Vasco

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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

CASAMENTO DE VASCAÍNO - ADEMIR

Celeste Augusta Rodrigues Menezes não gostava de futebol. Mas a sua irmã Alci estava a fim de entender do riscado. Em um domingo, ela encheu o seu saco da maninha, para acompanhá-la até o Maracanã, onde o seu namorado, o “xerifão” vascaíno Rafagnelli, estaria jogando, contra o Botafogo. Celeste fez de tudo para não ir, mas não escapou.
 Chegando ao estádio, quando rolava a preliminar dos aspirantes, já não havia mais cadeiras disponíveis. Ao ver aquela mocinha em pé, desolada, um cavalheiro ofereceu-lhe o assento. Falaram-se e ele contou-lhe da sua graça, dizendo-se chamar Ademir Marques de Menezes. Quem? Celeste não tinha a mínima ideia de quem seria. E muito menos de que a maioria de todo aquele povão estaria ali por causa dele. Sem falar que achou o seu queixo muito esquisito.
Pouco depois, despediram-se. Quando o jogo principal rolou, Celeste viu um sujeito fazendo misérias com a bola. Não era aquele rapaz que, há pouco, lhe oferecera a sua cadeira? Pois era!
LENDAS: 1 - Ademir, ao marcar o único gol da partida, correra pra diante do setor das cadeiras de pista, acenando e oferecendo o tento a Celeste, que gostara da homenagem; 2 - Rafagnelli saíra de campo contundido, e a sua namorada fora ao vestiário do Vasco, visitá-lo, levando Celeste, que ali conhecera Ademir. Depois do jogo, o “Queixada” conseguira, com Rafagnelli, o telefone da moça, um brotinho de, apenas, 16 anos e que trabalhava como datilógrafa. Falaram-se à noite e marcaram um  encontro.
Tempos de noivado
DETALHE: em 1945, o Vasco não venceu o Botafogo, por 1 x 0, com gol de Ademir, mas de Djalma. Por aquele tempo, era pouco provável que os cartolas ou o treinador vascaíno, o uruguaio Ondino Vieira, permitissem a entrada de duas mocinhas em um vestiário machista.
 Lendas à parte, o certo foi que o namoro evoluiu para noivado e troca de alianças, na igreja da Candelária, em 23 de abril de 1948. Acostumado a marcar gols – até aquela data, já contabilizava 85, como profissional –, quando adentrava ao templo, rumo ao altar, o artilheiro ouviu os presentes gritarem: “Gol! Gol de Ademir!” Torcida que ele nem convidara: “Foi uma dificuldade chegar ao altar. A cerimônia esteve interrompida, por várias vezes”, o que fez o vigário jurar que, a partir daquele dia, naquela paróquia, só casariam reservas de Bonsucesso, Olaria, Madureira e São Cristóvão. E olhe lá! “Quase não recebi cumprimentos”, contou Ademir à revista “O Cruzeiro”, sobre a confusão.
Mais do que amarradão, Ademir passou as primeiras 24 horas do seu novo estado civil, no Hotel Serrador. No dia seguinte, o casal viajou à mineira Cambuquira, onde um cinegrafista indiscreto não lhes dava sossego. O que já o fizera, dentro da Candelária, o fotógrafo da revista “Vida do Crack”, que flagrou esta imagem dos noivos genuflexos.

 

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