Atribui-se ao cronista/treinador Joõ Saldanha a frase dizendo que “se macumba ajudasse a vencer no futebol, o Campeoanto Baiano terminaria, sempre, empatado”. Pode não ser verdade, mas que rolam coisas esquisitas por ali, ah! isso rola! Por exemplo, a decisão do Estadual-BA de primeiro de agosto de 1971. Confira:
O Bahia estava há 64 partidas sem vencer o seu
naior rival, o Vitória, pela disputa estadual. Tentava acabar com o tabu e, de
quebra, ficar bi, para o que precisava só empatar.
Enquanto a sua moçada ainda estava pelo vestiário, um macumbeiro adentrou ao
gramado da Fonte Nova, portando uma gaiola que prendia uma pomba branca com uma de suas pernas tendo uma bandeirola com a tricolice do Bahia - vermelho, azul
e branco. Das altura da intermediária de um dos lados do campo, o carinha libertou a
ave que saiu voando, em curva, até se enoroscar com a rede das traves fincadas do
lado do Dique do Tororó. Assistindo ao voo que prendeu o fôlego de 84.785 torcedores pagantes
– 11º maior de jogos já disputados pelo Nordeste -, estava o motorista do Bahia, Esmeraldo, que empreendeu alucinada correria, desceu o túnel que ligava vestiários ao gamado e
foi interromper a preleção do treinador Jorge Vieira, gritando:
- Zé
Oto! Se você ganhar o cara ou coroa da moedinha escolha chutar pro lado do
Dique. É recado de pomba branca.
Jorge
Vieira, carioca que já havia sido campeão baiano, pelo Galícia, em 1968,
conhecia bem as manhas da terra e deixou o seu capitão Zé Oto, o mais chegado a
contatos com o além, dentre todos os jogadoes de futebol da Bahia, parar de
ouví-lo para responder ao motorista:
- Pode
deixar. Vamos atacar pra lá, pro gol da pomba branca.
E não deu outra. O Bahia ganhou o toss e seu goleiro Renato foi pra debaixo das traves do lado da Ladeira da Fonte das Pedras, que os locutores de rádio chamavam por “meta da entrada” (do estádio). O juiz Garibaldo Matos (nas horas vagas, ator de teatro) e seus bandeirinhas Clinamute Vieira França e Bartolomeu Lordelo tiraram do gramado todos os que não eram atletas, conferiram tudo e a pelota rolou, com o Vitória fazendo a saída de jogo. De início, ninguém colocava a cabeça fora d´água, todos muito cuidadosos, principlamente o Leão a Barrra, que não era campeão baiano desde 1965 e nem queria perder a maior cota da arrecadação de Cr$ 478 mil, 845 cruzeiros, a moeda da época.
Adílson faz pênalti em Adílson - reprodução a revista Grandes Clubes
Rolava, então, o pega, devagar, devagarinho,
quando, aos 13 minutos, o artilheiro do Tricolor de Aço, o terrível Carlinhos
Gonçalves, lançou o Adílson, que não tinha muitas possibilidades de sucesso no
lance, pois o goleiro Adílson Paredão e o veteraníssmo zagueiro Nelinho Canecão
estavam mais próximos da bola. Só que um
a deixou pro outro e o outro a deixou pro um, abrindo tempo para o
camisas 9 do rival chegar e um Adílson fazer pênalti no outro.
Encarregado a batida do penal, o ponta-esquerda
Arthurzinho (ex-Botafogo) pegou forte na pelota, imprimundo nela o mesmo voo
rasante da pomba branca rumo ao canto esquerdo defendido pelo goleiro Adílson
Paredão, que teve o seu muro derrubado e ouviu a galera rivalizante
gritar:
- Bahêa!
Bahêa! Bahêa!
Pelos
77 minutos restantes, o Bahia administgoru o seu bicaneco e aprontou um
migué, aos 38 do segundo tempo, quando o seu goleiro Renato trombou com o
André Catimba e este mandou-lhe uma porrada, gerando rebu que parou a pugna
por 10 minutos. Malandro, o Bahia tirou o seu time de campo, considerando-se
campeão e alegando ter entendido que o jogo terminara quando torcedores
invadiram o gramado. No meio daquele rolo todo, o governador da Bahia, Antônio
Carlos Magalhães, botou moral na casa, mandando o juiz reiniciar a partida.
Falou-se, também, que ele ordenara a expulsão (de campo) do centroavante André Catimba (Nilo, do Bahia, também, foi expulso), mas o Toninho Malvadeza jamais confirmou e nem desdmentiu isso – fato ficado no
folclore do futebol brasileiro. No mais, após a canecagem, a torcida do Bahia
fez carnaval até a Igreja do Senhor do Bomfim.
No jogo
da pomba branca esvoaçante o “Bahêa” teve: Renato; Aguiar, Zé Oto, Roberto
Rebouças e Sousinha; Amorim e Baiaco; Toninhoi (Nélson Cazumbá), Aílson,
Carlinhos e Arthurzinho (Nilo). Vitória: Adílson Paredão; Valtinho, Luís Carlos
Nelinho Canecão e França; Osvaldo (Juarez) e Ademir; Mário Sérgio, André
Catimba, Adãozinho e Ventilador (Kosilek).
Publicado, também, em HISTÓRIAS DA BOLA, do Jornal de Brasília. Link abaixo:
https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/historias-da-bola/o-campeao-da-macumba/
JBr de 06.08.2023 (domingo)
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