Vasco

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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

FERAS DA COLINA - GONZALEZ

O Vasco da década-1940 teve um jogador argentino que parecia ter nascido para viver caminhando sobre espinhos e saltando cercas de arame farpado. Chamava-se Gonzalez. Rolava direitinho a “maricota”, era um sujeito simpático, bom profissional, mas, vira e mexe, estava até merecendo roteiro de filme sobre renegados.
Quando Gonzalez vestiu a jaqueta cruzmaltina, toda a imprensa carioca, e torcedores, o consideraram uma grande aquisição da “Turma da Colina”. Em 1940, logo, ele encaixou-se em um ataque que formava com Lindo, ou Manuel Rocha, Alfredo I, Villadoniga, Gonzalez e Orlando Rosa Pinto. Em 1941, se segurou na mesma formação que, as vezes, tinha Manuel Rocha, Armandinho ou Alfredo II (não confundir com o Alfredo I) na ponta-direita. E pensava em vivera, para sempre, no Brasil, de tão bem que sentia-se na Colina.
Por aquele tempo, a maioria dos brasileiros nem sabia que a Argentina tinha por presidente da república um cidadão chamado Roberto Marcelino Ortiz. Por aqui, quem dava as cartas era o gaúcho Getúlio Dorneles Vargas, que perdera nas urnas, mas tomara o poder na marra, em 1930. Com 11 anos de bunda apregada na cadeira de chefe do Palácio do Catete, mais precisamente em 14 de abril, pelo decreto-lei 3199, o homem achou de regulamentar o esporte brasileiro. E acabou com farra dos gringos. Nada mais de número ilimitado de argentinos, e uruguaios, principalmente, nos times brasileiros. Como ainda não havia “Mercosur”, e nem Roberto Ortiz reclamou de nada, sobrou para o "hermano" Gonzalez.
EL TANGAZO - Entristecido, como um personagem de tango argentino, Gonzalez pediu ao presidente vascaíno, Cyro Aranha, para não mandá-lo embora. Queria caducar sendo um camisas preta vascaíno e vivendo no Rio de Janeiro. Mas a coisa estava freia para o seu lado. Além dele, o clube tinha mais quatro gringos, Manuel Rocha, Dacunto, Figliola e Villadoniga. Comovido, Cyro, no entanto, nem cogitou de pedir ao seu irmão Osvaldo, que era o ministro das relações exteriores, para “dar um jeitinho” de o Gonzalez ficar. Não seria o Vasco o primeiro a querer esculhambar o “Estado Novo” de Getúlio Vargas.
Cyro Aranha chamou o treinador Ondino Vieira, para saber quem mandaria embora. De cara, o gringão descartou Figliola, seu conterrâneo uruguaio e cabra de confiança, na zaga e fora dela. Da mesma forma, o argentino Dacunto, que dava um pau seguro lá atrás O cracaço Villadoniga, também seu patrício, nem pensar. Afinal, “El Architeto”, como o chamavam em Montevideu, vinha sendo o melhor cruzmaltino dos últimos dois anos. Sobrou para Manuel Rocha e Gonzalez.
TRIPLETA- Era a terceira vez que o meia argentino passava por aquela. Em 1939, mesmo tendo sido campeão carioca e o maior goleador do Flamengo na temporada, o presidente rubro-negro, Gustavo Adolpho de Carvalho, mandou-o embora, no ano seguinte. Gonzalez conseguiu emprego no Boca Juniors. Mas não lhe deram trabalho. Depois do Vasco, o Canto do Rio e o Botafogo ofereceram-lhe a chance de voltar a trabalhar no Brasil. Mas ele teria que esperar, pois os botafoguenses, os quais preferiu, já tinham Diaz e Hernandez. (foto reproduzida da revista "Esporte Ilustrado" Nº 207, de 26.03.1942). desprezado. Não por sua culpa, mas do destino. Poderia

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