1 - Perto de inteirar duas décadas do final de sua carreira, o goleador Ademir Menezes dizia, em 1973, que, se ele jogasse o futebol setentista, não faria tantos gols como na fase em que defendeu o Vasco da Gama e a Seleção Brasileira. Via os novos sistemas táticos matando os artilheiros, devido o “encurtamento dos espaços vazios”, e previa que o gol só surgisse em jogadas coletiva, nunca da ação de um só atleta, em jogada individualm criativa.
Ademir não gostava de ver atacantes recuando
para proteger o meio-de-campo e nem de a força substituir o talento, a
improvisação. Decepcionava-se, tremendamente, com isso. Declarou à revista
Placar Nº 166, de 19 de maio de 1973: “O centroavante tnha a obrigação de fazer
muitos gols. O futebol era mais franco, com dois zagueiros, três homens na
linha intermédiaria e cinco atacantes. O Leônidas (da Silva) fez nove gols na
Copa do Mundo de 1938. Em 1950, a coisas mudou um pouquinho. Veio a diagonal do
(treinador) Flávio Costa dois latgerais presos, dois médios (apoiadores) soltos
no meio-de-campo e dois meias indo e vindo, de acordo com o lado da jogada....
A diagonal mantinha o futebol descontraído e o centroavante com mais espaço
para jogar”. No seu caso, para quem Flávio Costa criara a diagonal, Ademir
comentou: “Eu esperava por lançamentos longos (de Maneca e de Ipojucan, no
Vasco, e de Ziziho e de Jair Rosa Pinto, na Seleção Brasileira). Como eu tinha
velocidade, ganhava sempre (dos marcadores) na corrida. A marcação era pouco
móvel, cada um marcava o seu homem”.
REPRODUÇÃO DE CAPA DA REVISTA PLACAR
Eles dois foram os maiores centroavantes vascaínos
Embora tivesse se beneficiado muito da diagonal de Flávio Costa, o goleador Ademir Memezes apontou o sistema por “vulnerável”, a partir de quando o treinador uruguaio Ondio Viera (no Vasco da Gama) o madava cair para a direita nos jogos contra o Flamengo (de Flávio). “O lateral-direito deles (Biguá) jogava preso e quem sasía para me combater era o médio-esquerdo (Jaime de Almeida). Sobrava grande espaço, eu estava sempre livre para o pique”, explicou.
As dificuldades para marcar gols surgiram para
Ademir, como contou, entre 1950 e 1952, quando o Botafogo era treinado por Zezé
Moreira e trouxe o zagueiro Basso, da Argentina. “Ele era inteligente, com perfeita
colocação em campo. Não colava em mim, como os outros marcadores, e nem me
acompanhava quando eu procurava sair da área (atacada). Marcava a zona (de
ataque), pois sabia que, encostando-se em mim, poderia perder no pique. Então,
ganhava terreno obrigando-me a tentar o drible ou o passe para o lado” .
REPRODUÇÃO DA REVISTA O CRUZEIRO
Ademir marcando gol contra o Flamengo
Por aquele 1952, Ademir Menezes via defesas mais fortes e plantadas, menos espaço para os ataques e quase nenhum para os contra-ataques, além de um ponteirao já ajudado a defesa. Para ele, a fase 1958 a 1962 foi a melhor do futebol brasileiro. “Foi como ter filtrado tudo do passado e aproveitado só o positivo”, considerou, ao ver o Brasil jogando na Copa do Mundo da Suécia “com uma linha de quatro zagueiros, três meio-campistas e restabelecendo o centroavante, mas com este voltand, deslocando-see para as laterais e, também, jogando sem bola. Já a defesa fazia rodízio na cobertura, garantiondo segurança”, elogiou e considerou o pós-1958 como o “fim do centraovate estático”.
Ademir Menezesa disse, ainda, a Placar que a Copa de 1970 (no México)
foi a cristalização do ataque, sem um homem de área. Por exemplo, citou que
Pelé e Jairzinho fizeram mais gols e que sobraram oportunidades, também, para
os outros. Enfim, via o sacrifício do centroavante-cetroavante parte da evolução
do futebol.
2 - A DESPEDIDA DE ADEMIR
Entre as décadas 1940 e 1950, o atacante Ademir Marques de Menezes, em eleições de melhor jogador nacional, tinha mais votos do que qualquer presidente da república.Em meia página da edição de Nº 71, de 30 março de 1957, a revistas carioca Manchete Esportiva, definindo por “canto do cisne”, abordou o jogo de despedida do "Queixada", em “certo domingo de fevereiro” (não citou dia e nem ano), quando o matador “voltou a vestir a camisa 9 do bicampeão pernambucano” (Sport Club Recife), por exigência “dos desportistas do ‘Leão do Norte”, como é chamada a agremiação.
Ademir marcou 301 gols, em 429 jogos, durante 11 anos de futebol |
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