Quando um ídolo deixa o clube que o
consagrou e joga, pela primeira vez, contra os velhos companheiros, é um dilema
para a torcida que não sabe se o aplaude,
ou se o vaia. Confira o
primeiro jogo contra de alguns superídolos do Vasco da Gama!
LEÔNIDAS DA SILVA - Ele havia sido campeão carioca, em 1934, pelo Vasco. Com a chegada do profissionalismo ao futebol brasileiro, aceitou uma grana muito boa da Confederação Brasileira de Desportos, deixou o clube cruzmaltino e foi defender o selecionado nacional durante a Copa do Mundo, na Itália. Na temprada-1935, já estava no Botafogo.
O primeiro duelo de Leônidas contra o Vasco, após ter sido vascaíno, aconteceu em 15 de setembro, pelo primeiro turno do Campeonato Carioca, em São Januário. A partida, no entanto foi uma perda de tempo. Foi anulada. Faltando 12 minutos para o final, o juiz a encerrou, por falta de energia elétrica. Com a luz de volta, o gramado foi invadido por torcedores e não houve mais condições de o jogo prosseguir.
Enquanto a bola rolou, o ex-vacaíno Russinho marcou para os botafoguenses e Luís de Carvalho para os colineiros, que foram: Rey, Osvaldo e Itália; Oscarino, Zarzur e Gringo; Orlando, Tião. Luiz Carvalho, Kuko e Luna. O time do "Diamante Negro" teve: Alberto, Albino e Nariz; Afonso, Martim e Canali; Álvaro, Leônidas, Carvalho Leite, Russo e Patesko..
Remarcado o jogo, Leônidas voltou a topar o Vasco em 6 de outubro, novamente, em São Januário, daquela vez sob arbitragem de Lóris Cordovil, e com vitória do visitante, por 1 x 0, em gol de Afonso. O time foi quase o mesmo: Alberto, Albino (Otacílio) e Nariz; Afonso, Luciano e Canali; Álvaro, Leônidas, Carvalho Leite, Russinho e Patesko. O vasco teve: Rey (Panelo), Osvaldo e Itália; Oscarino, Zarzur e Gringo; Orlando, Luiz de Carvalho, Gradim, Nena e Luna (Cicero).
Assim, Leônidas da Silva teve de ir a campo em duas oportunidades para disputar o seu primeiro jogo contra o ex-clube.
ADEMIR MENEZES – O que nenhum torcedor cruzmaltino
esperava ver, aconteceu em 25 de agosto de 1946, pelo Campeonato Carioca. O então
maior ídolo da história do clube estava do lado do Fluminense. E marcando gol, dentro de São
Januário, para o visitante. Que horror!
Corria o Campeonato Carioca e o Vasco teve de ir
buscar uma bola em sua rede, mandada por Ademir, em Fluminense 2 x 0, sob o apito
de Mário Vianna, em prélio que rendeu: Cr$ 182 mil, 346 cruzeiros. O time tricolor,
armado por Gentil Cardoso, levou à Colina: Robertinho, Gualter e Haroldo;
Vicentini, Pé de Valsa e Bigode; Pedro Amorim (autor de um dos gols), Ademir
Menezes, Simões, Orlando e Rodrigues. O Vasco era: Barbosa, Augusto e Sampaio; Ely,
Danilo e Argemiro; Santo Cristo, Lelé, Dimas, Jair Rosa Pinto e Chico. Técnico:
Ernesto Santos
ALMIR ALBUQUERQUE - Era a noite da terça-feira 5 de abril de 1960,
no Pacaembu, em São
Paulo. Além de estrear, como corintiano, Almir abriu o
placar, aos 6 minutos. E a partida terminou Corinthians 3 x 0 Vasco. A renda? Cr$ 1 milhão, 76 mil e
900 cruzeiros. O primeiro Vasco contra Almir foi escalado pelo técnico
argentino Filpo Nuñes com: Miguel; Paulinho de Almeida (Dario) e Bellini; Écio
(Russo), Orlando (Barbosinha) e Coronel; Sabará, Pinga (Pacoti), Teotônio,
Roberto Pinto (Valdemar) e Roberto Peniche. A nova turma do “Pernambuquinho”,
treinada por Alfredo Ramos, era: Gilmar (Cabeção); Egídio, Olavo (Marcos) e Ari
Clemente; Benedito (Sidnei) e Oreco; Lanzoninho, Almir (Luizinho), Higino
(Bataglia), Rafael e Evanir.
BELLINI - Ídolo da torcida cruzmaltina, por uma década, Hideraldo Luís Bellini saiu de São Januário acusando os cartolas de terem negociado o seu passe, com o São Paulo, por não vê-lo mais em condições de segurar a onda na zaga. No entanto, levou mais de um ano após a saída da Colina para enfrentar os velhos companheiros.
Em 4 de janeiro de 1961, por um daqueles antigos Torneios Internacional de Verão, Bellini havia enfrentado os são-paulinos, no Maracanã. Até marcou um gol contra, nos 2 x 2. Em 17 de março de 1962, estreava pelo time tricolor paulista, no Pacaembu, nos 2 x 2, com o Flamengo, pelo Torneio Rio-São Paulo. Pouco depois, foi para a Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo do Chile.
Depois do bi mundial de Bellini (como reserva)a, o São Paulo encarou o Vasco, em 17 de março de 1963, pelo Rio-São Paulo, mas a sua zaga não contou com ele, na vitória vascaína, por 1 x 0, no Pacaembu. Em 1964, os dois times voltaram a se cruzarr, pela mesma competição, no Maracanã, rolando 1 x 1, e nada de Bellini enfrentar o Vasco. Só foi acontecer em 7 de abril de 1965, diante da torcida que o aplaudiu, por tantos anos.
O primeiro Bellini x Vasco aconteceu no "Maraca", pelo Rio-São Paulo, com 2 x 1 para a "Turma da Colina", com gols de Lorico e Luizinho Goiano – Roberto Dias descontou para os visitantes. Naquele dia, a nova patota do antigo "Capitão da Cruz de Malta", treinado por José Poy, era: Glauco (Raul Plasmann); Renato, Bellini e Tenente; Dias e Ademir; Faustino, Rodarte (Flávio), Del Veccho (Zé Roberto), Valter e Paraná.
BARBOSA - Considerado o maior goleiro da história cruzmaltina, Moacyr Barbosa teve dois ciclos em São Januário: de 1944 a 1956, quando trocou a Colina pelo pernambucano Santa Cruz, de Recife, e de 1958 a 1960, quando ao treinador Francisco de Souza Ferreira, o Gradim, pediu a sua volta.
Nas duas vezes em que foi vascaíno, Barbosa ganhou muitos títulos e o respeito da imprensa. No entanto, o seu primeiro jogo contra o Vasco era melhor não ter acontecido. Veteraníssimo, "quarentão", defendia o Campo Grande, que estreava no Campeonato Carioca. Era 21 de setembro de 1962 e, naquele dia, ele viu o seu time ir buscar a bola no fundo das redes por sete vezes. Barbosa, não entanto, não jogou até o final da partida. Foi substituído, por Edmar.
O primeiro e único Barbosa x Vasco rolou no Maracanã, apitado por Frederico Lopes. O meia Lorico, que não era um goleador, naquele dia, marcou três tentos. Saulzinho (2), Sabará e o zagueiro Barbosinha completaram a fartura de rede balançando. Treinado por Plácido Monsores, o Campo Grande do ex-goleiro vascaíno foi:
Barbosa (Edmar); Átila, Viana, Brandãozinho e Darci Santos; Adilson e Domingos; Nelsinho, Russo, Décio e Roberto Peniche. O time do Vasco, sob o comando de Jorge Vieria, teve: Humberto (Ita), Paulinho, Brito, Barbosinha e Dario; Maranhão e Lorico; Sabará, Saulzinho, Vevé e Da Silva. (foto reproduzida da Revista do Esporte).
SABARÁ - Foram 12 anos de Vasco, 576 partidas, 135 gols e cinco títulos importantes: campeão carioca-1952/56/58, do Torneio Rio-São Paulo-1958 e do Torneio de Paris-1957. Até disputar a sua última temporada pela “Turmada Colina”, em 1964, o ponta-direita Sabará era o cara que mais envergara a jaqueta colineira – foi superado por Roberto Dinamite (1.110) e Carlos Germano (632).
Sabará e Vasco era um grande caso de amor. Talvez, inciado em 11 de junho de 1931, quando ele pulou fora da barriga de sua mãe, em Sousa, um antigo distrito da paulista Campinas. Chamava-se Onophre Anacleto de Souza e fazia questão de destacar o “ph” da antiga grafia em seu pré-nome. Ganhou o apelido famoso da molecada das peladas, que invocava com a sua cor, no mesmo tom de uma fruta homônima.
Sabará foi buscado,pelo Vasco, em 1952, junto à Ponte Preta, time que tem camisa igual à dos vascaínos. E, como vascaíno, chegou à Seleção Brasileira, para disputar ... partidas. Chegou a jogar no mesmo ataque que teve o Pelé dos inicios de carreira. Sabará só viu um momento “bola fora” em sua carriera: quando o Vasco comunicou-lhe que não precisava mais dos seus serviços. Magoado pela ingratidão dos cartolas, foi parar na “pequena” Poruguesa, da Ilha do Governador.
No dia 23 de janeiro de 1964, asbará vestiu a camisa 7 da “Lusa das Ilha”, para enfrentar o Vasco. Jamais esperava por aquilo. Mas, intimamente, desejava um acerto de contas com a cartolada da Colina. E foi para o estádio das Laranjeiras, escalado, pelo treinador Gentil Cardoso, que fora campeão carioca, juntamente com ele, em 1952, fazendo parte de uma nova turma – Vagner; Bruno, Reginaldo, Luisão e Tião; Laerte e Valter; Sabará, Inaldo, Paulo e Zé Carlos. Do outro lado, velhos companheiros – Lévis, Joel, Brito, Barbosinha e Pereira; Zé Carlos e Lorico; Joãozinho, Célio, Mário e Zezinho, além do treinador Duque.
E rolou a “maricota”, como diziam os “speakers” dos tempos em que Sabará “comia a bola” como cruzmaltino. Mais do que natural, o Vasco abrfiu o placar, por intermédio de Mário ‘Tilico’. Mas Sabará e a sua nova patota não se intimidaram. Deram muito sangue, e viraram o placar, para 2 x 1, com gols de Inaldo e de Tião. Sabará estava vingado.
Depois daquilo, voltou a se defrontar com o Vasco, durante o returno do Campeonato Crioca, em 7 de outubro, em sua velha casa, o estádio de São Januário. Gostaria de estar no outro vestiário, mas o mundo tinha dado voltas que lhe deixaram tonto. A nova parada estava nesta formação: Wagner; Bruno, Djalma, Luizão e Tião; Laerte e Mário Breves; Sabará, Edmur, Décio Recaman e Zé Carlos. E, daquela vez, o Vasco devolveu a derrota passada e mandou 2 x 0, comgls de Zezinho e do ‘Tilico”. O treinador vascaíno já era Ely do Amparo e a rapaziada do tia teve: Ita (Levis); Joel Felício, Caxias, Fontana e Barbosinha; Maranhão e Lorico; Mário, Célio, Saulzinho e Zezinho.
Foram os dois jogos de Sabará contra o Vasco. Depois, ele foi tentar a
sorte no venezuelano Deportivo Itália. Já era fim de linha.
BRITO - Xerifão, sujeito muito gozador e sambista da Mangueira. Hércules
Brito Ruas foi o capitão que levantou a taça de campeão da I Taça
Guanabara-1965. Em 1969, o Vasco negociou o passe dele (antiga sistemática de
prender um atleta), com o seu maior rival, o Flamengo, e o zagueirão passou a
jogar com a nova camisa a partir de outubro. Mas, como rubro-negro, não cruzou
com os velhos companheiros. Isso só foi acontecer depois que ele serviu a
Seleção Brasileira e voltou tri, do México, em 1970. Naquela temporada, Brito
defendeu o Cruzeiro, pelo qual enfrentou os cruzmaltinos, em 3 de dezembro, no
Maracanã, pela Taça de Prata, um dos embriões do atual Campeonato Brasileiro.
Em seu primeiro jogo como “inimigo”, ele venceu o Vasco, diante de 10.318
pagantes, por 3 x 0. A sua nova patota, treinada por Hílton Chaves, era: Raul;
Lauro, Brito, Fontana e Vanderlei (Neco); Piazza, Zé Carlos e Dirceu Lopes;
Natal (Evaldo), Tostão e Rodrigues. O Vasco, com Elba de Pádua Lima, dirigindo
a moçada, teve: Élcio; Fídelis, Altivo, Renê e Eberval; Alcir e Buglê; Jaíson
(Luis Carlos), Silva, Dé e Gílson Nunes (Ademir).
ROBERTO DINAMITE - No sábado 21 de outubro de 1989, o maior ídolo da
história do Vasco da Gama entrava em campo para enfrentá-lo. Foi em São
Januário, pelo Campeonato Brasileiro. Ele estava emprestado à Portuguesa
de Desportos e o jogo terminou no 0 x 0. Assistido 7.502 pagantes, rendeu NCz$
120.255,00 (novos cruzeiros) e teve apito de José de Assis Aragão-SP.
Nelsinho Rosa era o treinador vascaíno e o time teve: Acácio; Ayupe,
Sidnei, Leonardo Siqueira e Cássio; Zé do Carmo, Andrade, William e Marco
Antônio Boiadeiro; Anderson (Vivinho) e Tato. A equipe da “Lusa do Canindé”,
dirigida por Antônio Lopes, foi: Sidmar; Zanata, Eduardo, Henrique e Lira;
Capitão, Márcio Araújo, Biro-Biro e Toninho; Jorginho e Roberto Dinamite.
EDMUNDO - A tarde do sábado 14 de agosto de 1993 marcou o prmeiro
duelo do "Animal" contra o clube para o qual sempre declarou-se
torcedor. Ele defedia o Palmeiras e, naquele dia, valia pelo Torneio João
Havelange. O Vasco venceu, por 3 x 0, em São Januário, com gols de Hernande,
Giovani e Cássio. O apito foi de Antônio Renê Amaral Ribeiro-RJ e, treinado por
Vanderlei Luxemburgo, o time visitante teve: Sérgio; Cláudio, Tonhão, Alexandre
Rosa e Roberto Carlos; César Sampaio, Amaral e Jean Carlos; Maurílio, Edílson e
Edmundo.
CÉLIO TAVEIRA - Maior
goleador vascaíno na década-1960 e neto de Antônio Taveira, remador da primeira
conquista cruzmaltina, em 1905, ele encarou o Vasco, pela primeira vez, em uma
quinta-feira de 1967, no Maracanã, valendo a Taça Governador Negrão de Lima. Jogava pelo uruguaio Nacional, de Montevidéu, a partir dos inícios da
temporada-1967. Saiu da Colina levando os títulos de campeão do Torneio
Pentagonal do México-1963; da primeira Taça Guanabara-1965 e do Torneio Rio-São
Paulo-1966. E encarou os velhos companheiros formando nesta nova patota:
Dominguez, Ubinas, Manicera, Mujica (Ancheta), Alvarez; Viera, Bita (Cúria),
Montero, Célio, Paz (Techera) e Uruzmendi. Treinado por Zizinho e com gols
marcados por Moraes e Paulo Bim, o time vascaíno alinhou naqueles 2 x 0:
Fraz; Ari (Nilton Paquetá), Ananias e Jorge Andrade; Oldair, Maranhão e Danilo
Menezes; Zezinho, Bianchini, Paulo Bim e Moraes.
ORLANDO PEÇANHA - Esteve contra o Vasco em três oportunidades.
A primeira, em 14 de janeiro de 1961, quando o Boca Juniors venceu os vascaínos, em torneio amistoso de verão, por 2 x 0, em La Bombonera, o seu
estádio, em Buenos Aires. Entrou em um time com três brasileiros –
Almir Pernambuquinho, também ex-vascaíno, Paulo Valentim, ex-botafoguense e
Dino Sani, ex-são-paulino –, treinados pelo também brazuca Vicente Feola. Atuava em equipe muito forte, a começar pelo goleiro Ayala. Na defesa, destascavam-se Heredia e Benitez, enquanto o meio-de-campo tinha um dos
maiores nomes do futebol argentino da década, Rattin. Na frente, Nardielle,
Grillo e Yudica eram os caras.
Os outros dois jogos de Orlando contra o Almirante já foram vestindo a camisa do Santos. O primeiro, em 1º de dezembro de 1965, no
paulistano Pacaembu, abrindo as finais da Taça Brasil. Atuou sendo apoiador,
formando o meio-de-campo com Lima. O Peixe espinhalou 5 x 1, com ataque
arrasador que alinhava Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Na defesa, estavam o goleiro Gilmar e o zagueiro
Mauro Ramos, colegas da Copa do Mundo-1958. Além do lateral-direito Carlos
Alberto Torres, que seria o capitão do tri, em 1970, e o menos votado Geraldino.
Por fim, Orlando voltou a encarar o Vasco na finalíssima da mesma disputa, uma
semana depois, no Maracanã, em Santos 1 x 0. Atuou na zaga, ao lado de
Mauro, que fora reserva do vascaíno Bellini, na Suécia-1958. A escalação foi a mesma do jogo anterior.