Vasco

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sábado, 20 de abril de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - O DIA EM QUE A MARQUESA DE SANTOS FOI ENCOSTADA NA PAREDE PELA "OPERAÇÃO LAVA JATO"

121 -  O espírito da Marquesa de Santos resolveu dar um chego em um terreiro de Brasília, pra ver como andava o seu ex-mundo, após um século de ausência. Malmente chegou, foi instada, por um Oficial de Justiça, a comparecer à Polícia Federal e a depor na Operação Lava Jato.
Sem problemas! O espírito Domitila de Castro e Canto pintou na área e foi cobrado pelo Delegado:
- A senhora é acusada de corrupção, de ser uma propineira.
-  Nesse caso, cobrem do meu amante, o Imperador Dom Pedro I, pois tudo o que eu fiz foi com a ajuda dele. Não nego que mordi muita grana, indicando gente para cargos imperiais. Mas foi só uma graninha que, hoje, seria uma merrequinha, em relação ao que a rapaziada mordeu.

Se Domitila era esta gataça toda, como
no desenho da capa deste livro. Dom Pedro
tinha mais era que...

- Mesmo assim, Marquesa: crime é crime, em qualquer época.  Está na lei e deve ser apurado.
- Mas está mais do que apurado, senhor Delegado. Todo o Império sabia das minhas mutretas. Só não sabia, quem não queria saber. Consta-se nos melhores livros de História do Brasil.
- A obrigação da Polícia, minha gloriosa Marquesa, não é ler livros de História, mas apurar denúncias recebidas, como esta contra Vosmecê.
- Então comece, Delegado, fazendo a conversão, de contos de réis para os seus atuais reais e vejamos em quanto meti na boca do cofre. Se o senhor não tiver um economista de plantão, posso voltar ao terreiro e invocar o espírito de Ruy Barbosa, que foi o inventor da inflação brasileira, em temos republicanos. Pediremos ao baiano um diagnóstico da curva inflacionária, do meu tempo para cá.
O Delegado concordou, o espírito da Marquesa voltou ao terreiro, contatou o de Ruy e voltou com os números para apresenta-los à Operação Lava Jato. Após o o homem examina-los, ela disse:
- Como o senhor lê, Delegado, o que propinei não daria hoje pra comprar dois pasteis e um caldo de cana, se comparado ao que os caras presos pela Lava Jato morderam. Portanto, quero um troco. O quanto antes. Caso contrário, escreverei uma carta ao Papa, pedindo a minha santificação. Sou um santa.
Domitila escreveu ao Papa Pio 12, que não surtou e nem assustou-se com a inusitada proposta, a primeira, naquele sentido, recebida pela Madre Igreja Católica Apostólica Romana. Pensou alto:
- Santificar uma mulher que vivia amasiada com um homem casado! Ainda mais, que prevaricava o fundo do cofre! Nenhuma chance! Mas, para não dizerem que sou um sujeito mau caráter, vou levar em conta que Madalena, acusada de ser uma prostituta, terminou santificada.
... ser um vampirão e chupar todo o sangue
dela, como sugere esta capa de livro.
PIO 12 CONVOCOU um concílio e colocou em discussão o pedido da Marquesa de Santos. Não houve acordo durante as discussões e ele interrompeu, “sine die”, a resposta. Ante a demora de a Marquesa levar a postura papal ao Delegado da Lava Jato, este voltou a convoca-la para novos depoimentos. E Domitila voltou a tirar o corpo fora, responsabilizando Pedro I por autor do propinoduto.
Diante do exposto, o Delegado chamou um policial e ordenou-lhe colocar tornozeleira eletrônica no espírito da Marquesa. A librou, para ficar em prisão domiciliar e com a missão de voltar ao além e levar uma intimação ao Imperador.
Bola fora do Delegado. Dom Pedro I veio depor e aproveitou a viagem para e executar o seu esporte predileto, traçar tudo quando era mulher que pintasse pela sua frente. E a do Delegado foi um delas.
LEVADO ÀS RESPONSAS, o espírito do Imperador preso julgado, considerado culpado e condenado a um time de temporadas na cadeia. Antes de ser julgado, ele cobrou do Juiz:
- O senhor não tem moral pra me esculhambar. É pago pra morar em sua casa.
- Recebo grana pra isso, sim, mas de forma legal.
- Legal,  mas imoral.

Dom Pedro recorreu, mas terminou foi vendo a sua pena aumentada e perdendo o direito de continuar sendo o Imperador do Brasil. Como havia abdicado em favor do seu filho Pedro II, os ministros do principal tribunal do Brasil estenderam o castigo ao Pedrinho,  seu filho, tomando por base a propriedade transitiva da Matemática.
Ao saber daquele rolo todo, o marechal Deodoro da Fonseca, compareceu ao mesmo terreiro visitado por Domitila de Castro e Canto e, depois de examinar como andava o Brasil republicano, ficou em dúvida se deveria, ou não, desproclamar a República. Foi convencido pela Marquesa de Santos a fazê-lo:
- Qual é, Marechal! Vamos nessa. No mais, é só deixar por minha conta, que eu curo a sua falta de ar. E de outras coisas. Não curei a epilepsia de Dom Pedro I? Perto de mim, ele sempre deu no couro, nunca escorregou no caroço do abacate.
Deodoro analisou a possibilidade de
desproclamar a República
DIZEM OS ESPÍRITAS que a Marquesa de Santos não conseguiu prevaricar com Deodoro, por que o “Marechal de Ferro”, Floriano Peixoto, o seu vice, ficou com ciúmes o obrigou  renunciar, mostrando-lhe a ponta de sua espada. 
De outra parte, a Federação dos Propineiros do Brasil a homenageou como a sua presidência de honra e o Papa Pio 12 lavrou a sua santificação. Afinal, ela era uma santinha, em ralação ao que a rapaziada presa pela Lava havia propinado na atual encarnação.
Passado um tempo, a Justiça do Brasil reviu a condenação ao Imperador e o perdoou. Domitila veio para a solenidade de recuperação do moral do amante. Depois, rolou uma festa, com ele tocando violino e músicas de sua autoria. Ao final de tudo, os dois foram saindo de cena, no terreiro espírita, abraçados, com Pedro I passando a mão na bunda dela.

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