 1 Vitória de Lisboa-POR (1);
02.08 – Vasco 4 x 1 Sporting-POR (1).
Carlos Antônio Dobbert de Carvalho Leite,
natural de Niterói-RJ, viveu por 92 anos, entre 26 de maio de 1912 e 19 de
julho de 2004. Pelo Botafogo, foi
campeão carioca em 1930/32/33/34/ e o principal artilheiro das disputas de 1936 (15 gols), 1938 (16) e 1939 (22). Pela
Seleção Carioca, ganhou os Brasileiros de Seleções de 1931/1935/1938/1939, e
pela Brasileira fez 26 partidas e 14 tentos, um deles na Copa do Mundo-1930. Em
1934 esteve presente, mas não atuou.
Entre os maiores artilheiros
botafoguenses, Carvalho Leite só perde para Quarentinha, autor de 307. Ele
deixou 262 bolas nas redes, em 303 refregas, média de 0,86 por pugna. Está,
portanto, à frente de “idalaços”, como Garrncha (243); Heleno de Freitas (209);
Jairzinho (186,); Túlio “Marvilha” (159); Paulo Valentim (135); Amarildo (134)
e Gérson “Canhotinha de Ouro” (96). Ele
despediu-se dos gramados, em 15 de janeiro de 1942, em Botafogo 3 x 1 Bahia,
sem marcar gol. Depois, fez parte do colegiado dos árbitros cariocas e
formou-se em Medicina, para servir ao Botafogo, por quase meio-século.
Além de Carvalho Leite, o Vasco levou mais
um outro goelador botafoguenses à excursão à Europa: Nilo Murtinho Braga, o quinto
maior artilheiro alvinegro – 190 gols, em 201 jogos, média de 0,95 por partida. Ele marcou oito tentos.
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