Vasco

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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

O VENENO DO ESCORPIÃO - INFELZMENTE!

      ADJETIVAÇÃO É A PALAVFA MAIS FALADA DO BRASIL DA HORA

Após o golpe militar de 1964, mais precisamente pelo final da década, a palavra da moda ficou sendo “infraestrutura”. Era raro o dia em que não se ouvia no programa estatal radiofônico A Voz do Brasil, e nas demais falanças que os militares colocavam em nossos ouvidos, aquela adjetivação zunindo.

Veio a década-1970, e entraram na moda as palavras “trilegal” - surgida no Rio Grande do Sul, após a conquista do tri mundial de futebol, pela Seleção Brasileira, durante a Copa do Mundo promovida pelo México – e “alienado”. A qualquer motivo, alguém denegria alguém, intelectualmente, se não fosse de esquerda.

A década-1980 trouxe para a onda o termo “tudo bem”, lançado pela juventude. Tudo estava tão “tudo bem” que o modismo linguístico levou uma revista paulista para jovens a criar o  personagem “Mister Tudo Bem”. Na verdade, não estava tudo bem, pois o país vivia momentos duríssimos da ditadura, os chamados “tempos de chumbo”, com denúncias de tortura e desaparecimentos de inimigos políticos.

O próximo termo da moda foi “véi”, lançado pela juventude brasiliense. Rolou muito, também, a introdução do pronome “tu”, muito  conjugado na Brasília das décadas-60/70 por piauienses, maranhenses e cearenses. Espantosamente, gaúchos, também, o falavam, mas sem tanta constância.

O século mudou de numeração e a primeira década-2.000 trouxe para o linguajar da hora o termo “show de bola”, criação de marqueteiros televisivos, quando a bola não ralava nenhum show pelos nossos gramados e com o escrete nacional há 22 Copas do Mundo sem passar a mão no caneco.

Próxima palavra usadíssima, após 2010? “Comunidade”, substituindo favela. Era preciso aumentar o grau de valor social do ambiente. .

Desembarcamos em 2022 e o que mais ouvimos? O adjetivo “infelizmente”. Chega a encher o saco. Em novelas da TV, programas esportivos, noticiários e conversas pelas ruas  o desnecessário termo toma conta do espaço. Desnecessário porque a adjetivação é uma antecipação da oração seguinte. Por exemplo: o motorista perdeu o controle do caro, bateu no poste e ficou com a frente do seu veículo destruída”. Por aí, o âncora do noticiário comenta: “Infelizmente!” Alguém diria “felizmente” pelo prejuízo que a batida deixara?   

 De onde vem tanta frequência no “infelizmente” da moda? Esta palavra muito pensada, falada e ouvida só pode ter duas vertentes: esses tempos de pandemia provocada pela Covid-19, a partir e 2020, a pior época, e do comportamento do Governo do presidente Jair Bolsonaro. Este classificou a Covid por “gripezinha”; fez o que pode para não importar a vacina; abriu campo para inescrupulosos tentarem enriquecer com a pandemia, tudo documentado pela Polícia Federal; indicou medicamentos que não serviam para nada; levou o terror ao Sistema Único de Saúde-SUS e por isso e outros itens mais contribuiu para mais de 700 mil brasileiros chegarem ao final de suas vidas.

Na pior fase do negacionismo,  o Brasil teve a pior atuação mundial no combate à pandemia; perdeu poder de negociação global; teve as suas fronteiras internacionais fechadas aos brasileiro e viu o mundo temoroso das variantes que por aqui surgiam, dentro do descaso sanitário do governo. 

 Se isso foi pouco, tivemos Bolsonaro castigando, financeiramente, as universidades que ele as rotulou “ninho de comunistas”, e atravancamento da cultura. Mais: denúncias de corrupção por conta de emendas secretas; altíssimas taxas de desempregos (14 milhões); salário mínimo cada vez mais mínimo; aumento da miséria e da fome; volta da inflação de dois dígitos  e completo descaso pela Amazônia, que encarou o seu pior índice de desmatamento, nas últimas 14 temporadas, apresentando 29% a mais de derrubadas de florestas só em 20221.

Pois é! O passaporte brazuca para o futuro, entre poucos, leva 76,3% de pessoas endividadas; precatórias devidos podendo atingir R$ 900 bilhões e passivo de R$ 140 bilhões. Só pode ser esta a razão de tanto se falar “infelizmente”, no momento -  infelizmente!

                    Publicado, também, noo  JBr de 08.08.2022 (segunda-feira)

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