Desde o Segundo Império (1840 a 1889), nos chegavam da Europa teorias
sobre a higienização corporal. Por ali, o brasileiro era tido por vindo de
séculos de inércia e preguiça. Bom motivo para os primeiros tempos da
República virem acompanhados por propostas incluindo melhorias dos nossos
meios de alimentação e de moradia, reforçada por ventos já assoprados na
década-1830 e que cobrava tornar a Educação Física obrigatória nas escolas
primária e secundária da então Corte dos Orleans e Bragança.
Grande sacada! Mas ela só chegou à Câmara dos Deputados em 1879, para
receber parecer favorável do que seria, hoje, o relator da peça (Ruy Barbosa),
em 1882. Gente de peso, como o Barão do Rio Branco, apoiava tais ideias
europeias e levava os filhos para caminhadas diárias, colocadas na conta da
ginástica para desenvolvimento do físico.
Mas, até o final do século 19, a Educação Física ainda era vista de
"revestré" pela maioria da população "brazuca",
incomodando médicos que gostariam de vê-la levada às crianças, principalmente.
Quem publicava algo sobre o tema o anunciava por revistas esportivas,
recomendando a professores e pais que ajudassem a “formar uma nação sadia e
forte”. Não dava, no entanto, para ser propagada em grandes
proporções, pois revistas esportivas na Corte só havia sobre o turfe, que fez
nascer a 'Vida Sportiva' e 'O Sport', entre outros que só viam corridas de
cavalo por esporte - "com torcedores torcendo só pelo seu dinheiro
apostado".
No
meio do rolo, os poucos clubes ginásticos que apareciam no Rio de
Janeiro, na verdade, eram, fachada para tentar enganar a polícia sobre jogos
proibidos. Por volta de 1894, as publicações turfísticas passaram a noticiar
esportes que pediam passagem, como o jogo da pelota, o remo e as corridas a pé,
e o crescimento deles levou círculos letrados, como o frequentado pelo poeta
Olavo Bilac, em 1907, a saudar os exercícios físicos, vendo-os caminhos
para nos salvar da degeneração física.
A leitura avançada da história da prática física e desportiva por
aqui leva a crer que o "primeiro desportista brasileiro" foi
um português: Dom Pedro I. Nascido no 12 de outubro de 1798, ele foi criado
pela ralé de aias e amas de leite, além de preceptores e mestres do
Palácio de Queluz, e pela avó louca, Dona Maria I. Medindo entre 1m64cm a
1m67cm, Dom Pedro exibia tórax e ombro largos, braço fortes e mãos grandes.
Gostava de nadar nas praias cariocas, para exercitar o corpo e, também, por
recomendação médica,
Não ficava só pela natação a "desportividade e a
exercitividade" do Pedro I. Ele praticava, ainda, escaladas de
montanhas (percussor do alpinismo brazuca) e cavalgadas. Era
cavaleiro tão intrépido e ousado que, pelas suas contas, chegara a levar 36
tombos dos cavalos. Mais: foi o percussor dos nossos pilotos de velocidade,
saindo à todas pelas ruas do Rio de Janeiro, pilotando carruagens a
quatro cavalos. Por causa dessa sua hiperatividade, a sua mulher, a Princesa
Leopoldina, beliscou, também, a inclusão do seu nome na história
desportiva brazuca, como primeira amazona e caçadora
desportiva.
Quem diria! Dom Pedro I, o nosso primeiro desportista! - quando se
atirava aos mares cariocas, nadava nu.
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