Elas o amam, mas suas tentativas de parceria são poucas e sem o aporte financeiro das campanhas Disputar a presidência da república não tem sido um esporte predileto das mulheres brasileiras. Em 133 temporadas de visitas às urnas eleitoras – descontando-se o tempo em que elas eram proibidas de votar e mais 26 viradas de calendário do período ditatorial dos generais-presidentes -, nesta campanha da hora, pouquíssimas delas – o Brasil tem 19 mulheres para um homem – estão tentando presidir o país.Eleições presidenciais brazucas rolam desde 25 de fevereiro de 1891, quando um colégio eleitoral de senadores e deputados constituintes elegeu o marechal Deodoro da Fonseca, por 129 votos. Em 23 de novembro do mesmo 1891, ele renunciou e o também marechal e seu vice Floriano Peixoto o sucedeu no cargo, no mesmo dia, para ficar até novembro de 1894, data da primeira eleição direta no país e que elegeu Prudente José de Moraes e Barros presidente.
O direito de voto às mulheres veio com o presidente Getúlio Vargas, com o Decreto 21.076, de 1932, que criou a Justiça Eleitoral. Vale ressaltar,no entanto, que elas lutavam pelo direito de votar desde o Século 19.
A partir de 1989, quando o país tomou um “porre de democracia”, se candidataram a chefe da nação apenas 11 mulheres. Mas só uma chegou ao poder, a mineira Dilma Rousseff, pelo Partido dos Trabalhadores-PT, via o pleito de 2010, com 56,05% dos votos válidos. E reelegeu-se, em 2014, com 51,64% das preferências. Contudo, não completou o segundo mandato, caindo por conta der um impeachment que lhe cobrou irregularidades fiscais.
A primeira mulher brasileira a tentar ser presidente da república foi a advogada mineira Lívia Maria Lêdo Pio de Abreu (foto abaixo), pelo Partido Nacionalista-PN, em 1989. Recebeu 180 mil votos e, entre 21 candidatos masculinos, ficou em 16º lugar, com 0,26% dos votos, dispondo de 30 segundos no horário da propaganda eleitoral ela TV.
Fernando Collor (PRN%) venceu o pleito, em segundo turno, contra Luís Inácio Lula da Silva/PT. Por ordem decrescente de votos, ainda no primeiro turno, ficaram: Leonel Brizola (PDT), Paulo Maluf (PDS), Guilherme Afif (PL), Ulysses Guimarães (PMDB), Roberto Freire (PCB), Aureliano Chaves (PFL), Ronaldo Caiado (PSD), Affonso Neto (PTB), Enéas Carneiro (PRONA)m José Marronzinho (PSP), Paulo Gontijo (PP) e Zamir Teixeira (PC). Desses candidatos, Collor somou 32,47%, Lula 16.60% e Brizola 16,04%. Dos demais pontuados acima de Lívia, suas proporções de votos foram entre 11,19% (passando por 8,60%, 4,70%, 4,60%) a 1,10% – abaixo dela tiveram de 0,86% até 0,01%.
Nascida, em 28 de agosto de 1948, em Carangola-MG, Lívia, que já passou por PN (1985-1989), PSC (1990-1995); PHS (1995-2019) e, agora, está no PODEMOS. Em 2006, 2006, ela tentou ser deputada federal, pelo Distrito Federal e pelo Partido Humanista da Solidariedade, mas não se elegeu, Ela não se considera feminista, mas vê o machismo imperando nesse país. Mesmo assim, não acha candidata com proposta agregadora e programa desenvolvimentista.
Em 1989, ela recebeu a escolha do seu partido, com surpresa e a certeza de que eu não iria ao segundo turno, porque o seu partido não tinha recursos suficientes para fazer campanha mais agressiva. Antes disso, em 2013, ela tentou criar o Partido do Brasil Forte, baseado em ideias da Escola Superior de Guerra (das Forças Armadas), defendendo, entre outros, voto facultativo, ampliação e defesa dos direitos e deveres da mulher. Sobre Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil, esta não mereceu o seu voto, por considerá-la radical e intempestiva.
AS OUTRAS – Vejamos quem foram (e são) as demais mulheres em busca da presidência brasileira da república:
1 – Thereza Tinajero Ruize, em 1998, era administradora de empresas quando tornou-se a segunda mulher a querer ser a “Poderosa Chefona”. Filiou-se ao mesmo partido que lançara Lívia Abreu e, no primeiro turno, ficou em 10º lugar, com 166 mil votos (0,25% dos válidos).
2 – Ana Maria Teixeira Rangel, em 2006, era cientista política e quase não entrou na corrida eleitoral, por ter a sua candidatura impugnada pela sua sigla, o PRP-Partido Republicano Progressista, por ela ter denunciado corrupção interna, denunciando lhe terem sido pedidos R$ 14 milhões para o seu nome ser o escolhido pela legenda. Ficou em quinto lugar (primeiro turno), com 126 mil votos, ou 0,13% dos válidos.
3 – Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho, também, em 2006. Enfermeira e professora, chegou ao Senado, em 1989, com 374 mil votos, ou 22,53% dos válidos. Filiada ao PT, foi a primeira senadora mulher da República, representando Alagoas. Em 2004, foi uma das fundadoras do PSOL, que se uniu a PSTU e PCB para formar o que foi chamado por frente esquerdista para lançar sua candidatura nas eleições de 2006. No primeiro turno, ficou em terceiro lugar, com 6,5 milhões de votos (6,85% dos válidos).
4 – Marina Osmarina da Silva Vaz de Lima candidatou-se em 2010, 2014 e 2018. Primeiramente, pelo Partido Verde (PV) e ficou em terceiro lugar com mais de 19 milhões de votos (19,33% dos válidos). Sua segunda tentativa foi no pleito seguinte, substituindo Eduardo Campos (PSB), que havia sofrido acidente fatal. Era a vice da chapa, pelo PRB, repetiu a terceira posição, então com mais de 22 milhões de votos (21,32% dos válidos) Em 2018, concorreu pela Rede Sustentabilidade e ficou na 8º posição, com 1 milhão de votos (1% dos válidos). Antes de disputar a cadeira presidencial, ocupou vários cargos públicos. Foi vereadora, em Rio Branco-AC (1988), deputada estadual (1990), senadora (1995 e 2011) – o que, aos 36 anos, fez com que ela se tornasse a mais jovem senadora da história do país – e ministra do Meio Ambiente (2003 e 2008).
5 – Luciana Krebs Genro, em 2014, concorreu pelo partido que ajudou a fundar, o PSOL. Advogada, no primeiro turno, teve 1,6 milhão de votos (1,55% dos válidos), chegando ao quarto lugar. Antes de disputar a presidência, ocupou cargos políticos no Legislativo, foi deputada estadual (1994 e 1998) e federal (2002 e 2006).
6 – Dilma Vana Rousseff, em 2010 e 2014, economista, obteve 47 milhões de votos (46,91%) no primeiro turno de 2010. No segundo turno, levou 55 milhões (56,05%), o que a fez de primeira mulher presidente do Brasil – 36ª da história republicana brazuca -, com 41,59%) no primeiro turno e 50 milhões (51,64%) no segundo. Seu mandato foi cortado, em 2016, por impeachment, e acuação de ilegalidades fiscais.
7 – Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado tem 54 anos, é pernambucana, de Inajá, mas desde criança reside em Sergipe, onde empregou-se como socióloga pela Universidade Federal do Estado. Está na política desde 2004, tendo, antes, trabalhado como garçonete, datilógrafa e em uma indústria de calçados – onde aderiu ao movimento sindical. Em 1992, estava na criação do PSTU, surgido de dissidências no PT. Já foi candidata a prefeita, governadora e deputada federal.
8 – Simone Tebet é senadora pelo MDB e sua lançou a primeira candidatura feminina às eleições presidenciais. Ela tem sempre disputado eleições majaoritárias como “vice” de chapas encabeçadas por nomes mais competitivos. Filha do político Ramez Tebet (1936 – 2006), que foi senador e presidente do Senado (2001 e 2003), Simone tem 51 de idade e já foi deputada estadual, prefeita e vice-governadora em seu Estado, Mato Grosso do Sul. É casada com o deputado estadual Eduardo Rocha (MDB), com quem tem duas filhas.
9 – Soraya Thronicke, nascida na sul-mato-grossense Dourados, é senadora em primeiro mandato e presidente da União Brasil Mulher. Formada em Direito, com MBA em Direito Empresarial e pós-graduada em Direito Tributário e em Direito de Família e Sucessões, começou a atuar em político a partir movimentos de rua, em 2013. Disputou sua primeira eleição em 2018, pelo PSL-bolsonarista. Antes, era filiada ao Novo. Agora, foi anunciada como candidata à Presidência da República nas eleições de 2022 pelo União Brasil.
10 – Sofia Manzano, é paulistana e doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP). Aos 51 de idade, além de economista, é professora universitária na Bahia-Sudoeste. Iniciou à militância política pelo Partido Comunista Brasileiro, em 1989, mas só em 2013 passou a participar do movimento sindical de professores. Em 2014, disputou a vice-presidência, pelo PCB. Agora, quer chegar à presidência da república, para fazer reformas na Previdência, na Lei de Responsabilidade Fiscal e no teto de gastos governamental. Casada, toca piano e flauta e é mãe de um filho.
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