Francisco de Souza Ferreira é o nome do apelidado Gradim, herdado de um atacante negro uruguaio que fez muito sucesso quando jogou por aqui. O Gradim brasileiro foi vascaíno, na década-1930, e treinador, nos anos-50. Em 1958, levou a “Turma da Colina” aos títulos do Torneio Rio-São Paulo, a maior competição nacional, entre as décadas-1930 e 1960, e do SuperSuperCampeonato Carioca.
Gradim era adorado pelos seus jogadores, por trabalhar no estilo “avozão”. Não gritava, não ameaçava, não xingava e nem colocava o dedo na cara deles. Era um amigão da rapaziada. Não tentava livrar-se das responsabilidades pelas derrotas e, depois das vitórias, atribuía o êxito ao time. Por isso, quando o Vasco vencia e um repórter pegava a palavra de um jogador, este falava, logo, do mérito do treinador.
Gradim era muito querido, também, pelo torcedor cruzmaltino. Uma prova é esta caricatura dele, enviada pelo leitor que assinou por Mendes e publicadas pela revista carioca “Manchete Esportiva”. Por uma página em que a semanário abria a chance de seus leitores demonstrarem o seu senso artístico, em vez de desenhar os astros da moda, um deles preferiu homenagea-lo. Antes de chegar ao Vasco da Gama, ele já era treinador há quase duas décadas.
Por sinal, ambos cumpriram “exílio” no futebol pernambucano, que pouca expressão tinham na década-1950. Barbosa já tinha voltado ao Rio de Janeiro e defendia o Bonsucesso, quando Gradim foi buscá-lo. E o “trítio”, como a rapaziada o chamava, barrou Ita, Humberto Torgado Miguel, jovens promessas vascaínas.
De sua parte, o Rubens da Colina jogou mais do que o consagrado e dispensado pelo rival Flamengo. De meia que atuava mais parado, no Vasco, com Gradim, passou a correr, a encharcar a camisas. E a encantar a torcida.
Outros dois jogadores que subiram mais com Gradim foram Vavá e Pinga. O primeiro passou a render o máximo do que podia-se tirar dele. Graças ao trabalho de Gradim, foi para a Seleção Brasileira e voltou da Suécia campeão do mundo, em 1958. Já o velho Pinga parecia ter virado um velho vinho. Gradim fazia quem sabia crescer.
Os grande mestres de Gradim foram Gentil Cardoso e Zezé Moreira. Ambos, em épocas bem distintas, passaram, também, por São Januário. O primeiro, levara a turma ao título carioca de 1952 e o segundo ao do Tornei Rio-São Paulo-1966, além de um quadrangular internacional-19654. Gradim dizia, ainda, ter aprendido muito com os treinadores húngaros e os russos.
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