Vasco

Vasco

sábado, 20 de julho de 2013

GARRINCHA CRUZMALTINO

  Imagine Pelé vestindo a camisa do Corinthians; Tostão a do Atlético Mineiro; Zico a do Fluminense e Ademir da Guia a do São Paulo. Não dá, não é mesmo?  Imagine, então, Mané Garrincha envergando a jaqueta do Vasco, o maior algoz e um dos maiores rivais do Botafogo. Pois esta aconteceu.
 O camisa 7  a usou no mês 7, do ano 7 em um jogo de 7 gols. Garrincha estava em final de carreira e o Corinthians, dono do seu passe, tentava se livrar dele.  Era 20 de julho de 1967, quando o “Torto” até marcou um gol, de falta, aos 20 minutos do segundo tempo, em Vasco 6 x 1 Seleção de Cordeiro-RJ.
Esta história começa em 1947, quando um tio do Mané – Manoel Francisco dos Santos – com quem ele sentia-se mais a vontade do que ao lado do seu alagoano pai, pediu ao amigo Francisco Ferreira de Souza, o Gradim, treinador do Vasco da Gama, para experimentar o seu sobrinho, que andava perto dos 15 anos. Mas o garoto viu tantos outros com o seu mesmo sonho, esperando pela vez de rolar a bola, que terminou não tendo paciência para esperar. Desistiu e foi embora. Quatro anos se passaram. Então, Manoel dos Santos, nascido em 18 de outubro de 1933, resolveu voltar a São Januário, para uma nova tentativa. Só que não levou   chuteiras e nem o clube as tinha sobrando. Uma nova tentativa de entrar para a “Turma da Colina” falhava.
Veio a temporada-1967. Garrincha não conseguira repetir, como corintiano, o futebol que o fizera maior ponta-direita da história da bola, como comprovavam  dois gols em 13 jogos.  O clube paulista o cedeu ao Vasco e ele tentou a sorte, em São Januário, pela terceira vez. No entanto,  só treinava. Um dia, porém, o zagueiro Brito, o capitão do time, pediu aos cartolas para definirem o futuro do “Demônio das Pernas Tortas”.  Valeu o pedido. Arrumaram a situação do craque e marcaram a estréia dele para o jogo contra o Bangu, pela Taça Guanabara-1967. Mas não rolou. Antes, haveria um amistoso, contra a seleção municipal de Cordeiro-RJ, e Garrincha foi incluído no grupo que viajaria, mesmo tendo se machucado no treino da véspera.
 Mané tinha que jogar. E jogou no sacrifício, machucado. Agravou a contusão e por ali encerrou mais uma aventura cruzmaltina, que se reuniu ao 90 minutos. Para a torcida vascaína, pelo menos, por um jogo, Garrincha vestira a camisa do Vasco da Gama, como já o haviam feito Domingos da Guia, Fausto dos Santos, Leônidas da Silva, Zizinho e Pelé.
O jogo em que Garrincha foi cruzmaltino homenageou João Beliene, o então único sócio fundador do Vasco ainda vivo. Pela cota de NCr$ 600,00 (novos cruzeiros, a moeda da época), o clube enviou a Cordeiro um time mesclando reservas, como goleiro Edson Borracha e o atacante Bianchini, que haviam passado pela Seleção Brasileira, juntamente com juvenis e jogadores que vinham sendo testados pelo técnico Gentil Cardoso. Confir a ficha técnica, abaixo:
20.07.1967 - Vasco 6 x 1 Seleção de Cordeiro-RJ. Local: Cordeiro (RJ). Juiz: Vander Carvalho. Renda: NCr$ 2. mil 727 novos cruzeiros e 25 centavos. Gols: Bianchini, aos 15, aos 18 e aos 35, e Zezinho, aos 21 min do 1º tempo; Milano (Cor), aos 10; Garrincha , aos 20, e Valfrido, aos 35 minutos do 2º tempo. Vasco: Édson Borracha (Celso); Djalma, Ivan (Joel), Álvaro e Almir; Paulo Dias e Ésio; Garrincha, Bianchini (Sílvio), Zezinho (Valfrido) e Okada (William). Técnico: Gentil Cardoso– escrito pela história da bola há 47 temporadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário