Em 1977, o Brasília repetiu o feito regional e levou vaga no Brasileirão. Até então, o clube só havia disputado amistosos
contra clube das proximidades e nunca sído da capital brasileira. O máximo que fizera fora encarar o Flamengo, amistosamente, no velho e demolido Estádio
Mané Garrincha, que ainda chamava-se Governador Hélio Prates da Silveira, em
homenagem a um coronel gaúcho nomeado pelos generais-presidentes que mandavam
no país para governar o DF.
Por aquele tempo, onde a ARENA-Aliança
Renovadora Nacional, o partido do Governo, escorregasse
no tomate, a Cofederação Brasileira de Desportos-CBD cololava-se um time do
lugar no Nacional. Assm foi que, em 1976, Brasília, que, ainda, não tinha representação
política, perdeu, para Campinas-SP, a vaga que vinha sendo do Ceub, pois, no
território campineiro, o MDV-Movimento Democrático Brasileiro dava as cartas.
Vaga prometida, o Brasília
pareceu não aceditar muito no presente. Tanto que não foi às compras e se
apresentou para o Brasileirão com os mesmos rapazes das anteriores jornadas
candangas nos demolidos Pelezão e Silveirão. Alienígena só Geraldo Galvão,
veterano ex-Cruzeiro, que estava pelo DF há algum tempo.
Divulgada a tabela, pela CBD, da primeira
grande disputa do Brasilia, a sua estreia seria fora de casa, em Curitiba, diante
do Atlético Paranaense, um dos “grandes”
de sua terra. Para imprensa e torcedores candangos, aquele time caseiro da
capital brasileira deveria ser “ponto
certo” para o “Furacão” (apelido
do Atlético-PR). Se o jogo estivesse incluido no Teste 359 a Loteria Esportiva,
o daquele final de semana, a Coluna 2, com certeza, não teria nenhuma aposta na
“zebra”.
Luís Carlos e Ney pulam sobre Banana; Uel comemora com Julinho
O Brasília entrou no gramado do Estádio Coutro
Pereira alvirrubro nas camisas e nos meiões, enquanto o Atlético-PR preferia o
branco nas jaquetas e meias, com escudo no centro do peito por onde passavam
listas horizontais rubro-negras. Pouco depois de o paulista Edmndo Abssanra apitar
maricota rolando, o treinador do time
anfitrião, Lauro Burigo, viu que os visitantes não seriam, como se esperava - ponto certo, coisa nenhuma. Ele os via rápidos,
tocando bem na bola e não respeitando a sua patota. Pra complicar mais: aos 33
minutos, com o Brasília dominando a contenda, o meia-atacante Ernani Banana acertou um tirambaço, de fora da área, à esquerda do goleiro atleticano: 1 x 0
e placar do primeiro tempo.
Veio a segunda etapa e a torcida rubro-negra
curitibana ficou com a impressão de já ter assistido aquele filme antes. Nem
acreditou de ver a sua moçada se segurando para não levar mais gols. Mas não
adiantu. Ao 10 minutos, o centroavante Jorgeney Nery, o Ney, driblou dois zagueiros
atleticanos e mandou a pelota para o canto direito dereito do goleiro da casa. Matou
o “Furacão”, que se fechou todo
temendo goleada. Só conseguiu um golzinho, a 15 minutos do final da partida (por
Katinha), muito mais por conta de erro tático do treinador AyrtonNgueira, que
trocou o meia Moreirinha (que dominava o meio-de-campo, com Uel e Ernâni Banana), pelo zagueiro Emerson Braga -
ainda era cedo para segurar placar.
O Brasília surpreendeu por causa
de: Déo; Edvaldo (Fernandinho), Jonas Foca, Luís Carlos Calica
e Geraldo Galvão; Uel, Moreirinha (Emerson Braga) e Ernâni Banana; Julinho Rodrigues,
Ney e Bira. O Atlético-PR alinou: Altevir; Cláudio Radar, Gilberto, Alfredo e
Cláudio Marques; Flávio, César (Parazinho) e Bira Lopes; Tadeu (Katinha),
Ademir e Cabral. Como a Brasilia da
época só respirava os ares do regime militar dos generais-presidente, o
supreendente Brasilia desembarcou à noite do dia seguinte, no Aeroporto JK, sem
que ninguém lhe desse atenção, ou soubesse quem eram aqueles caras com caras
tão sorridentes. Da imprensa, só estava presente o Jornal de Brasília.
Nenhum comentário:
Postar um comentário