Vasco

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sábado, 12 de setembro de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO - BRAZUCA QUASE XARAZOU CAVALO HERMANO

            Foto reproduzida da semanária carioca de 8 de agosto de 1953
Se um pássaro - por exemplo, uma garrincha -  não fosse mais rápido do que um equino – digamos, um cavalo -, este chegaria à frente, certamente, do animalzinho alado, com um corpo de vantagem, em uma imaginária corrida de bichos. 
Prêmio da proeza: o direito de apelidar um demônio. Mas demônio do bem, da arte, da alegria do povo no futebol - mau só para os marcadores.
 O demônio em questão chamou-se Garrincha, foi ponta-direita e, no auge da carreira, defendeu o Botafogo (1953 a 1965, por  581 jogos e 232 gols) e a Seleção Brasileira (16 gols, em 60 partidas, entre 1955 e 1966).
Garrincha ganhou apelido passaredo, por viver caçando as suas xarás pelas matas de Pau Grande, distrito de Magé-RJ. Mas, ao fazer os seus primeiros treinos botafoguenses, andou sendo apelidado por Gualicho, por conta de um cavalo que vinha sendo o máximo no prado brasileiro. Um animal que ganhara tanta expressão, chegando a disputar capas de revistas bacanas com as belas dondocas cariocas.
 Gualicho foi uma lenda surgida nos páreos turfísticos da década-1950, em hipódromos do Rio de Janeiro e de São Paulo. Travava duelaços, entre outros, com o francês Fort Napoléon, o argentino El Aragonés e o brasileiro Quiproquó. 
Até hoje é homenageado pelo Jockey Club Brasileiro.
Olavo Rosa montava e o 'avião' Gualicho 'voava e recordeava'
 Único cavalo a vencer, por duas temporadas consecutivas (1952 e 1953), os GPs São Paulo e do Brasil (este corrido no Rio de Janeiro), e a bater o recorde dos 3.000 metros, o fera Gualicho pontuou em época repleta de tremendos cavalaços e de profissionais extraordinarissímos.
 De sua parte, Garrincha tentou outros clubes cariocas, antes de procurar o Botafogo. Mas não teve vez. Sorte dos alvinegros, que nada gastaram para tê-lo, ao contrário de João Adhemar de Almeida Prado,  que comprou o Gualicho, em leilão, na Argentina, por caríssimos (para a época) Cr$ 400 mil (cruzeiros), pagos pelo Stud Almeida Prado & AssunçãoSem demora, porém, o cavalo levantou Cr$ 4,6 milhões pelas suas patas voadoras, que lembravam as asas de uma garrincha. 
 Foram grandes os lucros proporcionados por cavalo e atleta. Gualicho,  dito pela imprensa como “o maior espetáculo sobre a pista”,  foi aplaudido por 100 mil torcedores ao vencer o GP Brasil-1953, temporada em que Garrincha partiu para a glória - 19 de julho de 1953 -, marcando três gols (um de pênalti) em Botafogo 6 x 3 Bonsucesso, pelo Campeonato Carioca.
  Nascido em 22 de outubro de 1948 e criado por Jorge A. Santamarina, o vencedor Gualicho era filho do inglês The Druid, sempre foi treinado por Manoel Branco e montado por Olavo Rosa. Em 25 de janeiro 1954, quando era o franco favorito para vencer o GP do IV Centenário de São Paulo, foi  batido pelo hermano El Aragonés, ficando atrás, ainda, do brasileiro Quiproquó e do chileno Biriatou. Motivo para Garrincha não ser Gualicho e ir mais longe em sua carreira de ponta
  Mané Garrincha - era mais um Manoel nesse país muito católico - ajudo o escrete brasileiro a ganhar as Copa do Mundo de 1958 e de 1962; a Copa Roca-1960 (contra argentinos); e as Taças Oswaldo Cruz-1958/61/62 (diante de paraguaios) e O´Higgins-1955/59/61 (encarando chilenos).
Enfim, duas lendas: a cavalar, completamente esquecida, e a atlética, já batendo asas para o esquecimento. 

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