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Lendo o discurso de posse |
A primeira mulher a entrar para a
Academia Brasileira de Letras foi uma torcedora do Vasco da Gama: Rachel de Queiroz.
Ela, sempre, explicitou
a sua simpatia pelo "Almirante", inclusive, escrevendo isso pela revista “O Cruzeiro”. Mas porquê Rachel admirava um clube carioca, se ela era uma cearense?
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Rachel no antigo 'Clube do Bolinha'. Mulher não entrava |
Era 4 de novembro de 1977 quando a vascaína Rachel de Queiroz tornou-se imortal. Passavam-se três meses que ela havia vencido o jurista Pontes de Miranda na disputa pela “Cadeira 5”, antes de Cândido Mota Filho, sob o patronato de Bernardo Guimarães. Recebida por Adonias Filho, passou a ser a quinta ocupante do assento. Fora uma bela noite carioca, quando os acadêmicos Francisco de Assis Barbosa, Odylo Costa Filho e Otávio de Faria conduziram-na ao salão solene da Casa de Machado de Assis. Todos levantaram-se e aplaudiram-na, até ela sentar-se à poltrona azul, diante da mesa da presidência da Casa de Machado de Assis.
Como presente pela imortalidade, o Vasco deu a Rachel o título de campeão carioca daquela temporada, abatendo 14 adversários e conquistando os dois turnos de forma incontestável: em 30 refregas, 25 vitórias e quatro empates. Só uma escorregadinha, compensada por 69 marcados e apenas cinco sofridos, o que lhe deixava com o espantoso saldo de 64 bolas na caçapa. Imitou os atos de heroísmo dos livros da primeira acadêmica.
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O abraço da amiga Dinah |
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Fotos reproduzidas da revista Manchete |
Rachel de Queiroz, portanto, tabelava, com o Vasco no jogo do tempo. Tempo de vitórias, que incluem Nossa Senhora das Vitórias, a mãe de Deusa na tradição cristã, o símbolo da vitória do bem sobre o mal, desde a época das cruzadas. Não é que Rachel entrou para a Academia Cearense de Letras em um 15 de agosto (de 1994)! Na mesma data, em 1955, estava sendo inaugurada, dentro da sede cruzmaltina, a capela da padroeira do clube, o que começou a nascer juntamente com as consagradoras vitórias do time em sua primeira participação na elite do Campeonato Carioca-1923, quando ela tinha 13 anos, “na idade das imaginações e dos sonhos”, conforme disse em seu discurso de posse na ABL, quando recitou versos do poeta Raimundo Correia e louvou a Aloysio de Castro, Cândido Mota Filho, Bernardo Guimarães e ao sanitarista Oswaldo Cruz seu “herói angélico, de vida curta e generosa ... contra o inimigo invisível. Assim foi Rachel, uma cruzmaltina inteiramente visível.
encontrei isto na internet
ResponderExcluirHeloísa Buarque de Holanda – Estava nos estatutos da Academia, que era coisa para escritores homens. E a entrada da Rachel era a entrada da mulher na literatura brasileira. Essa posse foi uma festa nacional. Tinha torcida – era ela vascaína –, então tinha a torcida vascaína na entrada da academia, toda aos gritos. Eram milhares de pessoas. A cidade parou. Tinha a escola de samba. Era uma coisa literalmente gigantesca.