Vasco

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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

HISTORI&LENDA - HARRY WELFARE SHOW



Welfare reproduzido de 'Esporte Ilustrado'
Vasco 7 x 0 Flamengo é a maior goleada da moçada sobre o maior rival. Rolou no 26 de abril, pelo Campeonato Carioca-1931. Só o atacante Russinho – Moacir Siqueira de Queirós – compareceu quatro vezes às redes, mais precisamente, aos 5 e aos 30 minutos do primeiro tempo, e aos 14 e aos 43 do segundo, tendo Mário Mattos, aos 27 e aos 34 da etapa inicial, e Santana, aos 4 da etapa final, completado o assombro.
Foi um jogo, também, muito nervoso, com o árbitro Leandro Carnaval expulsando de campo o vascaíno Fausto dos Santos (mais tarde, jogou com a camisa do rival) e o rubro-negro Penha, aos 37 minutos do primeiro tempo.
Naquela tarde massacrante, o time vascaíno alinhou: Jaguaré, Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto (Nesi) e Mola; Baiano, Oitenta e Quatro, Russinho, Mário Mattos e Sant´Anna. DETALHE:  na época, atleta excluído a partida poderia ser substituído. Então, o treinador vascaíno Harry Welfare colocou Nesi na vaga de Fausto.
  Quanto a Welfare, este foi atleta  no futebol inglês, dos times Nomad, Liverpool e Rovers, e veio para o Brasil como professor, em 1912, do Colégio Anglo-Brasileiro. Como ainda batia uma bolinha legal, jogou pelo Fluminense e o Flamengo. Foi treinador da “Turma da Colina”, de 1927 a 37, e em 1940. Nascido em Liverpool, em 20 de agosto de 1888, Welfare ficou pelo Brasil e por aqui viveu o seu último dia no planeta, em Cabo Rio-RJ, em 1º de setembro de 1996. Teria marcado 298 gols em 296 jogos, atuando pelo estilo dos chamados “tanques”.























terça-feira, 30 de janeiro de 2018

OS ARQUEIROS DA COLINA-8 - MIGUEL-2

O jovem Miguel foi capa da Revisa do Esporte...
Garoto pobre, nascido em Macaíba- RN – 29.09.1937 – Miguel Ferreira de Lima não chegou a ser aquele garoto que comeu o “pão que o diabo amassou”. Mas teve infância e adolescência dura, pois os seus pais –  Diocleciano Ferreira de Sousa, o “Seu Lucas”, e  Maria Madalena de Medeiros – eram daqueles heróis que sobreviviam com o que o homem, analfabeto, arrecadava em suas andanças pelas feiras livres potiguares, onde chegava carregando as sus vendas em lombo de jegue.
Diante de vida nada fácil – em sua casa não havia nem luz elétrica –, o garoto Miguel estudou no  Grupo Escolar Auta de Souza, mas não juntou bagagem para ir longe. Sorte dele que o futebol estava ali na esquina esperando-o para dar-lhe uma vida melhor.
 Inicialmente, Miguel foi goleiro do Cruzeiro macaibense. Bom no ofício, ganhou um outro melhor, emprego no cartório de notas da cidade, pois o tabelião Raimundo Barros Cavalcanti ficou seu fã e previa-lhe grandes dias, se saísse da cidade. Saiu e foi para o juvenil do Santa Cruz, de Natal. Depois, profissionalizou-se para defender o Alecrim.

BIÓGRAFO - O biógrafo do goleiro e jornalista Rômulo Estanrley conta que Miguel, aos 18 de idade, quando deveria se apresentar para o serviço militar, viu uma boa chance de melhorar de vida, entrando para a Marinha. E, sem pendurar as chuteiras, encarou bola e mar.
Por aquele tempo, os alistados em Natal, conta Estanrley, faziam o curso de fuzileiro naval no Rio de Janeiro. “O recruta Miguel foi embora, em 1955, e ele ganhou vaga no time do seu quartel. De quebra, apareceu um santo para ajudá-lo, São Januário”, conta o jornalista.
A ajuda do santo passou, também, pela do comandante dos fuzileiros navais, Cândido da Costa Aragão, torcedor vascaíno que costumava arrumar o gamado da Colina para os “recos” baterem uma bolinha. Numa dessas, Miguel fechou o gol e o Vasco o convidou a fazer um teste. Aprovado, após três temporadas marinhando pediu baixa e se alistou na “Turma da Colina”.
Entre 1955 a 1962, Miguel papou tudo o que disputou pelo Vasco: títulos de juvenil, aspirante e profissional. Mas só sentiu o gosto de ser o dono absoluto da camisa 1 do time principal em 1958, quando tornou-se "supersupercampeãocarioca", mas vendo o veteraníssimo Barbosa ser titular por 10 jogos – Hélio entrou em um outro jogo do turno.
...e o velho posou para o
 www.senadinomacaibense

RETURNO -  Barbosa atuou em mais duas partidas e Hélio em uma. Só pela quinta rodada o treinador Gradim (Francisco de Sousa Ferreira) decidiu lançar Miguel, que atuou em Vasco 2 x 1 Portuguesa (01.11) e Vasco 1 x 0 Madureira (09.11) . Mas, como o jogo seguinte seria um clássico, contra o Fluminense (16.11), Barbosa, maias experiente, voltou ao “Arco da Colina”.
 Gradim deu nova nova chance a Miguel, em Vasco 2 x 0 América (23.11), e o manteve titular pelas  três últimas partidas do returno – 4 x 0 Olaria (3011); 0 x 2 Botafogo (07.12) e 1 x 3 Flamengo (14.12).  
Por ter sofrido cinco gols em dois jogos, Miguel viu Hélio começar o “SuperSuperCampeonato”, nos 2 x 1 Botafogo.  Mas, no encerramento da disputa (17.01.1959), em Vasco 1 x 1 Flamengo,  ele era o goleiro “SS-1958”, da formação: Miguel,  Paulinho de Almeida, Bellini  e Coronel; Écio Capiovilla e Orlando Peçanha; Sabará,  Almir Albuquerque, Roberto Pinto, Valdemar  e Pinga.

FORASTEIRO – Encerrado o seu ciclo na Colina, Miguel foi para a Colômbia, em 1963, defender o Deportivo Cali. Depois, esteve no Millonários. Em 1965, subiu no mapa e foi para o Koln, da Alemanha. Voltou, em 1967, para defender um rival cruzmaltino, o Botafogo. Ficou pouco e seguiu para o Saint Louis Stars-EUA. Por fim, vestiu a camisa do  New York Generals (EUA), em 1968.  
Como treinador, informa Estanrley, que Miguel conquistou vários títulos com o Saint Louis University-EUA, de 1962 a 1978; New York Cosmos-EUA, de 1979 a 1984, e o Brazilian Masters Soccer Team, como treinador de goleiro. “Ele aposentou-se, em 1999, pelas leis norte-americanas”, acrescenta, com mais um dado: “Miguel casou-se com Maria das Graças de Lima e gerou Laina, Aline e Letícia.



segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O VENENO DO ESCORPIÃO - PAÍS DO REPETECO FICA BEM ALI NA ESQUINA

O Brasil é um país que se repete muito. Inclusive, nas gírias baianas. Por exemplo, “campado”, sinônimo de “tá lascado, tá frito, tá na pior”, muito usado na  década-1960, está de volta. Vejamos no parágrafo abaixo.
Digamos que a recente eleição presidencial do Vasco da Gama, de certa forma, lembre a República brasileira. Longe, evidentemente, de comparar Eurico Mirnda, Júlio Brant e Alexandre Campello  com Getúlio Vargas, o general Eurico Dutra e o brigadeiro Eduardo Gomes. Oxente!
Como rola isso? Primeiramente, o rolo começou na Bahia, por terem achado o Brasil, por lá, oficialmente, em 1.500.  Passados, 517 temporadas, Eurico e Brant foram às urnas, e o primeiro saiu do furdunço  declarando-se dono da capitania hereditária de São Januário. No meio do caminho, rolaram acusações de irregularidades cometidas pelo situacionista, depositadas numa tal de “urna 7”.  Este, no entanto, continuou sentado em sua velha cadeira de cacique da Colina.
Eurico Dutra virou o jogo com a
providencial  ajuda de Getúlio......
Ante a reação de Brant, o caso foi parar na Justiça comum que tirou do lance a tal urna, onde estariam os votos dos associados de última hora, favoráveis ao “Homem do Charuto”, como os rivais chamam o fumante Senhor Miranda, um cadilho na política esportiva.
 Coincidentemente, de 1930 para cá, o Vasco e a República passaram por golpes, contragolpes, deposições, renúncias, enfim, mil armações. Se Getúlio Vargas teve 15 temporadas ininterruptas no poder, Eurico chegou a 12. Ajudando a eleger Campello, chegará a 15, também. Semelhança?
Pois bem!  Enquanto Vargas impôs o seu Estado Novo que começara durante o auge do nazismo e do fascismo, na década-1940, os vascaínos viveram grandes momentos pela época da Ditadura dos nossos generais-presidentes, vencendo um Campeonato Brasileiro (1974) e três Estaduais (1970/77/82), além de um Toneio-Rio-São Paul (1966) – antes, na era getulista, havia sido campeão sul-americano.
 Veio um dia, então, em que Eurico caiu e o “ex-matador” e ainda maior ídolo da torcida vascaína, Roberto Dnamite, o expulsou de São Januário, por oito temporadas. Este mesmo dia foi vivido por Getúlio, por culpa de um complô envolvendo até o  general Góes Montiero, seu velho colaborador.
 Enquanto Getúlio dançava, os “coronéis” Juracy Magalhães, Juarez Távora e Virgílio de Melo Franco armavam uma contra-dança para um sujeito “bonito e solteiro” aglutinar forças contra o Estado Novo. Até que o carinha começou a emplacar, lotando comícios, enquanto o adversário Eurico falava para quatro moscas e duas formigas.
 Pressionado a retirar a sua andidatura, entre outros, pelo governador mineiro Benedito Valadares, o general foi duro, como um mato grosso: “Não pedi para entrar nisso, agora não saio”. E Getúlio foi obrigado a apoia-lo. Além de um futuro deptuado (pelo PTB) Hugo Borghi ter tido a santa picaretagem (para a turma dele) de espalhar que o brigadeiro dispensava os votos dos marmiteiros – entenda-se, trabalhadores pobres.
...e Eurico Miranda passou a rasteira em Brant via Campello. 
 Na recente eleição vascaína, impuganada a “urna 7”, Júlio Brant levava para o Conselho Delibertivo a maioria dos votos, quatro vezes mais do que Eurico. Era o Eduardo Gomes contra o Eurico Dutra do início de campanha presidencial republicana. Coincidência?
Rola a bola e Brant desentendeu-se com Alexandre Campelo, que seria seu vice, a poucos dias do pleito. Este este costurou o apoio da turma do Eurico, o do charuto, e virou a dança, com um golpe de mestre (para a sua patota) .
Qualquer coincidência com a semelhança é mera realidade. Vasco da Gama e  República ‘brasuca’ estão nessa. Os Eurico que o digam.  Um foi eleito com a ajuda de um ditador e o outro ditou a eleição de um sem chance – deixaram, na história, Gomes e  Brant “campados”.       
FOTO DUTRA 'DIVUGAÇÃO' E EURICO WWW.NETVSCO.COM.BR
           

     

 

OS ARQUEIROS DA COLINA- 7- MIGUEL-1

O jornalista Paulo Rodrigues, irmão de Nélson Rodrigues, escreveu em “Manchete Esportiva” que o “retrato do craque é o que o público exige nos jornais e revistas”. Verdade, embora nem todo atleta possa ser chamado de craque. Estes, só mesmo os excepcionais.
Miguel não foi excepcional, mas um goleiro muito importante em determinado momento da vida vascaína. Ele via Ita voando, como uma fera, sobre a sua sombra e sentia ser preciso reagir, rápido. Jogara menos do que o concorrente, em 1960, e pouco mais, em 1961. No entanto, em 1962, o dono da jaqueta 1 passou a ser Humberto Torgado. Pelo jeito, teria que procurar novos rumos. E ele foi para a Colômbia.
 Depois que a Seleção Brasileira conquistou o bicampeonato mundial de futebol, no Chile-1962, a preferência dos colombianos por argentinos mudou. Eles passaram a contratar atletas e treinadores brasileiros, em grande escala. Queria assimilar a bola canarinha. E foi por ali que Miguel saiu da briga pela titularidade no arco da Colina.

Em reprodução do site  www.paixaovascao.com.br, Miguel,o goleiro SS-58, é o segundo em pé, da esquerda para a direita 
 Convidado pelo treinador brasileiro Gaudêncio Tiago de Melo, o goleiro cruzmaltino foi negociado, juntamente com o ponta-esquerda Tiriça, custando o pacote US$ 3 mil 500 dólares, o que equivalente a Cr$ 3 milhões de cruzeiros – Miguel foi ganhando US$ 1.500 dólares de luvas e mesmo número no ordenado, mas em pesos colombianos.  
Com o que juntaria do contrato colombiano, Miguel esperava fazer a sua independência financeira, para voltar ao Vasco e jogar, como amador, sem nada receber. Seria a sua forma de retribuir o que o clube fizera por ele, que recebera uma carta de agradecimento, pelos serviços prestados durante oito anos na Colina.
 Miguel chegou a São Januário, em 1956, para jogar pelo time juvenil. Dois anos depois, ainda soldado do Corpo de Fuzileiros Navais, já estava no time titular ‘SuperSuperCampeãoCarioca-1958”.  Quando saiu, ainda levou o título de bicampeão estadual dos aspirantes.

domingo, 28 de janeiro de 2018

OS ARQUEIROS DAS COLINA - JAGUARÉ-6

Por volta de 1926, quando já havia conquistado dois campeonatos na elite do futebol carioca – 1923/1924 –, o Vasco da Gama ainda costumava garimpar jogadores pelos times dos subúrbios do Rio de Janeiro. E foi assim que descobriu um goleiro jovem, de seus 20 energéticos de idade. Levou-o para a sua equipe.
 Chamava-se Jaguaré Bezerra de Vasconcelos o rapaz, bom “keeper” e melhor ainda no seu jeito alegre de ser. Era excêntrico até quando estava em campo, defendendo a honra vascaína, o que não demorou a chamar a atenção da imprensa.
 Chegou 1929 e o time vascaíno alinhou uma escalação que passou a ser conhecida até pelas criancinhas –  Jaguaré, Espanhol e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Pascoal, Carlos Paes, Russinho, Mário Matos e Santana – que os pais levavam aos estádios para verem o terceiro titulo estadual ser conquistado. E as excentricidades de Jaguaré, como defender um chute e, para tripudiar do chutador, girar a bola, com uma das mãos, e equilibra-la sobre a ponta de um dedo. Valia gargalhadas do torcedor, contam as revistas antigas.
 COM TANTA POPULARIDADE, Jaguaré foi convocado para a equipe carioca que disputou o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, quando ficou vice, mas defendeu um pênalti na final (2 x 4) contra os paulistas. Jogou, também, por um combinado Rio-São Paulo para jogos internacionais daquele 1929.   
Jaguaré (C) acaricia o caneco por um titulo francês, em foto
reproduzida da revista carioca "Esporte Ilustrado"
Duas temporadas depois, o Vasco da Gama saía para a primeira excursão de um clube carioca à Europa. Dos jogos na Espanha e em Portugal, o “cara” foi Jaguaré. Por conta daquilo, o colega de giro Fernando Giudicelli o encorajou (bem como a Fausto dos Santos), a ficar pela Espanha.
 Jaguaré topou, jogou em time espanhol e português e, em 1934, estava de volta ao Brasil. Tentou entrar em algum grande clube carioca, mas foi dado como decadente. Nem o Vasco o quis.  O jeito foi tentar em São Paulo.
JAGUARÉ ARRUMOU emprego no Corinthians e até mostrou regularidade, mas sem impressionar mais. Como gostava de aventuras, voltou à Europa, para defender o francês Olimpic, de Marselha.
 A glória voltou a sorrir para Jaguaré, em 1938, tornando-o campeão da Taça da França. Comentava-se que ele era um dos atletas mais bem pagos do país.
Pelo mesmo ano, quando a Seleção Brasileira foi disputar a Copa do Mundo promovida, pela primeira vez,  pelos franceses (a segunda em 1998), Jaguaré foi visitar os velhos amigos que, em 15 de junho, enfrentariam a Itália, em Marselha. Divertiu toda a rapaziada contando as suas peripécias nos gramados franceses, principalmente por usar uma linguagem que ninguém entendia, misturando o francês macarrônico com gírias cariocas.
 DEDPOIS DAQUILO – os brasileiros foram eliminados pelos italianos – , pouco se soube sobre Jaguaré. Ele reapareceu no noticiário esportivo após o início da II Guerra Mundial, em 1945, quando voltou ao Brasil contando que guardas fronteiriços franceses roubaram todo o seu dinheiro, para deixa-lo escapar.
 A nova tentativa de Jaguará de voltar a jogar no Brasil falhou. Já veterano, não interessou a nenhum clube grande. E nem aos pequenos do interior paulista, onde ofereceu-se, também, como treinador.  Conseguiu com o time da cidade de Álvares Machado. Tempos depois, voltou à capital paulista, em dificuldades financeiras.
 Jaguaré levava vida irregular, de boêmio, não conseguir arrumar mais nenhum emprego. Um dia, apareceu no hospital de Franco da Rocha, onde entrou e saiu só como lenda das “histori&lendas” do Vasco da Gama e do futebol brasileiro.    

     

DOMINGO É DIA DE MULHER BONITA - A MOÇA DE DOURADOS COM VIDA DOURADA

A revista “Joyce Pascowitch” – Nº 131, de agosto de 2017 – publicou, pela opinião deste blog, a mais bonita capa de 2017. Traz a modelo Daniela Albuquerque, fotografada por Maurício Nahas, com styling de Luna Nigro, que deixaram-na lembrando uma tela de Leonardo da Vinci.
 Daniela surge explendorosa em um ensaio entre as páginas 42 a 51. No dizer da editora e editorialista Joyce Pascowitch, “vive vida de princesa...mas garante que gosta mesmo é de fazer faxina e beber chimarrão”.
A jornalista a viu com o jeito  simples das mulheres de Mato Grosso do Sul, embora, como escreveu, “difícil de ser percebido no ensaio fotográfico”.
Nascida em Dourados-MS, Daniela é apresentadora, há duas temporadas, do programa “Sensacional”, da Rede TV, que tem por chefe o seu marido Amilcar Dallevo. Não foi fácil, no entanto,  chegar à telinha. Ela foi à luta.
 Quando menina pobre do interior, Daniela residia em uma casa que não tinha nem chuveiro, e só podia usar um par de sapatos. Se quisesse brincar, teria de improvisar os próprios brinquedos, sorte bem diferente para as suas filhas Alice e Antonella, como conta revista.
 Antes de ser modelo fotográfico, revela a “Joyce Pascowitch”, a bela Daniela chegou a estudar Direito. Mas logo sacou que não era a dela, mas, sim, estar diante dos “clics” dos fotógrafos de estúdio e desfilando  modas, pelas passarelas.
Daniela contava 19 de iade, quando trocou a sua terra, por São Paulo, e arrumou emprego com a produção do programa apresentado pela também modelo Luciana Gimenez. Ela sorteava prêmios pelo 0800.
Dani conheceu Amilcar durante um
Ela não esquece, também,  dos tempos em que bebia chimarrão e tererê, em Dourados, fronteira com o Paraguai, revela, ainda a “J.P.”, acrescentando que ela já foi repórter da TV, cobrindo Carnaval. E que, mesmo sendo a “có-piloto” do chefão da Rede TV, não abre mão de figurar na folha de pagamento da casa. Grande Dani e bela matéria e ensaio (principalmente a capa). Bom domingo!                

   

 

sábado, 27 de janeiro de 2018

OS ARQUEIROS DA COLINA - REI-5

O goleiro Rei (E), reproduzido de
 www.netvasco.com.br
O time vascaíno de 1933 começava por um grande ídolo da galera no gol: Jaguaré, um camisa 1 impossível, capaz de divertir a todos, com as suas bagunças nos gramados. Bastou o clube excursionar ao Velho Mundo, para ele encantar aos europeus e ficar por lá. Mais precisamente no espanhol Barcelona.
Quem ocuparia o lugar do ídolo? Indagava o torcedor. A resposta não demorou. O Vasco mandou buscar José Fontana, no Paraná.
 Nascido em Curitiba, em 19 de março de 1912 – viveu até 3 de abril de 1986 – , o novo “gol-keeper” desembarcou em São Januário mandando dizer à torcida que, facilmente, substituiria Jaguará no coração dela. E foi o que fez, entre 1933 e 1938.
Rei ajudou o Vasco da Gama a conquistar os Campeonatos Cariocas de 1934 e de 1936, e, ainda garantiu vaga na Seleção Brasileira, pela qual disputou três jogos, como vascaíno: Brasil 2 x 1 River Plate-ARG (24.02.1935); Brasil 3 x 2 Peru (27.12.1936) e Brasil 5 x 0 Paraguai (13.01.1937).
 Se Jaguaré criava tipo,  jogando com um boné, Rei preferia ditar moda fora dos gramados. Trajava-se elegantemente, mais parecendo um galã de cinema. Por sinal, chegou a brigar com um deles, Tyrone Power, por ter se interessado pela namorada do astro de Hollywood. Ter muitas namoradas – viveu durante quatro anos com a cantora Aracy de Almeida – foi um dos seus "esportes prediletos".
SÓ FERAS - Em sua primeira temporada de titular como arqueiro da Colina, o paranaense Rei  teve do seu lado craques como Domingos das Guia, Fausto dos Santos, Leônidas das Silva, Gradim e Russinho. Pela temporada de 1934, o Vasco havia abandonado a liga oficial do futebol carioca – Associação Metropolitana de Esportes Athléticos (AMEA) –, contrária ao profissionalismo, e aderido à pirata Liga Carioca de Football (LCF). Então, foram disputados dois campeonatos estaduais, tendo os vascaínos vencido o segundo, muito mais forte do que o outro, em que o Botafogo  passeou em campo. De sua parte, o Vasco só encarou pedreira; América, Bangu,  Flamengo e Fluminense, além de Bonsucesso e São Cristóvão.
No gol cruzmaltino, Rei teve boas atuações, participando de 10 dos 12 jogos da campanha de 1934. Sofreu 13 tentos (o  reserva Marques levou três), mas o time marcou 28. Mais do que ele só atuaram Domingos da Guia e Gradim, escalados em todas as partidas, Fausto, Gringo e Orlando Rosa Pinto. O treinador era o inglês Harry Welfare e o time base era: Rei, Domingos e Itália; Gringo, Fausto e Mola; Orlando, Almir, Gradim, Nena e D´Alessandro. Por motivo de contusão, Leônidas só disputou quatro compromissos.
Foto do goleiro  Rei repdroduzida de www.netvasco
Em 1936,  o Vasco trocou a Liga Carioca de Football, pela Federação Metropolitana de Desportos, juntando-se ao Botafogo e  abandonando Flamengo e Fluminense. Levou Bangu e São Cristóvão juntos, mas, mesmo assim , sobrou na disputa. Em 16 pugnas, ganhou 11, empatou quatro e caiu em qoutras quatro. Harry Welfare seguia treinador e, do time-base do título anterior, sobraram  só Rei, que participou de todos os jogos, sofrendo 14 tentos (o time fez 33),  Itália e Orlando – Rei, Poroto e Itália; Oscarino; Zarzur e Calocero; Orlando, Feitiço, Kuko, Nena e Luna foi a formação constante da temporada.  

O VENENO DO ESCORPIÃO - O DIA EM QUE CAFÉ DEU NO PÉ E RÁPIDO SUBIU A SERRA

O Brasil é o país com a maior população católico do planeta. O que não impediu ao protestante João Fernandes de Campos Café Filho de governa-lo, entre 24 de agosto de 1954 a 8 de novembro de 1955, substituindo o “suicidante” Getúlio Vargas, do qual era vice.
 Único presidente da república nascido no Rio Grande do Norte, onde o café jamais foi  produto agrícola de cultivo tradicional, Café Filho foi “despresidenteado” da Presidência da República, durante um rebu em que a UDN-União Democrática Nacional e uma ala do Exército “desnormalizavam”, politicamene, o país.
Durante a bagunça, Café jamais amadureceu uma postura política. Manteve-se indiferente à balbúrdia institucional e “convidou” o general e ministro da Guerra, Henrique Lott, a dar um sossego nos plantadoes de golpe – e garantir a posse do Juscelino Kubitschek, que derrotara o candidato oficial, Juarez Távora.
O presidente Café Filho foi capa de revista
nos Estados Unidos 
 Caldo entornado, Café desceu pelo coador e esfriou no bule. Problema de saúde, segundo ele, o obrigara a dar um a de garçon e a entregar o governo ao presidente da Câmara, deputado Carlos Luz, que pouco iluminou a cena sucessória. Logo ali na esquina estava, de novo, o general Lott enchendo o saco. Apagou Luz e acendeu Nereu Ramos, vice-presidente do Senado, na presidência da República.
Fogo fervendo, Café queria voltar a esquentar a sua cadeira. Não deu. Aprovaram um estado de sítio sem chances de brotar Café e o seu impedimento, confirmado pelo Supremo Tribunal Federal-STF.
 Assim, Juscelino – votado, diplomado, empossado e enfaixado, em em 31 de janeiro de 1956 – deixava para trás um terrível período de ameaças, medos, apreensões e perplexidades e  recebia o cargo presidencial de Nereu Ramos.
 Naquele dia, Café deu no pé. Há 71 dias recolhido ao seu apartamento, no Edifício Mamoré, na altura do Posto 6, em Copacabana, no Rio de Janeiro, ele apareceu em público, bem disposto, não parecendo que passara por uma “sapitucas”. E se mandou, para Petrópolis, acompanhado pelos amigos Munhoz da Rocha e Monteiro de Castro. Iria mornar em um repouso serrano.
 Momentos antes, o potiguar havia assisito, pela TV, a posse do JK, no Palácio Tiradentes. Ao dar  no pé, Café foi transportado para fora de casa usando sapatos marron e branco, sem  combinar com o bule e a xícara usados no desjejum. A gravata, porém, era preta, da cor de café. Já o terno branco, de linho, tinha a cor de leite, deixando-o café com leite – leite que era o principal produto da terra do JK, sucedido (em 1961),  por Jânio Quadros, candidato de São Paulo, a terra do café – do cafezinho de boteco, é claro!                 

                            

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

OS ARQUEIROS DA COLINA -4 - BARBOSA-2

Barbosa viveu vida de craque...
Campeão carioca com apenas uma partida disputada, Barbosa saiu para outras. Ajudou o Vasco a ganhar a última edição do Torneio Relâmpago-1946 – só entre os “grandes” cariocas –   e os Torneio Municipal-1946/1947, reunindo só times da cidade do Rio de Janeiro.
Mais? Foi bi estadual, em 1947/49/50/52. Mais? Papou o maior título da história cruzmaltina, em 1948: campeão dos campeões sul-americanos de clubes, o primeiro do futebol brasileiro no exterior. 
CASTIGO - Moacyir Barbosa só lembrado quando se fala de Uruguai 2 x 1 Brasil, pela Copa do Mundo-1950. Ele passou o restante de sua vida afirmando que intuíra, corretamente, o desfecho do lance e que Gigghia errara o chute, que esperava ser um centro para o miolo da área brasileira, onde Schiafino deveria complementá-lo, como ocorrera no primeiro gol da “Celeste”.
Barbosa chegou ao Vasco, em 1943, e ficou até 1955. Desde 1916, quando o clube passou a jogar futebol, ele é considerado o maior camisa 1 que já passou pela Colina. Barrou Rodrigues, em 1946, e tornou-se o goleiro símbolo do “Expresso da Vitória”, a maravilhosa máquina de jogar bola, uma das mais perfeitas já surgidas nos gramados brasileiros.
Em 1953, Barbosa sofreu um grave acidente de jogo, que o deixou parado por toda a temporada seguinte. Em 1955, ele comunicou ao treinador Flávio Costa que encerraria a carreira e, praticamente, desligou-se da “Turma da Colina”.
No entanto, o clube ficou sem goleiro, quando tinha agendado um amistoso, em Recife, com o Sport Recife (2 x 2, em 28.08.1955), e o jeito foi o técnico recorrer aos seus préstimos. E lá se foi ele para o jogo, desaposentando-se. De quebra, jogou um bolão, levando o Santa Cruz a desejá-lo.
ABSURDO - Para não ir para o futebol pernambucano, Barbosa pediu salário de Cr$ 20 mil cruzeiros e luvas (grana por fora) de Cr$ 200 mil. Uma exorbitância, na época. Surpreendentemente, a “Cobra Coral” topou, pois a sua torcida depositou Cr$ 175 mil em urnas colocadas em diversos pontos da capital pernambucana, e, ainda, pagou até para assistir treino coletivo. Assim, garantiu o pagamento das luvas. Para cumprir a palavra, Barbosa passou 10 meses no gol do “Santa”.  
O investimento foi bom, pois Barbosa ajudou o Santa Cruz a vencer o Torneio Pernambuco-Bahia, a maior disputa do futebol nordestino, equivalente a um Rio-São Paulo.
... ao lado de Bellini e de Paulinho de Almeida
  Encerrado seu contrato com o time tricolor de Recife, voltou ao Rio e, em 1956, passou a treinar com a turma do Olaria, para manter a forma. Em 1957, o Bonsucesso chamou-o para defendê-lo durante o Campeonato Carioca.
Em 1958, Barbosa estava de volta a São Januário, veteraníssimo, mas, ainda, fazendo grandes partidas. De quebra, conquistou os três últimos títulos de sua carreira: Torneio Início, SuperSuperCampeonato Carioca e Torneio Rio-São Paulo.
Assim como ocorreu no caso do Santa Cruz, veteraníssimo, Barbosa voltou a defender um clube, para atender um compadre. Em 1962, ele voltou a comunicar ao Vasco que não jogaria mais.
No entanto, para atender a um compadre, disputou o Campeonato Carioca da temporada, pelo Campo Grande, aos 41 anos de idade. Viveu por 79, entre 27 de março de 1921 e 7 de abril de 2000.
O seu nome na certidão de nascimento era Moacyr, mas a imprensa trocava o “y” pelo “i”. Assim como fazia com Gylmar (dos Santos Neves), que era escrito Gilmar.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

OS ARQUEIROS DA COLINA-3 - BARBOSA-1

 Aquela tal historia do “até que um dia” passou, também, pela vida do considerado "maior goleiro cruzmaltino de todos os tempos", o Moacyr Barbosa.  Ele  era ponta-direita de time peladeiro paulistano e tinha dois irmãos, Mário e Armando, cobrões no ataque. Foi quando seu treinador, o cunhado  José Santiago, avisou-lhe: “Você vai ser o goleiro, hoje”.
Campeão carioca-1947, o grande goleiro Barbosa...

















 Barbosa espantou-se, pois ele vinha sendo um ponteiro veloz e perigoso. Mas não teve como demover o cunhado da mudança na escalação do time do Almirante Tamandaré. “O nosso goleiro não apareceu. O jeito é você ir pro gol”,  disse o homem, deixando-o amuado. Não adiantou. Teve de encarar o ataque do Esporte Clube Estrela, pelo campeonato da Liga Comercial Paulistana – ele trabalhava no ramo.
 Barbosa saiu de  campo como uma das feras da pugna. Pra não criar problemas familiares, fez-se de malandro com o cunhado: “Jogar de goleiro tem as suas  vantagens, como poder pegar a bola com as mãos e não é preciso correr”. Então, o tripudiado decidiu: "Então, daqui por diante, a camisa 1 será só sua”.
Barbosa tinha 18 de idade, em 1939, quando tornou-se “gol-keeper” e mudou, também, de nome. Deixou de ser chamado por Moacyr e ficou tricampeão da liga (1939/40/41) como Barbosa. E, de nome trocado, foi convocado para a seleção paulista de amadores, campeã brasileiro-1941. Com o bi, em 1942, o treinador do Ipiranga, Caetano Domenico, o convidou a tentar o futebol profissional, por Cr$ 5 mil cruzeiros de luvas (antigo sistema de uma graninha por fora, nas assinaturas de contrato) e Cr$ 800 mil cruzeiros mensais.      

...defende um pênalti durante o Sul-Americano de Clubes Campeões-1948
Barbosa topou e fez grande Campeonato Paulista. Tão bom que, em 1944, o Vasco da Gama bateu à sua porta, propondo-lhe Cr$ 60 mil cruzeiros de luvas e salário de Cr$ 1 mil.  Não dava pra recusar. O Ipiranga, também. Afinal, achara um goleiro peladeiro que lhe renderia Cr$ 100 mil cruzeiros.

Reserva do grande Oberdan Catani, na seleção paulista de 1941/1942, Barbosa partiu para São Januário – indicado por Domingos das Guia e para disputar a posição, Oncinha, Roberto, Barqueta e Martinho, além de Castro e Rodrigues que chegaram à Colina em 1945. Não se importou. Quando teve uma chance, no 11 de novembro daquele 45, saiu de campo invicto em Vasco 4 x 0 Madureira, em São Januário.
 Barbosa, no entanto, voltou para o banco dos reservas no jogo seguinte. O titular era  Rodrigues, ex-Portuguesa de Desportos. Quando nada, por consolo, saíra de campo campeão carioca, em sua estreia, pois a "Turma da Colina" antecipara o título a uma rodada do final do Estadual –   Barbosa; Augusto e Rafagnelli; Alfredo II, Ely e Berascochea; Santo Cristo, Ademir, Isaías, Jair e Chico, escalado pelo treinador uruguaio Ondino Vieira, fora a "esquadra" do "Almirante" em seu primeiro Vasco. (continua amanhã)
FOTOS REPRODUZIDAS DO CENTRODE MEMÓRIA DO VASCO

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

OS ARQUEIROS DA COLINA - 2 - RODRIGUES

Rodrigues, na verdade, era Rodriguez
A turma de jovens torcedores vascaínos não conhece Rodrigues. Mas os pesquisadores o colocam em alta conta. Filho de Mariano Rodriguez e de Carmem Fornes Rodriguez, o antigo goleirão vascaíno nasceu no bairro do Belenzinho, em São Paulo, em 3 de setembro de 1915.
Pergunta-se: se ele era filho de espanhóis, da família Rodriguez, porque era Rodrigues? O mistério só foi descoberto quando um diretor da Portuguesa de Desportos, ao ler, com atenção, uma renovação de contrato do atleta, observou que ele assinara Rodriguez. Rodrigues era aportuguesamento, por conta dos repórteres. E, como não lhe fazia mal algum, ele foi deixando, aceitando. Afinal, era brasileiro.

 
 Gabriel Rodriguez, o Rodrigues, foi buscado, pelo Vasco, na também lusitana Portuguesa de Desportos. Em 1945, ajudou a Turma da Colina” a carregar caneco e faixa para São Januário. Era o primeiro título do “Expresso da Vitória”, que começara a ser colocado nos trilhos, em 1942, pelo presidente Cyro Aranha. Três anos depois, quando o chefão já era Jaime Fernandes, e o comandante da rapaziada o treinador uruguaio Ondino Viera, que aqui ficou sendo Vieira, o goleiro Rodrigues foi peça importante na conquista dos dois turnos, disputando 12 dos 18 jogos como titular. Sofreu a média de 0,8 gol por partida, excelente, para uma época em que os artilheiros eram mais do que impiedosos.
Rodrigues, Augusto da Costa e Rafagnelli; Berascochea, Ely do Amparo e Argemiro; Djalma, Ademir Menezes, Lelé (Jair Rosa Pinto) e Chico Aramburo era o fantástico time-base vascaíno que marcou 58 gols no Campeonato Carioca-1945 – sofreu 15. Rodrigues assumiu o posto de titular a partir do empate com o América (1 x 1), em 26 de agosto, a quatro jogos do final do turno. Antes, a camisa 1 estivera vestida por Barqueta, Martinho e Castro. Em 1946, Rodrigues já era passado em São Januário. A sua vaga passaria para aquele que é considerado o maior goleiro da história do Vasco, o também paulista Moacyr Barbosa.
O início da carreira de Rodrigues foi, em 1935, pelo Clube Atlético Paulista, o ex-Antarctica. Na temporada seguinte, já estava na Portuguesa de Desportos, que defendeu até 1942. Mas poderia ter saído, em 1938, para o Fluminense, a pedido do mesmo Ondino Viera, que o tivera na Colina, segurando a lenha na caldeira do“Expresso”.
                                        Foto reproduzida de "A Gazeta Esportiva".
 

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

OS ARQUEIROS DA COLINA - 1 - NÉLSON

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Ser negro, pobre e mulher durante o Brasil da Primeira República, entre 1889-1930, era duro. Vivia-se em completa marginalização social e política, o que viveu o goleiro vascaíno Nelson da Conceição.
Nascido em 12 de agosto de 1899, em Nova Friburgo-RJ, a sua sorte foi o Club de Regatas Vasco da Gama pensar um departamento de futebol, em 1911, durante a presidência de Marcílio Telles, para concretizá-lo em 26 de novembro de 1915, quando o presidente Raul da Silva Campos conseguiu uma fusão com o Lusitânia Sport Club, que já tinha o setor almejado.
Em 3 de maio de 1916, com Marcílio Telles presidente e Raul Campos vice, o time vascaíno estreou na Terceira Divisão do Campeonato Carioca, perdendo, por  1 x 10, para o Paladino FC. Foi o último colocado da disputa, mas não desanimou. Em 1917, subiu à Segunda Divisão.
Enquanto aquilo ocorria,  Nelson da Conceição trocava a sua cidade, pelo Rio de Janeiro, em busca de melhores condições de vida. Desde os 15 anos de idade, ele já disputava partidas de futebol, pelo  Paladino, filiado à Liga Metropolitana de Sports Athléticos.
 Em 1916, Nélson estava no Engenho de Dentro Athletico Club, para ser tricampeão da Liga Suburbana (1916/1917/1918). Foi então que o Vasco levou-o, com 19 anos de idade.  Uma temporada depois, com 20 anos nos costados, Nélson estreou no time principal vascaíno, em 7 de setembro, vencendo o Sport Club Rio de Janeiro, por 2 x 0, pelo returno da Segunda Divisão da Liga Metropolitana de Desportos Athléticos.

PRECONCEITOS - Mesmo sendo um grande goleiro, Nélson não escapava dos preconceitos, por ser motorista de taxi, algo que conduzia aos negros de baixa escolaridade e baixo poder aquisitivo, no mesmo nível de outros trabalhadores braçais, como operários das fábricas, mecânicos, pescadores etc. Por aquela época, o futebol era amador era praticado pelos rapazes da elite.
Time dos "Camisas Pretas", de 1923, com Nélson de branco
Fotos reproduzidas do Centro de Memória do Vasco da Gama
Em 1923, com o Vasco campeão estadual, Nélson tornou-se o primeiro goleiro negro a defender as seleções carioca e brasileira.
No Vasco, o time era: Nelson, Leitão e Mingote; Nicolino, Bolão e Arthur; Paschoal, Torterolli, Arlindo, Ceci e Negrito. Arlindo (Arlindo Pacheco); Arthur (Arthur Medeiros Ferreira); Bolão (Claudionor Corrêa); Cecy (Silvio Moreira); Leitão (Albanito Nascimento); Mingote (Domingos Passini); Negrito (Alípio Marins); Nelson (Nelson da Conceição); Nicolino (João Baptista Soares); Paschoal (Paschoal Silva Cinelli); Torterolli (Nicodemes Conceição).

BICAMPEÃO - Ema 12 de agosto de 1923, aos 24 anos, Nélson repetiu o feito estadual, sendo considerado o melhor goleiro do futebol carioca e convocado para disputar o Campeonato Sul-Americano. Também, ganhou o reconhecimento de ter sido um dos poucos que evitaram uma campanha brasileira pior do que fora.
Por isso Tudo, Nélson tornou-se um dos ídolos da torcida cruzmaltina. Vascaíno, entre 1919 a 1927, ele viveu até 24 de abril de 1942. Além de ter sido o primeiro goleiro campeão pelo “Almirante”, participou da inauguração do estádio vascaíno, em 21 de abril de 1927. Três meses depois, disputou a sua última prtiuda pelo clube de São Januário, no 17 de julho, em Vasco 2 x 1 América, de virada, no campo do adversário, à Rua Campos Sales.

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

FUXICOS DA COLINA -20 - ROLO TRICOLOR

Rolava o Torneio Rio-São Paulo-1999 e a tabela marcava Vasco x Fluminense, para a noite da “Quarta-Feira de Cinzas”, no Maracanã. Com o Fluminense sem chances de título, os vascaínos solicitaram à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro-FERJ a mudança da partida, para São Januário, a sua casa.
 O Flu não aceitou e foi para o Maracanã, bem como o árbitro Alfredo Loebeling, enquanto o “Almirante” ficou esperando-o na Colina.  O jogo não rolou nos gramados, só no “tapetão”, onde os tricolores golearam: 7 x 1.
Pelo final de abril de 2006, houve um segundo “round” nos rolos ente os dois clubes por local de partida. Começava o Campeonato Brasileiro  o Vasco conseguira a transferência dos seus mandos de campo em clássicos cariocas para São Januário.
Entrou em ação o Ministério Público e, por liminar da juíza Maria da Penha Nobre, da 3ª Vara Empresarial, o pega Vasco x Fluminense foi marcado para o Maracanã.
O presidente vascaíno, Eurico Miranda, dizia que a partida seria em São Januário, ou cancelada. Mas a FERJ e a Confederação Brasileira de Futebol-CBF acataram a decisão judicial, baseada no artigo 13 do Estatuto do Torcedor e de parecer do Comando geral a PM-RJ, sobre o direito à segurança da torcida.
Erico Miranda reproduzido de www.netvasco.com.br Agradecimento
Eurico dizia ser impossível mudar a toda estrutura de uma partida, em 24 horas, e cobrava que o Ministério Público jamais se manifestara em outras ocasiões em que rolaram clássicos cariocas e até um jogo de decisão da Copa do Brasil, em São Januário.
Não adiantou o coro vascaíno. O prélio foi mesmo no Maracanã e terminou no 1 x 1, com o tento cruzmaltino marcado por Abedi.
O terceiro “round” aconteceu em 22 de fevereiro 2015. Por força de contrato com o consórcio que administra o Maracanã, assinado em 2013, o Fluminense passou a ter o lado direito da tribuna de honra usado pela sua torcida, local usado pelos vascaínos desde 1950, quando o estádio foi inaugurado.        
 Mais uma vez, Eurico Miranda ameaçou não mandar o Vasco a campo, caso a sua torcida não fosse para onde costumava ir. Como os mandos de jogos nos clássicos era da FERJ, esta resolveu a questão transferindo a partida para o Engenhão, onde o “Almirante” venceu, por 1 x 0, com gol marcado pelo zagueiro Luan – nesse rolo, o Vasco só perdeu no tapetão.

domingo, 21 de janeiro de 2018

DOMINGO É DIA DE MULHER BONITA - A MULHER MARAVILHA É 'BRASUCA'?

Quando a primeira expedição militar e exploradora europeia desceu quase todo o curso do Rio Amazonas, entre 1541/1541,  o chefe espanhol Francisco Orellana (e os seus 50 homens) jamais imaginavam a quatidade de água que encontraria pela frente.
A necessidade de abastecimento alimentar levou-os a entrar pelo Brasil amazônico, onde a rapaziada passou quase um ano sem conseguir voltar ao ponto de partido – sopés dos Andes –, devido a força da correnteza do impressionante rio. No embalo, passou a viver lutando, fugindo, fazendo alianças ou saqueando aldeias. Roubar os índios era preciso: ordem da barriga.
Quem registrou isso foi o frei dominicano Gaspar de Carvajal, membro da expedição e que aprendeu o linguajar nativo. Durante um dos seus papos com os selvagens, estes  falaram- sobre uma tribo de mulheres guerreiras que dominavam grande extensão de terra. Elas excluíam os homens de seus convívios, mas usavam índios em suas tropas de choque, sem explicar, no entanto, como os recrutavam.
 O Frei Gaspar, inclusive, deixou contado que teria presenciado uma batalha entre as tais guerreiras e os invasores espanhóis, em um local que os arqueólogos situam, hoje, entre os rios Nhamundá e Trombetas, no Pará.
 Mulheres guerreiras que desprezavam os machos existe na imaginação humana desde a mitologia greco-romana, que as situava vivendo pelas estepes do Mar Negro, entre o que hoje é a Ucrânia e parate norte da Turquia.
 Portanto, bem antes de o psicólogo William Moulton Marston (1893/1943) inspirar-se na ativista Margaret Sanger, que lutava pelo controle da natalidade nos Estados Unidos, e criar a Mulher Maravilha, a mais famosa das amazonas, saída dos traços do desenhistaa Herry George Peter, em 1941.
Como na época em que o Frei Carvajal disse ter visto amazonas guerreando ainda não havia  histórias em quadrinhos, naturalmente, abriram-se vertentes interpretativas para os seus relatos.
Embora jamais se encontrasse evidências arqueológicas de nenhum território dominado por elas, historiadores dos primeiros tempos da conquista espanhola do Novo Mundo não desprezavam os relatos do capelão de Orellana.
Enfim, não há achados arqueológicos sobre guerreiros amazônicos psicodélicos, com cabelos a la Beatles, e nem a respeito de mulheres que os acompanhavam em batalhas, dotadas de atribuições militares. Mas nada pode ser descarado.
 Nem mesmo que o Frei Carvajal tivesse, acidentalmente, fumado um chá à base de substâncias psicoativas, muito presentes na biodiversidade amazônica.
Assim, ficaria fácil mandar uma manchete sensacionalista no horário nobre do jornalismo da TV, dando conta de que a Mulher Maravilha nasceu no Pará, dançava carimbó, comia pato no tucupi, colocava peçonha nos pés e trepava no pé de açaí.
                      IMAGENS REPRODUZIDAS DE CAPAS DE GIBIS


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sábado, 20 de janeiro de 2018

FUXICOS DA COINA -19 - VIRADA DE MESA


 
Antônio Calçada (E), ao lado do já cartola  Roberto Dinamite,
era o presidente vascaíno, em 1986, e...
 Em 9 de outubro de 1986, em jogo valendo pelo Grupo C do Campeonato Brasileiro (então chamado por Copa Brasil), o Vasco da Gama foi ao gramado de São Januário, diante de 6.248 pagantes e venceu o Piauí, por 2 x 0, com gols de Fernando e Gersinho.
Naquele dia, o treinador Joel Santana escalou: Acácio; Paulo Roberto ‘Gaúcho’, Juninho, Fernando e Pedrinho Vicençote; Mazinho, Gersinho e Geovani; Mauricinho (Santos), Romário e Zé Sergio.
 Após o apito final de Bráulio Zanotto-PR, o time vascaíno comemorou, evidentemente. Só que não tinha o que comemorar, pois a sua pontuação o deixava fora da segunda fase da competição. Problema resolvido três dias depois.
Por ter a Portuguesa de Desportos ido à Justiça comum, contra a cobrança, pela Federação Paulista de Futebol, de 5% da renda dos seus jogos caseiros, a Confederação Brasileira de Futebol-CBF eliminou seu time da nova etapa e passou a vaga para o Vasco da Gama. Imediatamente, os cartolas vascaínos começaram a buzinar nos oritimbós do presidente e do diretor de futebol, para não perderem a vaga no "tapetão", esperando uma inevitável luta nos tribunais conta a "Lusa do Canindé".   
 Rolo rolando, a “Lusa do Canindé” conseguiu liminar junto à 28º Vara Cível carioca, suspendendo todos os próximos jogos do Grupo K, mas só ela não jogou. A CBF não tomou conhecimento da ordem judicial, alegando não ter o documento sido entregue por oficial de justiça. Então, os clubes paulistas fecharam não jogar mais, enquanto a Portuguesa não fosse reintegrada ao certame.
... Eurico Miranda o diretor de futebol.
Foto reproduzida de www.guerreirosdacolina
Agradecimento
  O Vasco reuniu a cartolada toda em São Januário e conseguiu aprovar a proposta de incluir mais três times – Joinvile-SC, Náutico-PE e Sobradinho-DF – na segunda fase daquele Brasileiro, aumentando, para 36, os preliantes da etapa. De sua parte, a Portuguesa seguiu se mexendo e voltou à disputa por ordem do Conselho Nacional de Desportos.
 O Vasco ganhou por ali, mas envergonhou a sua torcida, terminando o campeonato em 13º lugar, atrás do "pequeno" Joinville, somando 10 derrotas, oito empates e 10 vitórias. Destas, só uma foi sobre um “grande”, o Internacional-RS. Nove rolaram contra os “lebréias” Tuna Luso-PA, Operário-MT, Piauí-PI, Sobradinho-DF (2 vezes), Criciúma-SC, Nacional-AM (2 vezes) e Ceará-CE.
Diante do acontecido, os cartolas da oposição ficaram fuxicando pelos corredores da Colina, dizendo que seria melhor o time vascaíno ter caído fora antes. Acusaram o comando do clube de incompetente, incapaz de dar à torcida  time pra ganhar. E que de nada adiantara a virada de mesa.