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segunda-feira, 19 de setembro de 2022

O VENENO DO ESCORPIÃO. FERAS DA OFICINA RONCAM NA ASA NORTE-BSB

              Cena do filme com a participação do Puma vermelho GTI-1980                                                           

 Quem passsa, pela primeria vez, pelos fundos da 705 Norte, Bloco C, invariavelmente, pára e se deslumbras com dois carros Puma à entrada de uma oficina.Um na cor branca, modelo GTE-1978, e o outro vermelho GTI-1980. Para os apaixonados por automóveis, coisa de cinema. Principalmente, o segundo, que desfilou pelas telas do cinema nacional, soltando o ronco do seu motor pelo roteiro do filme Faroeste Caboclo, de 2013, produzido por Daniel filho e dirigido por René Sampaio, com  Fabrício Boliveira e Ísis Valvedr nos papéis principais.

 O Puma vermelhão, até virar astro do cinema, viveu uma história que bem poderia, também, virar filme. Vivia abvandonado pelo proprietário, debaixo de uma árvore, no Lago Sul, onde o seu proprietário dava mais atenção outros carros de sua coleção – Maverick, Galaxie, Opala, aquelas velharias. Era 2.010  quando o também apaixonado por carros Wiliam Bezerra da Silva o viu e propôs ao dono do Puma dar um destino melhor ao carro. Negocia daqui, dali, dacolá, até convencer ao homem a vencer-lhe o bólido.

 - Levei mais de 700 dias restaurando o Puma (o vermelhão). Praticamente, o desmontei todo. Troquei bancos, carpetes, etc, inclusive os quatro pneus. O que não consegui arrumar por aquela pegada inicial, por sorte encontrei, em uma loja da Disbrave, que dispunha de seus últimos itens Michelin V-12, conta William.

Carango encantou produtores de cinema que o levaram para tela 

 Já a histórias cinematógráfica do Puma “Vermelho Ferrari”, como William o apelidou, começou por inteiro acaso. A produção de Faroeste Caboclo o viu em uma reunião de colecionadores, no Parque da Cidade, e achou que ele seria o veículo ideal para o traficante João de Santo Cristo viver a aventura. William aceitou alugá-lo, por R$ 120 reais a diária e, por pouco não se tornou dublê de ator, pois Fabrício Boliveira tinha tremendas dificuldades para dirigí-lo. Foi preciso William tirar três dias de folga no trabalho para dar um jeito nas coisas do cinema nacional.

- As filmagens começaram, em abril de 2011,  no Jardim ABC - região que o brasilense conhece, também, por Tororó e que seria a Ceilândia dos inícios de 1970, sem asfalto e prédios, lembra William, que esteve presente à pré-estreia da película, em maio de 2013 – depois, houve o lançamento, no Rio de Janeiro.

Com as suas aulas de direção, William, com certeza, ajudou o ator Fabrício Boliveira a ganhar o prêmio de melhor ator do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro-2014. O filme teve 13 e venceu sete indicações para os demais prêmios. Ficou oito semanas em cartaz e trotalizou cerca de 1,5 milhão de espectadores.

Já o Puma GTE-1978 branco está com William há duas décadas. Pertencia a uma amiga - Cláudia, irmã da cantora Cássia Eller e que, também, participava de reuniões de colecionadores de carros antigos. Ele afirma que, até, não se interessoumuito pelo carro.


- A minha mulher foi quem ficou louca pelo modelo. E o jeito foi eu atacar. Mas a Cláudia não queria vendê-lo. Sobretudo poque o carrinho era o xodó das sua irmã - Cássia Eller - que, quando vinha a Brasília, só faltava morar dentro dele. Enchi tanto o saco dela e do marido que, para ela se livrar do meu constante pedido de compra, disse-me que me venderia por um preço altíssimo: R$ 6 mil reais, que eram, realmente, uma bela grana, na época – recorda-se o oficineiro. 

 O Puma branco não estava tão derrubado quanto o “Vermelho Ferrari”, quando William o comprou. Mas mandou ver, também, um trato no carango. Pegou umas manhas de pintura pelo Discoveri e fez os desenhos que hoje o auto tem.

O primeiro Puma GT foi fabricado em 1966. Entre 1967 e 1970 saíram 423 modelos da fabricação. Os dois de William contam com motor de quatro tempos, refrigerados a ar; quatro cilindros; quatro marchas à frente e a maracha à ré; tamanho 3.960 mm; largura 1.580mm; altura 1.160mm  e peso 640 kg. Ele só os usa para passeios de finais de semana. E onde os dois cacrros param (sai com um de cada vez) despertam grande curiosidade, principalmente de crianças de uns 12 de idade, em diante.

- Devem ter sido mais fotografados do que os atores do filme – brinca o  proprietário, para quem, os seus dois automóveis nunca terão preço.          

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