Vasco

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sábado, 6 de abril de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - NOMEADO O "SAFADO" FOTÓGRAFO OFICIAL DO CÉU

O glorioso fotógrafo Gervásio Baptista sacaneou os amigos, ontem. A gente havia combinado rolar um forrobodó, em 2022, quando ele se tornaria um cara centenário. Aliás, “cenetenial, para ficar americanizado, com mais cartaz. Mas ele desistiu do trato e topou convite do “Homem Lá de Cima”, pra ser o “Embaixador dos Safados”, por aquelas plagas. Fazer o quê? Qui saka!
 Gervásio era sinônimo de alegria, sorriso, esculhambação. Quando a gente caçoava com ele, sorria, entrava mais fundo na sacanagem e dizia:
-Seu safado” - sempre!
 Ele era tão querido pelos colegas de trabalho que, quando roubaram o seu velho Corcel, fizemos uma vaquinha e compramos um outro carro, para presentea-lo. Saiu com esta:
- Não agradeço nada a vocês, mas ao ladrão que me livrou daquela lata velha. Pode?
 Gervásio fotografou de tudo. Guerra, paz, missas, misses, carnaval, futebol, chefes de Estado, o que pintou. Inclusive, a foto mais famosa do presidente Juscelino Kubitschek, levantando o chapéu, diante do Congresso Nacional e saudando o povo, durante a inauguração de Brasília, no 21 de abril de 1960 - usava a credencial nº 001 da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto. Também, foi dele a última foto do presidente eleito  Tancredo Neves, em março de 1985.
Para a Agência EBN, a última foto de Tancredo vivo...
Do governo Getúlio Vargas ao Dilma Rousseff, Gervásio  registrou o principal, tendo sido o “clicador” oficial do presidente José Sarney.
Quando botou os “calcanhas” fora do país, entre outros, fez imagens da queda do presidente argentino Domingos Perón-1955; da revolução cubana de Fidel Castro-1959; a guerra Estados Unidos x Vietnam-1963; a queda do presidente argentino Domingos Perón, concursos de 16 Miss Universo e sete Copas do Mundo.
Dos gramados da bola, gostava muito de trocar sacanagens com Pelé e com Sabará, este jogador do Vasco da Gama.      
 Baiano, de Salvador, ele começou a “vida artística”, como brincava, aos nove de idade. Aos 12, também, segundo ele, virou assistente do Departamento de Fotografia do  Estado da Bahia.
... e para Mancherte a mais
 emblemática do JK
- Pouco depois, o sujeito mais vivo que já vi, o doutor Chatô (Assis Chateaubriand), chefão dos Diários Associados, me levou para a revista O Cruzeiro. Tempos depois, o doutor Adolpho Bloch, o mais pão-duro dos pão-duro que conheci, me raptou para a Manchete. Fotografei toda a construção de Brasília, para onde eu não teria vindo, se soubesse que iria encontrar por aqui um sujeito tão safado como você - sacaneava.
 Quando o presidente George Bush (pai) veio a Brasília-1990, só acreditei porque vi: os grandes empresários da comunicação Roberto Marinho e Adolph Bloch atravessaram a rua em frente a residência do embaixador dos Estados Unidos, onde haveria um encontro com empresários brasileiros, para cumprimentarem Gervásio.
 Sempre brincando, ele virou-se para os dois homens e mandou:
- Quero apresentar aos senhores a maior bicha da Bahia, o meu amigo Gustavo Mariani.
 Os dois sorriram e o Doutor Bloch exclamou:
- Gervásio, sempre caçoando com a gente!
 Em uma outra oportunidade, pelo final do governos Sarney, houve comemoração do que não me lembro mais, no IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambientes, com as presenças do cantor e Gilberto Gil, das atrizes globais Maitê Proença e Lucélia Santos, e do grande ecologista da hora, Lutzenberger. Pelo final de tudo, quando eu acabava de gravar entrevista com o presidente Sarney, para a Voz do Brasil, Gervásio olhou para o homem, apontou pra mim e chutou:
- Presidente! Preciso de uma autorização do senhor, pro Mariani sair daqui.
Sarney, sabendo que viria sacanagem por ali, começou a esboçar um sorriso e não segurou:
- Mais uma das suas, né Gervásio? –, que sapecou:
- Presidente, aqui não é o IBAMA, que cuida dos bichos? Então, pra “viado” sair daqui, só com a sua autorização.
Era assim o “safado” do Gervásio Baptista, que os colegas apelidaram por “O Fotógrafo dos Presidentes”. Trabalhamos juntos, pela última vez, em 2014, no serviço de comunicação do STF-Supremo Tribunal Federal. Eu lhe dava carona, pelos inícios de noite, deixando-o na SQN 206. 

Com Jorge Amado, reproduzido do www.jornalolhodeaguia
Por aquela época, fiz uma música em sua homenagem – “Click”, gravada pela banda Escorpião, com arranjos do maestro Robespierre Simões – e marcamos um domingo para ele ouvir, em minha casa, juntamente com a sua mulher, que estava muito acostumada com as nossas sacanagens.
 O tema da canção era um fotógrafo clicando um modelo na passarela. Lá pelas tantas, rolando um churrasquinho e uma cervejinha, depois de ouvi-la, Gervásio sacou:
 - Pena que eu não trouxe a minha máquina (fotográfica), pra fotografar a Dona Maria (minha có-piloto) desfilando à beira da piscina – no que respondi
- Mas tem que ser pelada!
Pisquei um dos olhos pra mulher dele, que sorriu muito. Gervário, também, sorriu muito e exclamou o seu tradicional:
- Seu safado! Deixe eu fazer primeiro o testamento da “nêga véa”. E chame o rabecão!
Que figura! Deve estar sacaneando muito, agora,  a turma que foi primeiro, isto é, o ‘Time dos Safados”, do qual, por ora, não pretendo ser nem reserva do reserva.         


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