16 de junho de 1974 – Vasco da Gama 3 x 1 Internacional, no Maracanã, pela primeira fase do Campeonato Brasileiro. Lá pelas tantas do segundo tempo, o treindor Mário Travaglni tira o ponta-direita Jorginho Carvoeiro e o substituiu por um sujeito negro, alto e forte. “Que é este”?, indagou um tocedor vascaíno ao companheiro do lado. “Porra, mermão! O Roberto Dinamite faz três gols e você quer saber quem é um cara desengonçado que entrou em campo?, protestou o indagado.
O cara era Bill, que já havia entrado no
decorer de seis partidas e tapado buraco, na ponta-esquerda, em outras seis.
Ainda nem tivera a sua imagem fixada pela maioria da torcida cruzmaltina, pois,
até pouco tempo, ele era um lateral-direito do Itumbiara, do interior de Goiás,
e o soldado Faria no serviço militar, em 1971. Cansado de jogar bem e nunca ser
notado pela imprensa, ele decidiu trocar de posição. Virou ponta-de-lança.
Emplacou e foi o principal artilheiro do Campeonato Goiano-1972, com 10 gols,
desbancando Lincoln, do Goiás, e Pagheti, do Atlético-GO, os maiores
desempregadores de goleiros do Estado. Ganhou, como seu fanzaço, o prefeito de
Itumbiara, Modesto Carvalho, que achou que o lugar dele seria no Vasco da Gama,
ao lado de Roberto Dinamite.
31 de outubro de
1973 - O Vasco da Gama foi ao Estádio Serra Dourada, em Goiânia, enfrentar o
Goiás, pelo Campeoanto Brasileiro. A preliminar teve o time do Itumbiara esfriando o sol e o vigoroso Bill marcando dois gols. Modesto Cavalho não perdeu tempo. Após o jogo
vascaíno, procurou o superintendente do clube carioca, Armando Abreu, e fez
camanha para ele levar o Bill, que tinha 21 na idade. O cara o levou, mas o
garoto quase não ficou em São Januário, devido ao alto preço do seu passe. Só ficou porque o
clube goiano concordou em dividir valor em 10 prestações. Negócio foi fechado,
o Bill do apelido colocado pela avó estreou em Vasco da Gama 0 x 0 Coritiba, do
20 de janeiro de 1974, pelo Brasileirão, na casa do adversário. Depois, jogava
hoje, sentava-se no banco dos reservas, amanhã, deixando o prefeitão de
Itumbiara injuriado, apupando o técnico do Vasco, por não acreditar em seu
ídolo.
13 de outubro de 1974 – O prefeito de Itumbiara ouviu pelo rádio que o treinador Mário Travaglini estudava lançar Bill no ataque do time que pegaria o Botafogo, pelo segundo turno do Campeonato Carioca, pois não gostara do que vira em Vasco 0 x 0 Bonsucesso, da rodada anterior. Assinou um checão particular, mandou um sobrinho ao banco descontá-lo e, de lá mesmo, ir a Goiânia comprar passagem para ele ir ao Maracanã, no domingo. Foi, mas Bil não saiu jogando, como ele ouvira pelo rádio. Voltou a apupar o Travaglini, ainda mais quando o Botafogo fez 1 x 0, aos 12 minutos - o Vasco empatou, por gol contra, de Marinho Chagas.
Placar clicou comemoração de golaço contra o BotafogoO relógio do árbitro Walquir Pimentel caminhava para o final da contenda, quando Travaglini chamou o Bill para substituir o meia Ademir Silva, tentando dar mais agressividade ao seu ataque. Aos 39 minutos, ele doinou a bola, pela meia-direita, driblou quem o combateu e partiu para o gol, em velocidade que o time jamais demosntrara durante a partida. Só parou com a bola na rede: Vasco 2 x 1 e a imprensa carioca considerando o tento um dos mais bonitos da temporada.
O prefeito de
Itumbiara vibrou mais do que todos os que estavam do seu lado, na arquibancada
do Maracanã. Depois do jogo, procurou a direção do Vasco e foi ao vestiário
abraçar o seu ídolo Bill, a quem fez questão de oferecer um “bicho” pelo golaço
“Dinheiro do seu bolso dele, nada do contribuinte”. Pelo menos, foi a história
contado pelo Bil, quando defendeu o Gama, daqui do DF, em 1987.
Oswaldo Faria, o
Bil, mineiro, de Araguari, nasceu no 3 de abril de 1953 e ganhou mais um “l” no apelido, passando a Bill, no
Vasco da Gama. Esteve vascaíno de 1973 a 1975, ciganando, depois, por Goiânia-GO,
Inter-RS, América e Tampico-MEX, Los Angeles Aztecs-EUA, Goiás-GO, Vila
Nova-GO, Atlético-GO, Trze-PB, Serrano-BA, Gama, Goiatuba e América, de
Morrinhos-GO. Saiu desta vida, em 22 de setembro de 2002, atropelado por um
automóvel, em Aparecida de Goiás, após 12 temporadas do seu fim de linha como
atleta.
Chamado pelos
repórteres e narradores de rádio/TV cariocas por Búfalo Bill, foi apelidado, também, por Bilão Tumbiara. Media
1m75cm de altura e pesava, normalmente, 78 quilos. Em Goiânia foi apelidado de
“O Fio Maravilha de Goiás”. Lembraram que, em Itumbiara, a riva de um bezerro
só vendera quando deram ao bicho o seu nome, o mais poplar da cidade. No Vasco
da Gama, fez parte do grupo campeão da Taça Oscar Wright da Silva, válida pelo
segundo turno do Estadual-1974, e do Campeonato Brasileiro-1974.
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