Entre 1967 e
1972, o técnico Cilinho (Otacílio Pires de Camargo) burilou e lançou um garoto,
de 17 de idade, no ataque da Ponte Preta. Lá pelas tantas, o Palmeiras pediu o
empréstimo dele, por três meses. O moleque agradou ao técnico Oswaldo Brandão e
ganhou vaga no time do mestre em quatro partidas, marcando quatro gols. O
“Verdão”, no entanto, deixou a bola rola, achando que ninguém estava vendo
nada. Mas o Fluminense já estava ali na esquina, com um saco de grana, e
prometeu à “Macaca” pagar R$ 300 mil cruzeiros - um terço a vista e mais quatro
prestações – para levar o moleque.
- Então,
manda! – responderem o cartolas ponte-pretanos – e o Flu pagou e levou.
De há muito, a torcida tricolor chorava
saudade de Samarone (apelido de Wilson Gomes), cracaço que marcava poucos gols,
mas deixava colegas olhos-nos-olhos com os goleiros. Muitos substitutos hviam
sido tentados, sem nenhum vingar. Mafrini, a nova aposta, seria só mais um,
pensavam. Grande engano! Em seus primeiros jogo pelo Flu, o rapaz aloirado,
como o ‘Samara’, mostrava colocação em campo e mesmo estilo de jogo do antigo
meia-atacante tricolor, revelado pela Portuguesa Santista. Em não muito tempo,
ninguém falava mais em Samarone. Bendita hora em que Oswaldo Brandão, sacando
que os seus chefes palmeirenses não se moviam, aconselhou ao rapzinho: “Se
mande, vá embora para o futebol carioca” – e ele foi.
Manfrini não tinha a habilidade de Samarone,
mas sabias fazer gols como o antecessor não sabia. Mesmo jogando como terceiro
homem do meio-de-campo, ele marcou 13 gols (dois a menos do que o principal
matador, Dario, do Fla) durante a campanha que levou o Flu ao título
carioca-1973, o títudes, enquanto o
homem-gol tricolor, Dionísio, marcou 10.
Reprodução do álbum do torcedor tricolor Herminho Dourado
Manfrini, aos 23 de idade, jogava naquele
Flu-1973 sem posição definida. Gostava de cair pela direita do seu ataque,
quando concatenava com Dionísio. Se o adversário tinha a posse da bola, ele
ajudava Carlos Alberto Torres e Carlos Alberto Pintinho no combate. Por não ter
posição fixa, quando o lateral-direito Toninho Baiano atacava, ele caía para a
esquerda a fim de que Dionísio se lançasse, em diagonal, para a área “inimiga”,
puxando marcadores e abrindo brechas para ele aparecer, de trás, sem marcação.
Quando a jogada saía pela esquerda, puxada por Marco Antônio ou Lula, ele e
Dionísio invertiam as coisas por aquele lado. Tática, do técnico Duque (David
Ferreira) que permitiu ao tereiro-homem do meio-de-campo marcar mais gols do
que o “homem-gol”.
Antônio Monfrini
Neto (e não Manfrini) nasceu no bairro paulistano da Mooca, em 23 de junho de
1950. Defendeu o Fluminense, entre 1973 a 1976, atuando em 157 partidas e
marcando 61 tentos. Um dos gols que ele não marcou durante o seu tempo
tricolor, teve tanta repercussão quanto uma das suas bolas na rede. Enfrentando
o Vasco da Gama, acertou um tirambaço na trave, que muito viram deixar marcado
no poste transversal defendido pelo goleiro Andrada a marca da bola. Lendas do
futebol, como o tapa dado por Obdúlio Varela, em Bigode, na final da Copa do
Mundo-1950, no mesmo Maracanã. Enfim, de 1976 a 1979, Manfrini esteve pelo
Botafogo e marcou 33 gols. Encerrou a carreira, em 1981, vestindo a camisa do
Juventus-SP, da Rua Javari. Há historiadores que colocam o maranhense Moto Club
como o seu último clube, mas, na verdade, ele fez um jogo amistoso, juntamente
com Roberto Rivelino, pelo Sampaio Corrêa, que é maranhense.
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