Durante a década-1970, quando a Caixa Econômica lançou a Loteria Esportiva, os apostadores marcavam palpites triplos nos jogos dos sábados, para não saírem logo do sonho de riqueza aceretando os vencedores das partidas do domingo. No entanto, no Teste 343, o Jogo 7 - Taguatinga x Brasília – não precisou disso. O “Taguá” tinha time tão ruim que dispensou a rapaziada de gastar uma graninha a mais. Qualquer resulado que nãso fosse a Coluna 2 seria a maior zebra da história da apelidada “Loteca”.
Veio, então, a tarde do sábado 26 e junho de
1977 e o Brasília adentrou ao tapete verde do já demolido estádio Pelezão, tão
despreocupado que parecia já ter ganho a pugna. Era a segurança que os seus
últimos cinco resultados lhe davam: 27.04.1977 - 0 x 0 Grêmio Brasiliense;
04.05 – 3 x 0 Olímpico; 04.06 – 4 x 0 Desportiva Bandeirante; 09.06 – 1 x 1
Vasco; 11.06 – 3 x 2 Canarinho. De sua parte, o Taguatinga, só tinha uma
vitória, assim mesmo com muita dificuldade, 1 x 0 Gama, o pior do campeonato,
em 11.06.1977. Seus outros placares eram: 13.04 – 1 x 1 Canarinho; 21.04 – 2 x
2 Demabra (futura Desportiva Bandeirante); 04.05 - 0 x 2 Gama; 18.06 – 0 x 0 Grêmio
Brasiliense.
Como todos os apostadors esperavam, tão logo o
árbitro Francisco José Lopes mandou a bola rolar, o Brasília Esporte Clube
avisou que iria depenar a “Águia Branca” (como era chamado o Taguatinga). E
chegou, fácil, fácil, aos 4 x 0, com gols marcados por Julinho Rodrigues, Ney,
Ernane Banana e Uel. E só não fez mais porque o treinador Ayrton Nogueira achou
que estava bom e mandou o time tirar o pé do acelerador – o ponto mais fácil da
Loteca.
Se, daquela vez, o Brasília pegou moleza,
quando foi incluído no Jogo 8 do Teste 286 pediu palpite triplo ao apostador. O
adversário foi o Grêmio Brasiliense, que começara forte nas primeiras disputas
do profissionalismo da então Federação Metropolitana de Futebol-FMF – hoje,
Federação Brasiliens -, conquistando o primeiro caneco em disputa, o do Torneio
Imprensa, competição programada para dar tempo aos clubes de se arrumarem para
o novo tempo (do profissionalismo) que chegava ao futebol candango.
REPRODUÇÃO DA REVISTA DO ESPORTE
Jorge Vitório foi um dos goleiros do Ceub
Jogado, também, no Pelezão, na
tarde do sábado 15 de maio de 1976, com os dois times mostrando isso ao
apostador: Brasília: 20.03.1976 – 0 x 1 Taguatinga; 03.04 – 1 x 1 Grêmio
Brasiliense; 10.04 – 1 x 1 Humatá; 27.04 – 1 x 1 Canarinho; 08.05 – 1 x 3
Humaitá. Grêmio Brasiliense: 27.04 – 6 x 0 Humaitá; 03.04 – 1 x 1 Brasília;
10.04 – 1 x 1 Ceub; 27.04 – 5 x 1 Gama; 01.05 -2 x 0 Flamengo. Pelos placares,
o Grêmio parcia favorito, mas rolou a coluna do meio, por conta dos gols
marcados por Rogério Bayer, para o Brasília, e Léo Fuminho, para os gremistas.
Com uma vitória e um empate nos dois jogos
citados acima, o Brasília Esporte Clube perdeu, pela primeira vez, na Loteria
Esportiva, em 5 de junho de 1976, no Teste 289: 1 x 2 Ceub – antes disso, no
único pega entre os dois, pelo extra-oficial Torneio Imprensa, rolara 1 x 1.
Para o Jogo 7 deste concurso de
maio de 1976, o Ceub ia para o Pelezão com um ponto à frente do rival,
precisando empatar para ser o campeão do primeiro turno do primeiro campeonato
de futebol profissional do DF, etapa batizada por Taça Brasília. Apresentava
isso para o apostador: 04.05.1976 – 4 x 0 Flamengo; 08.05 – 2 x 1 Taguatinga;
18.05 – 1 x 1 Grêmio Brasiliense; 25.05 – 2 x 1 Humaitá, além de 1 x 2
Flamengo-RJ, amistosamente, em 23.05.1976. O Brasília tinha este cartel: 08.05
– 1 x 3 Humaitá; 11.05 – 4 x 1 Gama; 15.05 – 1 x 1 Grêmio Brasiliense; 22.05 –
3 x 0 Taguatiga; 29.05 – 7 x 0 Flamengo, maior goleada dos inícios do futebol
profissional da FMF. Com gols de Lucas e Xisté, para os ceubenses, e de
Roberto, para o Brasília, deu a Coluna 1, em partida tumultuada por brigas e
expulsões de campo, tendo até policial atirando para cima – no inquérito,
consta que não houve tiro.
Os dois times voltaram a se encontrar no Jogo
8 do Teste 293, em 3 de julho do mesmo 1976 e no mesmo Pelezão, com o Ceub
voltando a jogar pelo empate. Vinha destes resultados: 25.05.1976 – 2 x 1
Humaitá; 05.06 – 2 x 1 Brasília; 19.06 – 4 x 1 Gama; 22.06 – 2 x 0 Flamengo,
além de (10.06) 1 x 2 América-RJ, amistosamente. O Brasília anotava: 22.05 – 3
x 0 Taguatinga; 29.05 – 7 x 0 Flamengo-DF; 05.06 – 1 x 2 Ceub; 15.06 – 1 x 0
Flamengo-DF; 26.06 – 3 x 0 Gama. Com gols marcados por Juarez e Lino, deu Ceub,
na Coluna 2.
Até então, o
Brasília EC só havia entrado na Loteria Esportiva disputando jogos candangos.
Em 1977, quando participou do seu primeiro Campeonato Brasileiro, mesmo estando
na Coluna 1 do Teste 313, não mereceu muita fé do apostador do Jogo 6, contra o
América-RJ. Para aquele encontro, o campeão candango apresentava-se com este
retrospecto: 11.07.1976 – Brasília 1 x 1 Ceub; 31.07.1976 – 2 x 1 Humaitá;
09.10.1976 – 2 x 1 Grêmio Brasiliense; 16.10.1976 – 3 x 0 Guará; 06.11.1976 – 0
x 0 Atlético-GO. De sua parte, o América-RJ apresentava, entre 07.10 a
31.10.1976, estes números: 3 x 0 Vitória-ES; 0 x 1 Flamengo; 0 x 0 Palmeiras; 1
x 6 Guarani de Campinas-SP; 3 x 4 Volta Reonda-RJ. O time cariopca foi mais
forte. Mandou 3 x 2, na Coluna 2, no Pelezão, diante de 13.837 pagantes.
Idealizada durante o governo do
presidente Costa e Silva (1967/1969), a Loteria Esportiva foi às ruas quando o
cara já era Garrastazu Médic. Ele
assinou o decreto-lei Nº 66.118, de 26 de janeiro de 1970 e o primeiro teste
foi em 19 de abril daquele 1970. Da renda bruta semanal (inicialmente, eram
testes), 50% do total arrecadado págavam prêmios; 12% as despesas gerais e 13%
para iam ara comissões. Da renda líquida, 40% ficavam com a Legião Brasileira
de Assistência; 30% no cofre do Conselho Nacional de Desportos e 30% na conta
do Ministério da Educação e Cultura.
No oitavo teste, quando só o Rio de Janeiro
apostava, cerca de um quarto da população carioca fazia a sua fezinha, a
“Lotecca”, aidna em 1970, chegou a São
Paulo e o o número de apostadores cresceu para quase seis milhões, ou um um
terço das famílias brasileiras. O sonho de riqueza do apostador durou até
outubro de 1982, quandoa revista Placar denunciou uma
“máfia” que fabricava resultados, por conta de 125 corruptos entre jogadores,
dirigentes, árbitros técnicos e “pessoas acima dequalquer suspeita”. Denúncia
feita, a Loteca perdeu credibilidade e jamais voltou a ser tão popular.
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