10 de maio de 1978 – Brasília 2 x 1 Santos – o Peixe (apelido santista) chegou animado pelos 3 x 1 Vila Nova, em Goiânia. Tinha um bom time, sobressaindo-see os atacante Juary, Reinaldo e João Paulo, e os meio-campistas Carlos Roberto e Aílton Lira. Aos 25 minutos, Reinaldo abriu o placar. Para os 18.198 pagantes que estavam no Serejão, havia sido aberta a porteira. No entanto, aos 29, o craque do time, o meia Aílton Lira, foi expulso de campo, pelo árbitro Aírton Vieira de Moraes, o Sansão, cearense radicado no futebol carioca.
Mesmo com um homem a menos, o Santos segurou a vantagem, por mais
52 minutos. Até que o lateral-esquerdo do Brasília, o moderninho Odair Galetti,
acertou um chute, de pouco centímetros depois do meio do campo, na gaveta
direita da trave defendida pelo visitante. Único chute certo de toda a carreira
dele. "Na forquilha!", gritou o narrador Marcelo Ramos, da Rádio
Capital.
Erra terrível, o Odair. Grande sujeito! Sempre alegre, sorridente, adorava explodir o som do toca-fitas do seu carro, que tinha abridores de vidros invocados para a época. Apoiava bem, mas, quando cruzava a bola para a área do adversário só faltava manda-la para a bandeirinha de escanteio. Enfim, faltando cinco minutos para o final da pugna, o ponta-esquerda Lula virou o placar para esta rapaziada: Paulo Victor. Newton, Chavala, Emerson Braga e Odair; Well (Léo Fuminho), Péricles e Raimundinho; Zé Carlos (Edmar), Banana e Lula, treinados por Dicão, o maior retranqueiro que apareceu por aqui.
Wander, em foto do seu álbum futebolístico, ao lado de Nílton Santos
7 de agosto de 1988 – Guará 1 x 0 Taguatinga – valia uma vaga nas finais do Candangão, que tinha Tiradentes x Gama brigando pela outra glória. Jogo duríssimo, que só faltava matar do coração o presidente guaraense, Wander Abdala. Afinal, ele fizera grandecíssimo esforço para conseguir patrocinadores e trazer jogadores de nome, mesmo já na curva decadente, como o goleador Beijoca e o meia Ailton Lira, o craque mais habilidoso do Santos pós-Pelé e que ja havia até encerrado a carreira - vinha sendo treinador do goiano Itumbiara.
O tempo se esgotava e o Wander Abadala se desesperava. O investimento fora alto e o Lobo da Colina (apelido do Guará) não poderia deixar de morder, ou ser bicado pela Águia (apelido do Taguá). Eram "decorridos 40 minutos do segundo tempo" - narrava Marcelo Ramos -, quando pintou escanteio a favor do Lobo. Ailton Lira cobrou, fechadíssimo, para o goleiro taguatinguense desviar a pelota quase entrando pela sua gaveta direita. Novo escanteio e o Lira repete o chute e o goleiro a defesa. Terceira cobrança. Finalmente, Aílton Lira bota a bola na rede, em chute igual aos dois anteriores.
Wander Abdala, emocionadísssimo, de presidente
passou a "chefe de torcida", pedindo à sua galera pra incendiar o final da
pugna. Assim que o jogo terminou, a rapaziada o carregou nas costas e ele ficou saudando, acenando, sem parar, para quem estava pelas arquibancadas. Lira, sujeito educadíssimo, um
"gentleman", craque que defendera Santos (foto) e São Paulo, sempre
lembrado, mas nunca convocado pela Seleção Brasileira, o herói daquela tarde
domingueira - marcou três gols naquele Candangão - , preferiu
ficar quietinho, assistindo a festa para o seu chefe. Depois, que o puseram no
gramado, foi o primeiro a cumprimenta-lo. Wander o pegou por uma das mãos e o levou
para a trave a bola entrara – pelo alto. E, dali não parava de acenar, pedir agitos à sua patota. No domingo seguinte, ele decidiria o titulo
do futebol candango-1988, com o Tiradentes – assunto para a próxima
coluna. Aguarde-me!
Nenhum comentário:
Postar um comentário