Até os 17, Léo apresentava desenvolvimento físico igual ao de todo garoto do seu tope. Podia ser maior - ou menor - do que algum deles, por questão de mais - ou menos - centímetros - pouca coisa!
Certo dia, durante partida entre o
Gavião e o Vasco das Gramas, o ofensivíssimo atacante Léo recebeu um forte
chute em sua cabeça, desferido pelo lateral-esquerdo Ademar Morcego. Caiu ao
chão, desacordado, e levou cerca de dois minutos para se recompor. Depois
daquilo, começou a crescer, chambregadamente.
Ainda chegou a jogar algumas partidas e a marcar gols, mas os adversários
começaram a protestar junto a Liga Municipal de Futebol pedindo para ele ser
afastado, por levar grande vantagem física em todos os lances em que se envolvia, principalmente,
pelo alto.
Aos 18 de idade, o muito querido
Léo – todos na cidade gostavam dele – passou a ser um rapaz triste, por não
poder mais fazer o que tanto gostava, rolar a bola. Medindo 2m50cm de altura,
tinha dificuldades para tudo. Roupas, sapatos, cama para dormir, tudo tinha de
ser feito especialmente para ele. Até para entrar em casa tinha problemas.
Com pena do velho-grande artilheiro Léo, que não conseguia
arrumar emprego, por sobrar dentro de capelinhas, lojas, escritórios, consultórios médicos, etc, o prefeito da
cidade, seu velho amigo, arrumou-lhe o cargo de cuidador do gramado do Estádio
Municipal. Cumprir, ele cumpria bem a sua tarefa, Só não podia era estar
presente no momento de alguma partida, pois chorava, intensamente, lembrando
dos seus tempos de goleador. Por ali, por sinal, surgiu a lenda de que,
quando ia trabalhar, ele chegava ao estádio vestido com um smoking, pegava uma
bola e ficava olhando para as ruas em volta por cima do prédio.
Já fazia mais de uma temporada que
o Léo era gigante. Perto do Natal, o Prefeito organizou um amistoso entre
servidores municipais - festa anual de congratulações - e pediu para o seu
velho amigo participar do prélio, pelos minutos finais. Léo entrou em campo,
aos 40 minutos do segundo tempo e, da primeira bola lançada para ele conferir
na boca do gol, o mesmo Ademar Morcego a rebateu, com a mesma força que o havia
derrubado antes, deixando-o estirado no gramado por conta do impacto em sua
cabeça. Parecia que a torcia já havia assistido aquele filme antes.
A partir do dia seguinte, Léo foi
decrescendo na altura, decrescendo, decrescendo, até voltar a uma altura normal
para quem tinha 19 de idade. Parou em 1m78cm, muito boa para um centroavante, a
sua posição. E voltou a treinar com a sua antiga patota e recuperou a sua
antiga camisa 11 no ataque do Vasco das Gramas, time que tinha este nome porque
o seu criador era um vendedor de gramas.
Início às 16h08 e final às 16h58 de 08.08.2025 (sexta-feira).
Trazido para cá (2016) pelo Túnel do Tempo.
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