Vasco

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segunda-feira, 6 de setembro de 2021

O ALMIRANTE TEMPLÁRIO

 photografo Gervúsio Bapitista recebeu pauta, da Manchete Esportiva, para clicar os astros do futebol carioca durante o Carnaval. Pra começo de conversa, ele foi à Ilha do Governador, sabedor de que o foliento do seu grande amigo Sabarusco iria comandar um bloco.

 Ao chegar à casa do dito cujo, de onde sairia o grupo carnavalesco, ele espantou-se de ver o Sabarusco mais parecendo um padre pronto para um batizado, do que um folião. O indagou e travou este diálogo:

 - Mas que fantasia é esta, companheiro?

  O meu bloco vai homenagear o Almirante.

 - Sinceramente, nunca vi nenhum oficial da Marinha, de nenhuma patente, vestido assim.

- Deixe de ser mané, baiano! Não é almirante brasileiro. É o glorioso Almirante Vasco da Gama.

- Nunca vi, em nenhum livro de história, pelo menos, nos que estudei lá na Bahia, ele vestido assim, seu cretino!

  Isso aqui é o resultado de uma pesquisa que fiz para o meu bloco ser o mais diferente desse Carnaval carioca.

- Que histórias é esta?

- O seguinte é o seguinte: nos tempos antigos, um francês criou uma tal Ordem dos Cavaleiros do Templo de Salomão, pra proteger os peregrinos que visitavam a Terra Santa. Malandros, como o ataque do Vasco, os tais templários se enricaram e se tornaram mais poderosos do que muitos reis. E donos de uma empáfia impressionante. Como os reis não tinham tanta grana e viviam pedindo empréstimos, que nunca pagavam, a banqueiros, dos quais os templários eram os maiores, terminou rolando um rebu. Os caras foram acusados de terem bobeado e perdido a Terra Santa para os muçulmanos, da prática de diabolices e de outras tantas sacanagens. O Rei da França, Felipe, O Belo, mas não tão belo quando o seu amigo aqui, resolveu acabar com a raça deles. Quem sobrou fugiu. Muitos para Portugal, onde o malandro Rei Don Dinis pegou o que de grande os templários levaram, em troca da recriação da lambança deles, com o nome de Ordem de Cristo. Entre os baratos pegadas por Don Diniz estavam o uso velas triangulares e a bússola em navegações marítimas;

– Pôijz, pôisjz, ó gajo! Gostei desta buceta – disse o rei, para o grão-mestre templário, que retrucou:

- Buceta, não, soberano: bússola.

                               Arte: reprodução de www.gratispng.com

Enfim, com buceta (isto é, bússola) aberta pelos mares, um dos cavaleiros das Ordem de Cristo, um tal de Vasco da Gama, tornou-se o primeiro a navegar pelos mares das Índias. Tempinho depois, passou as coordenadas para Pedro Álvares Cabral, aluno da Escola de Sagres, fundada por um outro cavaleiro cruzcristense.... chegar ao Brasil. Se não fosse o Vasco, seu baiano filho de um coqueiro, você não estaria aqui, agora, me enchendo o saco, sacou? E bate logo a porra deste retrato, porque mais tarde estarei com uma outra fantasia, em um grande baile de um clube daqui da Ilha.

Gervúsio tirou o retrato de Sabarusco e dos outros craques foliões, os revelou e os colocou sobre a mesa do editor. De passagem por diante do móvel, Nélson Rodrigues, colunista da revista, viu a foto do Sabarusco fantasiaoi, achou-a intrigante e indagou ao colega photógrafo:  

- Quem é este, Gervúsio? Já tem padre entrando na cachaça no Carnaval? Depois, dizem que faço um teatro maldito.

- Maldito, sou eu Nélson, que trabalho durante o Carnaval, enquanto os outros se divertem.

- Problema fácil de resolver, baiano: se os outros estão a caminho do inferno, na festa do Diabo, então, vá rezar em algum templo da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana.

- É isso mesmo o que vou fazer, seu cretino – e foi saindo.

Gervúsio deixou a reação e foi para o Templo da Birita, um boteco na esquina da redação da revista.  Por lá, encheu a cara e ficou muito pra lá do Templo de Salomão. À meia-noite da terça-feira carnavalesca,  tocou fogo numa nota de 50 cruzeiros. Ao contar aquele assucedido para o amigo Sabarusco, este apelidou o dia imediato ao Carnaval por quarta-feira de cinzas.

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