Corria 1956, ainda não havia Pelé, e Garrincha começava a acontecer. Sabará era um dos atacantes mais famosos do país, quando a Seleção Brasileira fez a sua primeira excursão à Europa e o treinador Flávio Costa, evidentemente, o convocou para ser o seu ponta-direita. Tempinho depois, Marinês e Ivon Curi gravaram Pisa na Fulô. Em 1957, era Sabará partir com bola dominada para cima o adversário, e a torcida vascaína começava a cantar "Pisa na Fulô/Pisa na Fulô/Pisa na fulô /E não matrate o meu amor”... Como sofriam os marcadores Jordan (Flamengo), Altair (Fluminense), Hélio (América) e Nílton Santos (Botafogo)! Isso mesmo! Até o grande Nílton Santos, considerado o melhor lateral-esquerdo da história do futebol, caiu no remeleixo.
A fera Sabará enchia o saco dos marcadores- Disseram que eu levei um baile do Stanley Matteus – 09.05.1956 - em Brasil 2 x 4 Inglaterra, amistosamente, no estádio de Wembley, em Londres. Ponta-direita que me incomodava era só um: o Sabará, afirmou o “Enciclopédia”, a este colunista, durante entrevista para o Jornal de Brasília.
Embora tivesse ficado na história do futebol como lateral-esquerdo, Nílton Santos foi, algumas vezes, escalado como zagueiro de área, pelos treinadores Gentil Cardoso e João Saldanha. Assim aconteceu quando ele e Sabará travaram duelos de temporadas em que vascaínos e botafoguenses foram campeões cariocas – respectivamente: 30.11.1952, Vasco 1 x 0 Botafogo; 29.06.1956 – Vasco 0 x 0 Botafogo; 22.09.1957 – Vasco 2 x 2 Botafogo e 10.11.1957 – Vasco 3 x 0 Botafogo.
Sobre este último jogo, Nílton Santos contou-me: “O Vasco mandava um baile pra cima da gente. Lá pelas tantas, perto do final da partida, eu e o Sabará nos demos de testa. Ele parou a bola, a torcida vascaína começou a cantar o Pisa na Fulô e eu fui pa cima dele, com um dedo apontado para a sua cara, avisando: Pra cima de mim, não, seu filho da puta”. Sorrimos um para o outro, ele chutou a bola para a lateral e nos abraçamos. O Maracanã todo aplaudiu. Lance igual, só vivi muito tempo depois, quando levávamos uma goleada – 02.04.1963 – Santos 5 x 0 Botafogo , pela antiga Taça Brasil – e o Pelé tentou me aplicar uma chapéu”.
A temporada-1964 foi a última de Sabará e de Nílton Santos, respectivamente, como cruzmaltino e botafoguense. Onophre Anacleto de Souza, o Sabará, foi o terceiro futebolista a mais vezes vestir a camisa do Vasco da Gama, 576, marcando 165 gols, entre 1952 e 1964. Nílton dos Reis Santos defendeu a “Estrela Solitária”, de 1947 a 12 de dezembro de 1964, quando 88 mil torcedores pagaram pra conferir Botafogo 1 x 0 Flamengo, pelo Campeonato Carioca, no Maracanã. Atuou 723 pelo clube e marcou 11 gols. Naquele 1964, eles não se enfrentaram quando Vasco x Botafogo se cruzaram. Por ali, João do Vale fazia sucesso com “Carcrá”, na voz da baiana Maria Bethânia, mas gravado, primeiramene, poelo Trio Mossoró.
O fotógrafo Gervásio Batista, da carioca revista Manchete, contava que Sabará e Nílton Santos participaram de uma pelada de fim de ano, na Ilha do Governador e, ao sere, escalado no mesmo time, o ex-cruzmaltino sugerira:
- Mude de time, véi, pois quero lhe aplicar o ‘Drible Carcará”.
- Chega de invenção, niguin (ainda não havia o politicamete incorreto). Você já me encheu o saco demais com aquelas sacanagens de antigamente. Não tenho mais idade pra pisá na fulô e, mui menos, pra levar bicada de carcará, teria dito Nílton Santos.
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