Vasco

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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

CONTOS DO KIKE - O GIGANTE DO ESTÁDIO

 Até os 17, Léo apresentava desenvolvimento físico igual ao de todo garoto do seu tope. Podia ser maior - ou menor - do que algum deles, por questão de mais - ou menos - centímetros - pouca coisa!

 Certo dia, durante partida entre o Gavião e o Vasco das Gramas, o ofensivíssimo atacante Léo recebeu um forte chute em sua cabeça, desferido pelo lateral-esquerdo Ademar Morcego. Caiu ao chão, desacordado, e levou cerca de dois minutos para se recompor. Depois daquilo, começou a crescer, chambregadamente. Ainda chegou a jogar algumas partidas e a marcar gols, mas os adversários começaram a protestar junto a Liga Municipal de Futebol pedindo para ele ser afastado, por levar grande vantagem física em todos os  lances em que se envolvia, principalmente, pelo alto.     

 Aos 18 de idade, o muito querido Léo – todos na cidade gostavam dele – passou a ser um rapaz triste, por não poder mais fazer o que tanto gostava, rolar a bola. Medindo 2m50cm de altura, tinha dificuldades para tudo. Roupas, sapatos, cama para dormir, tudo tinha de ser feito especialmente para ele. Até para entrar em casa tinha problemas.

Léo foi banido da Liga por ter se tornado um gigante

 Com pena do velho-grande artilheiro  Léo, que não conseguia arrumar emprego, por sobrar dentro de capelinhas, lojas, escritórios, consultórios médicos, etc, o prefeito da cidade, seu velho amigo, arrumou-lhe o cargo de cuidador do gramado do Estádio Municipal. Cumprir, ele cumpria bem a sua tarefa, Só não podia era estar presente no momento de alguma partida, pois chorava, intensamente, lembrando dos seus tempos de goleador.  Por ali, por sinal, surgiu a lenda de que, quando ia trabalhar, ele chegava ao estádio vestido com um smoking, pegava uma bola e ficava olhando para as ruas em volta por cima do prédio.  

 Já fazia mais de uma temporada que o Léo era gigante. Perto do Natal, o Prefeito organizou um amistoso entre servidores municipais - festa anual de congratulações - e pediu para o seu velho amigo participar do prélio, pelos minutos finais. Léo entrou em campo, aos 40 minutos do segundo tempo e, da primeira bola lançada para ele conferir na boca do gol, o mesmo Ademar Morcego a rebateu, com a mesma força que o havia derrubado antes, deixando-o estirado no gramado por conta do impacto em sua cabeça. Parecia que a torcia já havia assistido aquele filme antes.   

 A partir do dia seguinte, Léo foi decrescendo na altura, decrescendo, decrescendo, até voltar a uma altura normal para quem tinha 19 de idade. Parou em 1m78cm, muito boa para um centroavante, a sua posição. E voltou a treinar com a sua antiga patota e recuperou a sua antiga camisa 11 no ataque do Vasco das Gramas, time que tinha este nome porque o seu criador era um vendedor de gramas.

Os locutores viram as chuteiras do Léo jogando futebol de gigante  

 Inscrito na Liga para as últimas partidas do campeonato da temporada, Léo marcou o gol mais bonito do Estádio Municipal, tabelando - por calcanhar – com o seu meia-armador. Os locutores que narravam o prélio o acharam tão bonito, que pareceram combinar, dizendo aos ouvintes ter sido aquele um “gol gigante, um golão, o maior que já haviam assistido”. E passaram a bordejar o Léo por “Gigante do Placar”, o que, com o passar do tempo, teve “Placar” esquecido, para ele ficar sendo só “Gigante” – era o seu destino: gigante na rede, no placar, no toque de calcanhar.

           Início às 16h08 e final às 16h58 de 08.08.2025 (sexta-feira).

                           Trazido para cá (2016) pelo Túnel do Tempo.

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