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sábado, 5 de setembro de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO – ÍNDIOS NA FESTA DO IV CENTENÁRIO DE S.PAULO

O sertanista Orlado Villas-Boas (E) cuidou dos indígenas em São Paulo
Ninguém fez mais sucesso durante as festividades do IV Centenário de São Paulo do que os índios levados da região nortista do Rio Xingu. Seguidos por multidões de curiosos, após uma missa campal foram, delirantemente, aplaudidos. Precisou-se até que a Guarda Civil Municipal fizesse cordões de isolamento, para evitar que o povão se precipitasse sobre eles. Mais: pelo Vale do Anhangabaú, onde abriram desfile cívico, os entusiasmos foram mais incontidos, da parte de 500 mil presentes. 
  Hospedados na casa dos irmãos sertanistas Villas-Boas, os índios foram transportados pela Força Aérea Brasileira, com o apoio do Serviço de Proteção aos Índios. De sua parte, a revista carioca O Cruzeiro, a maior da América Latina, afirmou ter a iniciativa sido dela. Mas não incluiu no pacote a viagem, também, para os festejos paulistanos, dos índios civilizados do Rio Grande do Sul.
Dom Jaime repetiu primeira missa paulistana no mesmo local
OBRIGAÇÃO - Prestar uma homenagem aos índios não foi mais do que um reconhecimento ao papel deles nos inícios de São Paulo, quando os jesuítas vindos de Portugal contaram com o apoio dos mamelucos e deles, para fazer uma vila crescer, tornar-se ponto de propagação de desenvolvimento e futura mola propulsoras do país.
 São Paulo foi inventado pelo padre Manoel da Nóbrega, o primeiro a subir ao planalto de Piratininga e celebrante da primeira missa no local - em 29 de agosto de 1553.
 Por ali, ele criou residência e escola para os jesuítas.
 Nóbrega, no entanto não queria fazer tudo sozinho. Poderia ter incumbido o importante parceiro José de Anchieta para celebrar a primeira missa no colégio pioneiro, mas entregou a tarefa ao padre Manoel Paiva.
 De quebra, trocou o nome de Piratininga, por São Paulo, por ser aquela - 25 de janeiro (de 1554) - a data de conversão de Saulo de Tarso, antes grande perseguidor que tornou-se um dos principais nomes do cristianismo, adotando Paulo por nome.   
Mariká gostou da boneca e pediu pra levar uma para o Xingu
DESTINO - O padre Manoel da Nóbrega tinha 27 de idade, pregava o evangelho cristão pela Espanha e por Portugal, quando o rei destas terras - Dom João III - propôs-lhe, surpreendentemente, embarcar na armadas que levaria Tomé de Souza para ser o (primeiro) Governador Geral do Brasil.
 Convite topado, ele trouxe junto mais cinco colegas de batina, celebrou a primeira missa na Bahia e ajudou o Tomé a fundar Salvador. Depois, foi para o Rio de Janeiro repetir a dose. De quebra, ajudou o Governador Mem de Sá a expulsar os franceses do pedaço – homem de valor!
 Nóbrega era uma máquina imparável. Zanzou até o nordeste e estimulando a conquista do interior brazuca.
 Quatro séculos depois que apenas 11 jesuítas assistiram à missa pioneira, em Piratininga, 30 mil católicos, entre eles o presidente da República, o general Eurico Dutra, e o general Cândido Rondon, grande desbravador dos sertões brasileiros, prestigiavam um novo ato religioso, no 25 de janeiro. Mas de 1954, no mesmo local em que Nóbrega e Paiva celebraram as duas primeiras missas em Sampa. Daquela vez, às 18 horas, diante do altar, quem estava era o (convidado) cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Jaime Câmara. 
Krumaré experimentou,  mas não gostou de uvas
FESTANÇA - As comemorações do São Paulo quatrocentão começaram no dia 23, com apresentações, por praças da capital, de bandas civis de todas a partes do Estado, e queima de fogos de artifícios. 
No 25 de janeiro, às cinco da matina, rolaram as alvoradas. Às 08h10, o presidente Dutra colocou uma palma de flores no Monumento às Fundação de São Paulo; às 09h, começou a inauguração da Catedral, na Praça da Sé, construída, por doações, durante quatro décadas.
Do ato, participaram o presidente da república, autoridades paulistas, governadores e parlamentares de vários estados e membros do corpo diplomático.
Laulapiti, Samaiurá, Txukarramãe e Kayabi
A benção da Catedral da Sé foi feita pelo bispo titular de Aricanda (região da Turquia habitada desde cerca de 2.000 AC), Dom Antônio Maria Alves Siqueira, enquanto a missa pontificial foi oficiada por Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, o arcebispo de São Paulo. 
Após a leitura do evangelho, foi lida mensagem do Papa Pio 12, abençoando a Catedral da Sé.
TURFE - Entre as muitas outras atividades comemorativas do aniversário paulistano, emocionantemente, foi corrido o Grande Prêmio IV Centenário, a então maior prova turfística já realizada na América Latina, com 14 cavalos disputando  Cr$ 2,5 milhões de cruzeiros, em prêmios do Jóquei Clube de São Paulo, grandiosa soma para a época.
 Os animais eram de criadores do Brasil, Argentina, Chile, Peru, Uruguai,  Itália, Irlanda e Inglaterra, com Gualicho favorito à vitória, apostada por cerca de 170 mil palpites. No entanto, o vencedor foi El Aragonês, com 33 mil  “poules”. Montado por Quinteros, ele percorreu os 3 mil metros de pista seca em em 191,8 décimos de segundos -  logo, São Paulo, que nunca parou, só deu zebra no 
Fotos reproduzidas das revista semanal carioca O Cruzeiro

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