Vasco

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sábado, 31 de outubro de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO - GAÚCHOS CAÍRAM DO CAVALO POR PRECONCEITO

Reproduzido de www.historiadobrasilja.com.br

 O preconceito é algo considerado, politicamente, incorreto, nesses tempos pós-modernos. Trata-se de postura desfavorável, por espírito hostil, baseado em julgamento açodado. Pode pintar por várias vertentes:  sobre cidades, cor da pele, religião, preferência sexual, etc, etc,etc. Para estudiosos do tema, isso prejudica o desenvolvimento de uma sociedade justa, democrática.

 Há pessoas que negam ter algum preconceito, Pois eu tenho um: contra flamenguista. Se um deles vier caminhando em meu rumo, mudo de calçada.

 Bá, tchê! Mas não foi que um preconceito melou o chimarrão dos gaúchos? Pois foi! Tudo porque eles consideravam  indigno ao homem lutar a pé. Teria que ser montado a cavalo. Então, já que pensavam assim, um sujeito muito caxias – Luís Alves de Lima e Silva – explorou a tática inadequada para a Revolução Farroupilha – 1835 a 1845 – e evitou que o Império dos Orleans e Bragança tivesse uma República Rio-Grandense colada nos seus costados – na verdade, tivera, durante 10 temporadas, com governo, bandeira, hino, escambau!

 Naquela guerra que não teve vencedor e nem vencidos rolou sacanagens dos dois lados. Da parte do Império, este taxava as importações  de gado uruguaio, prejudicando o principal produto de comércio da sua província, o charque,  exportado para o Nordeste, os Estados Unidos e a Inglaterra; do lado gaúcho, Bento Gonçalves da Silva, coronel do Exército e comandante das tropas imperiais nas fronteiras por ali perto, contrabandeava e garantia fornecimento bovino aos estancieiros de sua terra. Foi por ali que,  no 20 de setembro de 1835, o Rio Grande do Sul decidiu sair no pau com o Brasil.

Bento Gonçalves reproduzido de www.portaldasmissões

 Ousadia de uma província? Sim! Mas quem mandou Portugal ensinar sacanagem à sua gente d´além mar? O jogo sujo português começa em 7 de junho de 1494, quando Dom João II passou a perna em  Dom Fernando II e, pelo Tratado de Tordesilhas, ficou com o direito de descobrir o Brasil.

Vem 1733 e Portugal mandou mais sacanagem pra cima da Espanha: os seus “sesmarios” montaram trampos além do que o tratado de 1494 determinava, se expandiram. E 95 viradas de calendário, consolidaram o que virou o Rio Grande do Sul. Talvez, até a pedido dos espanhóis. Enquanto os portugas lhe roubavam terrenos e implementavam atividades econômicas, eles  ficavam instalando quartéis em postos avançados. Chutavam pra fora, pois em quartel não corria grana. Assim, um dia, de Santa Catarina pra baixo, tudo virou brazuca, oficialmente.

    Pois bem! Rolava a Revolução  Farroupilha e os cavaleiros gaúchos mandavam bem. Pena que não tivessem infantaria, estratégia para segurar os trampos conquistados. Poe sinal, o glorioso Luizão deve muito a isso o seu futuro título de Duque de Caxias. Se os republicanos rio-grandenses mantivessem quartéis, intendências, talvez, o glorioso Luís Alves de Lima e Silva nem figurasse na nota de ... cruzeiros, dos tempos do presidente Getúlio Vargas.

             O Duque de Caxias na cédula de dois cruzeiros, lançada em 1955 

 Quando nada, daquele desperdício de tempo com guerra inútil, o caudilho Bento Gonçalves tornou-se o primeiro presidente indireto neste país – da Província do Rio Grande do Sul -, situação revivida pelo marechal Humberto de Alencar Castello Branco, 114 brilhos do sol depois, em 1964.

 Para estudiosos modernos do aprimoramento democrático, eleição indireta é algo politicamente incorreto - parente de preconceito.


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